Autor: Denize Assis
Um público de mais de 160 pessoas representantes de todos os setores da sociedade civil lotou nesta quinta-feira de manhã a Sala Azul do 4º andar da Prefeitura de Campinas durante a cerimônia oficial que lançou a Campanha de Mobilização Social: Campinas contra a Dengue. O lançamento foi feito pelo Prefeito Municipal, Hélio de Oliveira Santos, e pelo Secretário Municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.
A iniciativa antecipa as ações de combate que são realizadas no período crítico da doença, que é a época de calor e chuvas. Além disso, é uma resposta à convocação do Ministério da Saúde, feita na última terça-feira, dia 16 de outubro, durante lançamento da Campanha Nacional de Mobilização contra a Dengue, para que os municípios se envolvam no controle da doença.
O objetivo da Campanha Campinas contra a Dengue é envolver toda a comunidade no combate à doença e estimular cada cidadão a eliminar os locais de água parada, onde o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, se multiplica.
“É importante associar cada setor da sociedade na luta contra a dengue. Cada segmento pode colaborar, se tornando um co-partícipe neste embate. O poder público está intensificando seus trabalhos no combate à doença. Mas isto não basta. É preciso que a comunidade compartilhe e isto significa envolver cada cidadão, seu vizinho, seu colega de quarteirão, seu amigo do clube, da escola, além das igrejas, universidades, Organizações Não-Governamentais (ONGs), conselhos, fundações, associações, empresas, entidades de classe, lideranças de bairro e outros. Neste processo, a participação da imprensa é fundamental”, disse dr. Hélio.
O prefeito afirmou que é preciso um pacto social em prol da prevenção da dengue, um pacto em favor da vida. Ele informou que o Poder Público municipal vai se empenhar ao máximo, inclusive ampliando investimentos e buscando recursos junto ao Estado e à União. No total, a Prefeitura prevê investir R$ 6 milhões em ações de combate à dengue nos próximos meses.
Durante o lançamento, o secretário de Saúde, fez uma apresentação sobre a situação da dengue em Campinas, contextualizou a epidemia mostrando que a dengue atinge mais de 100 países no mundo e comparando o cenário atual de Campinas com o do Brasil e do Estado de São Paulo, onde pelo menos 75% dos municípios estão infestados pelo mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus da dengue.
Situação epidemiológica. Em 2002, os casos de dengue atingiram a soma de 794 mil pessoas infectadas no País. O número caiu para 345 mil no ano passado. Mas, nos nove primeiros meses deste ano, o Brasil registrou mais de 480 mil casos de dengue, sendo 1.076 da forma hemorrágica com 121 óbitos.
No Estado de São Paulo, atingido este ano pela maior epidemia de toda sua história, foram 39 mil casos em 2002, 50 mil em 2006 e, este ano, já foram registrados mais de 64,9 mil. Do total de 2007, 59 são hemorrágicos, entre os quais 16 pacientes morreram.
Em Campinas, em 2002, 1.487 pessoas adoeceram de dengue. Este ano, o município registrou mais de 4,7 mil casos da doença – casos confirmados laboratorialmente. Deste total, 13 são da forma hemorrágica. Uma pessoa morreu.
“A dengue é um problema sério e mata. O quadro deste ano no Brasil, no Estado e em Campinas não é bom e estamos antecipando a campanha para a época que antecede o verão e o período das chuvas, quando o mosquito se prolifera mais rapidamente. Portanto, temos tempo para a prevenção, mas os resultados dependem da participação de todos os segmentos da sociedade. Portanto, peço a comunhão de todos, a divisão de responsabilidades, uma forte mobilização para que possamos formar um verdadeiro exército no combate à dengue”, afirmou o secretário municipal de Saúde.
Segundo ele, a campanha de mobilização social começa agora, com a convocação de toda sociedade campineira para se engajar na luta contra a doença. Com o objetivo de informar e sensibilizar a população para a questão, a Prefeitura também vai lançar uma campanha publicitária em rádios e televisões e outros veículos de comunicação. Também serão distribuídos cartazes e folhetos e estão sendo finalizadas parcerias com a iniciativa privada.
Ofensiva reforçada. Além da grande mobilização social, a partir de segunda-feira, a Secretaria de Saúde vai intensificar as ações de campo com a participação de 43 profissionais da Superintendência do Controle de Endemias (Sucen) e o reforço do contingente da própria Secretaria de Saúde para atuar nos locais de maior risco para a dengue. A equipe da Sucen vai desenvolver uma operação pente-fino no Jardim São Domingos, na região sul da cidade.
A Prefeitura também está constituindo uma força-tarefa para atuar para dentro da Administração, priorizando todas as demandas relacionadas à dengue. Na prática o trabalho será da seguinte maneira: em cada secretaria ou autarquia ou departamento, haverá servidores responsáveis para, diante de uma demanda de dengue, priorizar o assunto e encaminhar, agilizando a resolução do problema. A constituição desta força-tarefa está sendo formatada pela assessoria de Assuntos Jurídicos da Secretaria de Saúde.
Por meio da Comissão Municipal de Controle de Endemias e Epidemias, a Prefeitura vai desencadear trabalhos específicos com sucateiros, em imóveis especiais e nas áreas mapeadas como de risco para a dengue.
Nos dias 25 e 26 de outubro, a Secretaria de Saúde vai promover uma oficina de dengue com todas as equipes da rede pública municipal de saúde para rever as diretrizes do Programa Municipal de Controle da Dengue, tendo como base o mapa de risco que está em fase final de elaboração pela equipe técnica da Covisa.
Prevenção. A prevenção é a melhor forma de combater a doença. Esvaziar garrafas, não estocar pneus em áreas descobertas, não acumular água em lajes ou calhas, colocar areia nos vasos de planta e cobrir bem tonéis e caixas d’água são algumas iniciativas básicas. Todo local de água parada deve ser eliminado, pois é lá que o mosquito transmissor coloca os seus ovos.
No mês de julho, o Ministério da Saúde encomendou uma pesquisa que revelou que 91% dos entrevistados se sentem informados sobre como a dengue é transmitida. Assim, a Secretaria de Saúde, por meio da campanha, espera estimular que o combate à doença se torne um hábito e faça parte de uma rotina diária da população.