Avaliação
divulgada pela Secretaria de Saúde de Campinas esta
semana, quando se comemorou o Dia das Crianças,
mostra que, nos últimos meses, com novas estratégias,
o município está conseguindo avanços importantes na
saúde infantil. A coordenação da Saúde da Criança
reviu principais diretrizes e estabeleceu critérios
de atendimento e de triagem que vão nortear ações
das unidades de saúde e da rede como um todo com o
objetivo de promover a saúde integral da criança e
reduzir a mortalidade infantil.
"As
estratégias reforçam o compromisso que Campinas tem
com o Ministério da Saúde de, em parceria com os níveis
estadual e federal, construir um pacto em prol da redução
da mortalidade infantil e pela garantia de uma rede de
assistência pública integral, qualificada e
humanizada em benefício da criança brasileira",
diz o pediatra Pedro Humberto Scavariello, Diretor
Municipal de Saúde de Campinas.
Segundo
a médica pediatra Maria Fernanda Costa Haddad,
coordenadora municipal da Saúde da Criança, a
Secretaria levou em conta as principais causas de doença
e mortalidade infantil no município e estabeleceu
como linhas de cuidados que devem ser priorizadas a
promoção do nascimento saudável – que inclui o
atendimento à saúde da mulher e pré-natal -,
acompanhamento do recém-nascido – com ênfase para
o bebê de risco -, acompanhamento do crescimento,
desenvolvimento e vacinação, promoção do
aleitamento materno e alimentação saudável – com
atenção aos distúrbios nutricionais e anemias
carenciais –, a abordagem das doenças respiratórias
e infecciosas e a prevenção de acidentes,
maus-tratos e violência.
"A
atenção integral à saúde da mulher que deseja
engravidar deve ser priorizada porque a mãe que tem
saúde, que recebe cuidados no pré-natal e devida
assistência no parto, tem condições de dar à luz a
um bebê na forma mais adequada, com riscos de
complicações menores, tanto para ela quanto para o
bebê", diz Fernanda.
De
acordo com a coordenadora, a principal causa de morte
nas crianças menores de 1 ano em Campinas são as
doenças originadas no período neonatal, responsáveis
por 60,8% dos óbitos. Em relação às internações,
nesta mesma faixa etária, as doenças do aparelho
respiratório e as patologias originadas no período
neonatal respondem por 39% e 33% das ocorrências,
respectivamente.
Fernanda
informa que a Secretaria reviu e melhorou o protocolo
de atendimento para a criança menor de 1 ano com
cuidados específicos para o recém-nascido, que deve
passar por três atendimentos no primeiro mês de
vida: o primeiro, domiciliar, pelo agente comunitário
de saúde; o segundo, até o 14º dia de vida, com o
pediatra; e o terceiro pela equipe de enfermagem. Após
este período, a criança, em condições normais,
precisa de uma consulta por mês. "No caso de recém-nascido
de risco, o atendimento é diferenciado", diz.
Para
os menores de 1 ano, entre os principais eixos de
cuidado, estão também o incentivo ao aleitamento
materno, o acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento, a garantia da cobertura da vacinação,
o combate à desnutrição e anemias e a atenção às
doenças prevalentes com destaque para as diarréias,
sífilis e rubéola congênitas, tétano neonatal,
HIV/aids e doenças respiratórias e alérgicas.
"No caso de algum problema específico, a criança
será encaminhada para os Centros de Referência para
a devida assistência", afirma.
Na
faixa etária de 1 a 4 anos, as principais causas de
morte na cidade são as doenças do aparelho respiratório
e as causas externas – que inclui acidentes domésticos,
afogamento, atropelamento e acidentes por arma de
fogo, entre outros –, sendo que os dois motivos estão
empatados em primeiro lugar com 25% cada um no total
dos óbitos. Entre 5 e 9 anos, as causas externas
lideram, com 53% dos óbitos, seguidas das doenças
respiratórias, com 20%. E, na faixa dos 10 aos 14 e
na dos 15 aos 19 anos, as causas externas respondem,
respectivamente, por 70% e 87% das mortes.
Em
relação às principais causas de internação, as
doenças do aparelho respiratório e as do aparelho
digestivo aparecem em todas as faixas de idade a
partir de 1 ano de idade e até os 19 anos, com variação
apenas no volume da casos.
Para
a população com idades entre 1 a 4 anos de idade, as
doenças do aparelho respiratório lideram, com 39%,
seguidas das doenças do aparelho digestivo, com 15%,
entre as principais causas de internação. Dos 5 aos
9 anos, as respiratórias são causa de 22% das
internações e, as doenças do aparelho digestivo, de
18%, seguidas das internações por causas externas,
com 12,5% do total.
Dos
10 aos 14 anos, as internações motivadas por causas
externas passam na frente, com 16% das causas de
internações, seguidas das doenças do aparelho
digestivo, com 14,2% das internações, e das doenças
respiratórias, com 8,8%. Neste momento, já aparecem
as internações motivadas pela gravidez, parto e
puerpério, com 6,6% dos registros.
A
partir dos 14 e até 19 anos, 60% das internações são
causadas pela gravidez, parto e puerpério, seguidas
das motivadas por causas externas, com 8%, e das doenças
respiratórias e do aparelho digestivo, com 3,5% e
3,7%.
Para
estes públicos, a Secretaria de Saúde avançou com a
implantação do protocolo para tratar a asma e a
promoção de curso de capacitação sobre o tema para
as equipes de saúde. Durante o curso, foram abordados
itens como mobimortalidade, diagnóstico, tratamento,
encaminhamento para referências e orientações para
os pacientes.
Em
relação às causas externas, Campinas implantou o
sistema de notificação de violência (SISNOV), por
meio do qual toda rede de serviços deve informar os
casos de violência e maus-tratos contra a criança e
adolescente. Segundo Fernanda, a notificação, que
pode ser feita via internet, é de fundamental importância
porque fornece informações para a construção de
políticas de combate ao problema.
"Cabe
às equipes de saúde terem olhar diferenciado e
estarem atentas para reconhecer situações de risco
nas famílias, além de verificar sinais e sintomas
sugestivos de violência em todos os seus atendimentos
e visitas domiciliares, considerando que a violência
nem sempre aparece de forma clara. Para isto, a
capacitação de profissionais é uma estratégia que
estamos promovendo", diz Fernanda.
A
coordenadora afirma, ainda, que, apesar de ser necessário
avançar, o ano de 2005 prova que o governo municipal
está disposto a promover um esforço concentrado na
organização da assistência à população infantil,
que contemple desde o primeiro atendimento até a atenção
especializada aos casos mais graves. "Esse é o
objetivo da Secretaria Municipal de Saúde e da
coordenação da área da Saúde da Criança",
diz Fernanda.
Denize
Assis