Autor: Denize Assis
A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio das equipes do Centro de Controle de Zoonoses
(CCZ), da Vigilância em Saúde (Visa) Norte e do Centro de Saúde (CS) de Barão Geraldo, iniciou nesta terça-feira, dia 2 de outubro, bloqueio contra a raiva animal na Cidade Universitária 1, numa área onde foi confirmado um caso da doença em morcego insetívoro – que se alimenta de insetos.
A Cidade Universitária 1 fica na região norte da cidade onde, somente este ano, foram
confirmados cinco casos de raiva em morcego. Em toda cidade, desde janeiro, já são oito casos.
Em 2006 foram nove e, em 2005, cinco. Os exames de casos suspeitos de raiva são realizados pelo
Laboratório do Instituto Pasteur.
O bloqueio inclui vacinação de cães e gatos nos domicílios ao redor do local onde foi detectado
o caso e atividades de educação em saúde com a população. Neste primeiro dia de bloqueio foram
visitados 700 imóveis, onde as equipes detectaram uma população de 134 cães e 45 gatos sem
vacina contra a raiva no segundo semestre de 2007. Estes animais vão receber a vacina amanhã,
dia 3 de outubro.
Segundo o Centro de Controle de Zoonoses, as ações de bloqueio, indicadas pelo Instituto Pasteur,
são desencadeadas sempre que é confirmado um caso de raiva. “É uma medida preventiva, para evitar
casos oriundos deste registro”, diz a médica veterinária Tosca de Lucca Benini, da Visa Norte.
Tosca informa que, em relação às ações de educação em saúde, informação e mobilização social, a
principal mensagem a ser divulgada é que qualquer morcego encontrado caído no chão, vivo ou
morto, é suspeito de raiva e não deve ser tocado.
“As pessoas nunca devem colocar a mão em morcego. O correto é entrar em contato com o Centro de
Controle de Zoonoses ou o Centro de Saúde para se orientar sobre o procedimento adequado. Não
deve haver nem mesmo contato indireto”, afirma.
Além disso, de acordo com Tosca, a comunidade será informada sobre a importância de manter gatos
e cães vacinados, uma vez que, se estes animais não estiverem protegidos, aumenta muito o risco
de serem registrados casos em animais e em humanos.
“A transmissão pode ocorrer diretamente do morcego para o ser humano, do morcego para o animal e
do animal infectado para o homem”, diz. Segundo o Instituto Pasteur, no Brasil, em espaços
urbanos, o principal transmissor da raiva para o homem é o cão, seguido do gato. Em espaços
rurais é o morcego.
Tosca informa ainda que, no caso do Distrito de Barão Geraldo – onde se localiza a Cidade
Universitária 1 -, devido às características ambientais, existem outros mamíferos silvestres
transitando na área e que são passíveis de entrar na cadeia da raiva. “Logo, nossa orientação
é para que as pessoas evitem contato com mamíferos silvestres”, afirma.
Saiba mais. A raiva é uma doença que atinge todos os mamíferos, inclusive humanos. Em todos os
casos, sem exceção, após manifestar os sintomas, a doença evolui para a morte. Mas embora não
tenha cura, há maneiras de prevenção e uma das formas é a vacinação de cães e gatos, que são os
principais transmissores da doença para o homem no meio urbano. Estes animais podem manter
contato com outro mamífero doente, como o morcego, se infectar e transmitir a doença para o
homem. Por isso, é importante manter estes animais vacinados contra a doença.
“Com a vacinação de gatos e cães, estamos indiretamente protegendo a população humana. Por isso,
além das ações de prevenção e controle desencadeadas pela Prefeitura por meio da Secretaria de
Saúde - como os bloqueios realizados em Barão Geraldo -, cada cidadão também deve fazer sua
parte e levar seus animais todos os anos para tomar a dose nas campanhas de vacinação promovidas
pela Prefeitura”, explica o médico veterinário sanitarista Antonio Carlos Coelho Figueiredo,
coordenador do CCZ de Campinas.
Carlos informa que, além do caso positivo da Cidade Universitária 1, um outro morcego não
hematófago (morcego frugívoro) encontrado no Bosque dos Guarantãs, na abrangência do Centro
de Saúde Figueira, região sul, foi confirmado como positivo de raiva esta semana. A equipe do
CCZ está avaliando as ações a serem desencadeadas no local.
“Estamos planejando ação de educação em saúde e avaliando a necessidade de outras, como a
vacinação, já que a cobertura vacinal durante a Campanha contra a Raiva neste ano na área do
Figueira foi boa e considerando que no local não existem animais silvestres em cativeiro”,
afirma Antonio Carlos Figueiredo.