Autor: Denize Assis
A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio do Centro de Saúde Vila Rica, da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) e da Vigilância em Saúde (Visa) Sul, com apoio do Centro de Controle de Zoonoses, da Secretaria de Infra-estrutura, da Administração Regional (AR) 6, do Departamento de Parques e Jardins e da Guarda Municipal, removeu 55 toneladas de resíduos de uma única residência no Jardim do Lago, região sul da cidade.
A operação começou na sexta-feira, dia 5, e terminou hoje, dia 10 de outubro. Mais de 30 pessoas atuaram no local. Foram feitas 12 viagens de caminhão para levar o material para o aterro sanitário. Uma pá-carregadeira também foi utilizada.
O imóvel, na rua dr. Manoel Alexandre M. Machado, 734, está inacabado e foi invadido por um casal que passou a acumular, nos últimos seis meses, móveis velhos, latas, garrafas, potes, caixas, materiais orgânicos, roupas velhas, restos de telhas, plásticos, papéis e outros tipos de entulhos. Cães e gatos eram criados neste ambiente.
A condição inadequada transformou o local em um ponto de risco para a saúde pública por conter criadouros de mosquito da dengue e abrigos de ratos, baratas, escorpiões, aranhas, cobras, carrapatos, caramujos e outros. A vizinhança se sentia muito incomodada e prejudicada com o risco e com o mau-cheiro.
Anterior à ação desencadeada na última semana, outras tentativas de resolver o problema foram planejadas, mas os moradores se recusaram a desfazer dos materiais. Diante das negativas, o Centro de Saúde Vila Rica e a Visa Sul foram em busca do proprietário do imóvel, mobilizaram a equipe de apoiadores de saúde mental do Distrito de Saúde Sul, tornaram a insistir com os moradores sobre a importância da limpeza e inclusive pensaram na possibilidade de remoção dos entulhos por meio de ação judicial, o que acabou não sendo necessário, já que o dono do imóvel foi localizado e autorizou a ação.
“O trabalho de identificação do caso e de buscar solucionar da melhor maneira o problema, pensando nos moradores como atores do processo, como pessoas que pudessem se beneficiar da ação e considerando a autonomia do cidadão foi desencadeado pelos agentes comunitários de saúde do CS Vila Rica. Portanto, gostaria de ressaltar a importância destes profissionais em todo o processo. Eles, inclusive, foram em busca de abrigo e elaboraram a proposta de assistência à saúde para este casal”, disse a terapeuta ocupacional Márcia Lutaif Madeira, coordenadora do CS Vila Rica.
Segundo o supervisor de controle ambiental da Visa Sul, Jeovani Alves Santos, que acompanhou toda a ação, o trabalho não termina com a remoção dos resíduos. “Conscientizamos a proprietária sobre a necessidade de reestruturar o imóvel para evitar outras invasões e outras situações de danos à saúde pública. Além disso, agora, o Centro de Controle de Zoonoses vai avaliar a necessidade de medidas complementares para o local”, disse.
Segundo Jeovani, casos como este, de pessoas que têm o comportamento de acumular coisas, não são incomuns. “Na rotina do nosso trabalho encontramos muitas situações semelhantes. Solicitamos à população que comunique ao centro de saúde mais próximo ou à vigilância em saúde este tipo de ocorrência, não como uma postura de denúncia, mas entendendo que são pessoas que precisam de ajuda, de assistência à saúde. Os vizinhos devem comunicar as autoridades sanitárias, não só considerando o caso como eventual risco à saúde pública, mas até para que possamos promover ações para melhorar as condições de vida destes cidadãos. Nossa ação vai muito além da remoção de entulhos”, afirmou.