Campinas realiza campanha de combate à hanseníase

21/10/2005

A Secretaria de Saúde de Campinas realiza uma série de ações entre segunda-feira, 24 de outubro, e sexta-feira, 28, para marcar a semana da Campanha de Combate à Hanseníase que este ano adotou o tema Difícil falar, fácil curar. A campanha é estadual e a coordenação do Programa de Hanseníase do Estado de São Paulo/ Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) recomendou que todas as regionais de saúde integrem-se com as Secretarias Municipais de Saúde, com as equipes de nível local e com movimentos organizados da sociedade civil para informar a população em geral sobre a doença, bem como identificar e resolver as dificuldades que impedem a oferta de serviços de melhor qualidade.

Em Campinas, mais de 5 mil folhetos com informações sobre os sinais e sintomas da hanseníase vão ser distribuídos pelas unidades de saúde, centenas de cartazes vão estar fixados em locais de grande movimentação de pessoas e, além disso, a Secretaria vai convocar familiares e outras pessoas que conviveram com portadores da doença nos últimos 10 anos para exame. A expectativa é que pelo menos 850 pessoas passem por consulta.

"A informação da população sobre os sinais e sintomas da doença é importante para que as pessoas recorram ao serviço de saúde. Também é necessário uma estrita vigilância dos familiares dos portadores da doença para que possamos diagnosticar o mais precocemente possível outros casos. Este é o principal objetivo da campanha, além de ser uma oportunidade para refletirmos sobre nossas práticas e buscarmos estratégias específicas", diz o médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da Visa de Campinas.

Para preparar suas equipes para a Campanha, Campinas promoveu no início deste mês um seminário de atualização em hanseníase. O objetivo foi sensibilizar e atualizar os profissionais sobre a situação epidemiológica, diagnóstico, tratamento da doença, prevenção de seqüelas e diretrizes de controle para este agravo no município.

Prevalência. Atualmente, Campinas apresenta prevalência de 0,8 casos de hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes. Com relação ao diagnóstico, a cidade registrou, em 2004, 59 novos casos da doença. "Termos atingido a meta de prevalência de menos de um caso de hanseníase por 10 mil habitantes, conforme Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase do Ministério da Saúde, é muito positivo. Porém, se nós pensarmos que a prevalência de 1/10 mil numa cidade como Campinas significa cerca de 100 casos, eu diria que o trabalho precisa persistir nos próximos anos, até que tenhamos uma prevalência próxima de zero caso" afirma Freitas.

O sanitarista informa que a cidade avançou nos últimos anos na cura e prevenção da doença, com a descentralização do acompanhamento dos portadores de hanseníase para toda rede básica. No entanto, segundo Freitas, o município ainda tem como grande desafio ampliar a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnosticar os casos na fase inicial da doença e tratá-los com poliquimioterapia. "Nossos dados indicam que 10% das ocorrências são identificadas quando a pessoa já tem alguma seqüela, o que mostra que o momento do diagnóstico ainda é tardio", diz. Freitas informa que a hanseníase tem cura e pode ser tratada de maneira simples, no centro de saúde.

São Paulo. No Estado de São Paulo, a prevalência da hanseníase é de 0,44 doentes para 10 mil habitantes. O Estado ainda apresenta áreas onde os níveis endêmicos são considerados altos ao lado de áreas onde o silêncio epidemiólogico já existe há alguns anos.

Brasil. No Brasil, a prevalência da foi calculada como de 1,7 caso por 10 mil habitantes, ao final de 2004. Mas apesar de o País estar próximo de atingir a meta na média nacional, a distribuição da hanseníase não é homogênea no território nacional. A Amazônia Legal, mais os estados de Mato Grosso, Goiás, Pernambuco, Piauí e Bahia apresentam maior magnitude da doença e concentram, em 206 municípios considerados prioritários, 72,4% da carga da doença no país.

Saiba mais:

O que é a hanseníase:
Doença causada por uma bactéria - bacilo Mycobacterium leprae ou bacilo de hansen – que atinge a pele e alguns nervos do corpo. O tempo de incubação varia de três a cinco anos.

Como se pode contrair:
A transmissão se dá pelas vias aéreas superiores pelo contato direto e prolongado com uma pessoa doente, não tratada. Para desenvolver a doença, a pessoa deve aspirar uma grande quantidade de bacilos, situação que é favorecida quando há contato prolongado com o doente que não esteja em tratamento, que é o caso de contato familiar.

Como identificar os sinais da doença:
Manchas claras (esbranquiçadas) ou vermelhas e dormentes (que não coçam e não doem e são insensíveis ao calor e ao frio) na pele, em qualquer parte do corpo, podem ser consideradas suspeitas de hanseníase. Nesse caso é necessário procurar um centro de saúde.

O tratamento:
É feito com ingestão de comprimidos. É simples e é de graça em todos os centros de saúde. Não pode ser interrompido e a duração depende de cada paciente sendo que, na maioria das vezes, dura seis meses. Nas primeiras doses do medicamento, os bacilos deixam de infectar e, portanto, a doença deixa de ser transmitida.

Denize Assis

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