Saúde estabelece ações para qualificar assistência à saúde da criança

14/10/2005

Avaliação divulgada pela Secretaria de Saúde de Campinas esta semana, quando se comemorou o Dia das Crianças, mostra que, nos últimos meses, com novas estratégias, o município está conseguindo avanços importantes na saúde infantil. A coordenação da Saúde da Criança reviu principais diretrizes e estabeleceu critérios de atendimento e de triagem que vão nortear ações das unidades de saúde e da rede como um todo com o objetivo de promover a saúde integral da criança e reduzir a mortalidade infantil.

"As estratégias reforçam o compromisso que Campinas tem com o Ministério da Saúde de, em parceria com os níveis estadual e federal, construir um pacto em prol da redução da mortalidade infantil e pela garantia de uma rede de assistência pública integral, qualificada e humanizada em benefício da criança brasileira", diz o pediatra Pedro Humberto Scavariello, Diretor Municipal de Saúde de Campinas.

Segundo a médica pediatra Maria Fernanda Costa Haddad, coordenadora municipal da Saúde da Criança, a Secretaria levou em conta as principais causas de doença e mortalidade infantil no município e estabeleceu como linhas de cuidados que devem ser priorizadas a promoção do nascimento saudável – que inclui o atendimento à saúde da mulher e pré-natal -, acompanhamento do recém-nascido – com ênfase para o bebê de risco -, acompanhamento do crescimento, desenvolvimento e vacinação, promoção do aleitamento materno e alimentação saudável – com atenção aos distúrbios nutricionais e anemias carenciais –, a abordagem das doenças respiratórias e infecciosas e a prevenção de acidentes, maus-tratos e violência.

"A atenção integral à saúde da mulher que deseja engravidar deve ser priorizada porque a mãe que tem saúde, que recebe cuidados no pré-natal e devida assistência no parto, tem condições de dar à luz a um bebê na forma mais adequada, com riscos de complicações menores, tanto para ela quanto para o bebê", diz Fernanda.

De acordo com a coordenadora, a principal causa de morte nas crianças menores de 1 ano em Campinas são as doenças originadas no período neonatal, responsáveis por 60,8% dos óbitos. Em relação às internações, nesta mesma faixa etária, as doenças do aparelho respiratório e as patologias originadas no período neonatal respondem por 39% e 33% das ocorrências, respectivamente.

Fernanda informa que a Secretaria reviu e melhorou o protocolo de atendimento para a criança menor de 1 ano com cuidados específicos para o recém-nascido, que deve passar por três atendimentos no primeiro mês de vida: o primeiro, domiciliar, pelo agente comunitário de saúde; o segundo, até o 14º dia de vida, com o pediatra; e o terceiro pela equipe de enfermagem. Após este período, a criança, em condições normais, precisa de uma consulta por mês. "No caso de recém-nascido de risco, o atendimento é diferenciado", diz.

Para os menores de 1 ano, entre os principais eixos de cuidado, estão também o incentivo ao aleitamento materno, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, a garantia da cobertura da vacinação, o combate à desnutrição e anemias e a atenção às doenças prevalentes com destaque para as diarréias, sífilis e rubéola congênitas, tétano neonatal, HIV/aids e doenças respiratórias e alérgicas. "No caso de algum problema específico, a criança será encaminhada para os Centros de Referência para a devida assistência", afirma.

Na faixa etária de 1 a 4 anos, as principais causas de morte na cidade são as doenças do aparelho respiratório e as causas externas – que inclui acidentes domésticos, afogamento, atropelamento e acidentes por arma de fogo, entre outros –, sendo que os dois motivos estão empatados em primeiro lugar com 25% cada um no total dos óbitos. Entre 5 e 9 anos, as causas externas lideram, com 53% dos óbitos, seguidas das doenças respiratórias, com 20%. E, na faixa dos 10 aos 14 e na dos 15 aos 19 anos, as causas externas respondem, respectivamente, por 70% e 87% das mortes.

Em relação às principais causas de internação, as doenças do aparelho respiratório e as do aparelho digestivo aparecem em todas as faixas de idade a partir de 1 ano de idade e até os 19 anos, com variação apenas no volume da casos.

Para a população com idades entre 1 a 4 anos de idade, as doenças do aparelho respiratório lideram, com 39%, seguidas das doenças do aparelho digestivo, com 15%, entre as principais causas de internação. Dos 5 aos 9 anos, as respiratórias são causa de 22% das internações e, as doenças do aparelho digestivo, de 18%, seguidas das internações por causas externas, com 12,5% do total.

Dos 10 aos 14 anos, as internações motivadas por causas externas passam na frente, com 16% das causas de internações, seguidas das doenças do aparelho digestivo, com 14,2% das internações, e das doenças respiratórias, com 8,8%. Neste momento, já aparecem as internações motivadas pela gravidez, parto e puerpério, com 6,6% dos registros.

A partir dos 14 e até 19 anos, 60% das internações são causadas pela gravidez, parto e puerpério, seguidas das motivadas por causas externas, com 8%, e das doenças respiratórias e do aparelho digestivo, com 3,5% e 3,7%.

Para estes públicos, a Secretaria de Saúde avançou com a implantação do protocolo para tratar a asma e a promoção de curso de capacitação sobre o tema para as equipes de saúde. Durante o curso, foram abordados itens como mobimortalidade, diagnóstico, tratamento, encaminhamento para referências e orientações para os pacientes.

Em relação às causas externas, Campinas implantou o sistema de notificação de violência (SISNOV), por meio do qual toda rede de serviços deve informar os casos de violência e maus-tratos contra a criança e adolescente. Segundo Fernanda, a notificação, que pode ser feita via internet, é de fundamental importância porque fornece informações para a construção de políticas de combate ao problema.

"Cabe às equipes de saúde terem olhar diferenciado e estarem atentas para reconhecer situações de risco nas famílias, além de verificar sinais e sintomas sugestivos de violência em todos os seus atendimentos e visitas domiciliares, considerando que a violência nem sempre aparece de forma clara. Para isto, a capacitação de profissionais é uma estratégia que estamos promovendo", diz Fernanda.

A coordenadora afirma, ainda, que, apesar de ser necessário avançar, o ano de 2005 prova que o governo municipal está disposto a promover um esforço concentrado na organização da assistência à população infantil, que contemple desde o primeiro atendimento até a atenção especializada aos casos mais graves. "Esse é o objetivo da Secretaria Municipal de Saúde e da coordenação da área da Saúde da Criança", diz Fernanda.

Denize Assis

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