A
Secretaria de Saúde de Campinas realiza uma série de
ações entre segunda-feira, 24 de outubro, e
sexta-feira, 28, para marcar a semana da Campanha de
Combate à Hanseníase que este ano adotou o tema Difícil
falar, fácil curar. A campanha é estadual e a
coordenação do Programa de Hanseníase do Estado de
São Paulo/ Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE)
recomendou que todas as regionais de saúde
integrem-se com as Secretarias Municipais de Saúde,
com as equipes de nível local e com movimentos
organizados da sociedade civil para informar a população
em geral sobre a doença, bem como identificar e
resolver as dificuldades que impedem a oferta de serviços
de melhor qualidade.
Em
Campinas, mais de 5 mil folhetos com informações
sobre os sinais e sintomas da hanseníase vão ser
distribuídos pelas unidades de saúde, centenas de
cartazes vão estar fixados em locais de grande
movimentação de pessoas e, além disso, a Secretaria
vai convocar familiares e outras pessoas que
conviveram com portadores da doença nos últimos 10
anos para exame. A expectativa é que pelo menos 850
pessoas passem por consulta.
"A
informação da população sobre os sinais e sintomas
da doença é importante para que as pessoas recorram
ao serviço de saúde. Também é necessário uma
estrita vigilância dos familiares dos portadores da
doença para que possamos diagnosticar o mais
precocemente possível outros casos. Este é o
principal objetivo da campanha, além de ser uma
oportunidade para refletirmos sobre nossas práticas e
buscarmos estratégias específicas", diz o médico
sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da Visa
de Campinas.
Para
preparar suas equipes para a Campanha, Campinas
promoveu no início deste mês um seminário de
atualização em hanseníase. O objetivo foi
sensibilizar e atualizar os profissionais sobre a
situação epidemiológica, diagnóstico, tratamento
da doença, prevenção de seqüelas e diretrizes de
controle para este agravo no município.
Prevalência.
Atualmente, Campinas apresenta prevalência de 0,8
casos de hanseníase para cada grupo de 10 mil
habitantes. Com relação ao diagnóstico, a cidade
registrou, em 2004, 59 novos casos da doença.
"Termos atingido a meta de prevalência de menos
de um caso de hanseníase por 10 mil habitantes,
conforme Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase
do Ministério da Saúde, é muito positivo. Porém,
se nós pensarmos que a prevalência de 1/10 mil numa
cidade como Campinas significa cerca de 100 casos, eu
diria que o trabalho precisa persistir nos próximos
anos, até que tenhamos uma prevalência próxima de
zero caso" afirma Freitas.
O sanitarista informa que a cidade avançou nos últimos
anos na cura e prevenção da doença, com a
descentralização do acompanhamento dos portadores de
hanseníase para toda rede básica. No entanto,
segundo Freitas, o município ainda tem como grande
desafio ampliar a capacidade do Sistema Único de Saúde
(SUS) para diagnosticar os casos na fase inicial da
doença e tratá-los com poliquimioterapia.
"Nossos dados indicam que 10% das ocorrências são
identificadas quando a pessoa já tem alguma seqüela,
o que mostra que o momento do diagnóstico ainda é
tardio", diz. Freitas informa que a hanseníase
tem cura e pode ser tratada de maneira simples, no
centro de saúde.
São
Paulo.
No Estado de São Paulo, a prevalência da hanseníase
é de 0,44 doentes para 10 mil habitantes. O Estado
ainda apresenta áreas onde os níveis endêmicos são
considerados altos ao lado de áreas onde o silêncio
epidemiólogico já existe há alguns anos.
Brasil.
No Brasil, a prevalência da foi calculada como de 1,7
caso por 10 mil habitantes, ao final de 2004. Mas
apesar de o País estar próximo de atingir a meta na
média nacional, a distribuição da hanseníase não
é homogênea no território nacional. A Amazônia
Legal, mais os estados de Mato Grosso, Goiás,
Pernambuco, Piauí e Bahia apresentam maior magnitude
da doença e concentram, em 206 municípios
considerados prioritários, 72,4% da carga da doença
no país.
Saiba
mais:
O
que é a hanseníase:
Doença causada por uma bactéria - bacilo Mycobacterium
leprae ou bacilo de hansen – que atinge a pele e
alguns nervos do corpo. O tempo de incubação varia
de três a cinco anos.
Como se pode contrair:
A transmissão se dá pelas vias aéreas superiores
pelo contato direto e prolongado com uma pessoa
doente, não tratada. Para desenvolver a doença, a
pessoa deve aspirar uma grande quantidade de bacilos,
situação que é favorecida quando há contato
prolongado com o doente que não esteja em tratamento,
que é o caso de contato familiar.
Como identificar os sinais da doença:
Manchas claras (esbranquiçadas) ou vermelhas e
dormentes (que não coçam e não doem e são insensíveis
ao calor e ao frio) na pele, em qualquer parte do
corpo, podem ser consideradas suspeitas de hanseníase.
Nesse caso é necessário procurar um centro de saúde.
O tratamento:
É feito com ingestão de comprimidos. É simples e é
de graça em todos os centros de saúde. Não pode ser
interrompido e a duração depende de cada paciente
sendo que, na maioria das vezes, dura seis meses. Nas
primeiras doses do medicamento, os bacilos deixam de
infectar e, portanto, a doença deixa de ser
transmitida.
Denize
Assis