Ação integrada da Prefeitura reforça prevenção a dengue

18/10/2010

Autor: Denize Assis e Marco Aurélio Capitão

A Prefeitura de Campinas vai promover um trabalho integrado entre diversas Secretarias Municipais para intensificar o combate a dengue em todas as regiões da cidade. A iniciativa antecede o período de calor e chuvas, quando o risco de transmissão da doença é maior.

Segundo o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, este é o momento de atuar na prevenção da doença. “Nosso objetivo é promover ações agressivas que, seguramente, podem evitar uma epidemia em 2011”, explicou o secretário de Saúde.

José Francisco Saraiva adiantou que o compromisso e o envolvimento de cada secretaria são fundamentais para que as ações estratégicas sejam harmônicas e devidamente competentes.

Ele deu o exemplo da Secretaria de Educação que deverá envolver alunos e professores em ações de orientação sobre a importância da erradicação dos criadouros do Aedes aegypti. A Sanasa, segundo o secretário, cuidará de fazer a ligação de água em locais sem abastecimento e averiguar caixas d’água e outros reservatórios.

Já as de Parque e Jardins, Serviços Públicos e Meio Ambiente, vão reforçar o trabalho de limpeza em parques e praças, retirada de entulhos e arrastões de criadouros e organização da cidade. Todos serão envolvidos, o 156, a Secretaria de Recursos Humanos mobilizando servidores, a Emdec com ações de informação para passageiros e de prevenção nos páteos, o Departamento de Comunicação, o Decom, tem papel fundamental na questão de educação e mobilização social, a Secretaria de Negócios Jurídicos, nas questões que exijam intervenção mais rigorosa.

A reunião que reforçou a necessidade e importância do trabalho intersetorial para ações harmônicas e resolutivas aconteceu na manhã desta segunda-feira, dia 18 de outubro, no Paço Municipal, na Sala Azul do Gabinete do Prefeito, sob coordenação do secretário de Saúde e da diretora da Vigilância em Saúde, a enfermeira sanitarista Maria Filomena da Gouveia Vilela, da coordenadora da Vigilância Epidemiológica Municipal, a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, e do coordenador municipal do Programa de Dengue, o médico sanitarista André Ribas Freitas.

Segundo o secretário, a busca da prevenção da dengue depende de uma grande ação envolvendo toda a Prefeitura. Em contrapartida, a colaboração da sociedade dando destinação correta aos resíduos, evitando acúmulo de água e cuidando da sua piscina, da caixa d´água, do seu ambiente é fundamental.

“Estas ações todas, somando forças ao trabalho da Secretaria de Saúde é que vão permitir o controle efetivo da doença. Nós tivemos inverno praticamente sem frio, não houve interrupção de casos, o que nos impõe maior risco. Portanto, o momento é de ações agressivas, com a participação de todos, para que possamos evitar uma epidemia no próximo verão”, enfatizou o secretário.

Conforme esclareceu Maria Filomena de Gouveira Vilela, as ações intersetoriais serão incrementadas conforme as especificidades de cada bairro e região da cidade. Segundo a sanitarista, o trabalho será mais intenso nas áreas mais afetadas, com base na série histórica, que são as situadas nos entroncamentos de grandes rodovias, aquelas com estruturas sociais mais precárias, locais onde as pessoas juntam recicláveis e áreas que fazem divisa com outros municípios também com ocorrência de dengue nos últimos 10 anos. “Nesses casos – detalhou a diretora – deveremos implementar ações conjuntas com outras cidades”.

Situação epidemiológica. Este ano, Campinas enfrenta a segunda maior epidemia de dengue das últimas décadas, com 2.563 casos até o momento, o que representa coeficiente de incidência de 242,6 por 100 mil habitantes. A primeira em número de casos ocorreu em 2007, com mais de 10 mil casos ou 1.089,4 por 100 mil.

Além da grande incidência, em 2010 houve uma proporção alta de casos graves, com 56 casos de Dengue com Complicações (DCC) e 26 casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD). Duas pessoas morreram.

Segundo o médico André Ribas Freitas, a proporção de dengue grave tem aumentado em relação ao número total de casos da doença. Este fenômeno se explica pelo fato do município ter enfrentado sucessivas epidemias por diferentes sorotipos da dengue.

“Sendo assim, uma parcela cada vez maior da população já se infectou pelo menos uma vez e, ao se re-infectar, corre um risco maior de agravamento. Este é um fenômeno epidemiológico que ocorre em todas as regiões onde a dengue se torna endêmica. A tendência natural é que as epidemias subseqüentes sejam cada vez mais graves”, disse. Segundo ele, o esperado é de 3% a 4% de casos de dengue grave para as regiões endêmicas.

Este ano, há dois sorotipos circulando, o 1 e o 2, que há mais de uma década não circulava. Em anos anteriores, já foi registrada a circulação do 3.

André informou que o mais importante neste momento é que a população se conscientize de que este período que vai de outubro até dezembro, janeiro, apesar de não ser a época de maior incidência de dengue, é o mais importante para o combate ao vetor, ao mosquito transmissor. Isto porque ocorre maior quantidade de chuvas e maiores temperaturas e estas condições favorecem a proliferação do mosquito.

“Então, é fundamental atacar o mosquito agora antes do período de transmissão. Se concentramos as ações neste período, o impacto na redução de casos lá na frente é maior. Por parte da população é importante saber que mais de 80% dos criadouros estão nas casas. Então, agora é o momento de furar o prato do vaso de planta, emborcar garrafas, de cuidar dos seus espaços. E, quero reforçar, é mais importante prevenir agora do que quando há uma grande transmissão quando o controle exige um esforço muito maior”, disse.

No dia 26 de outubro, a Prefeitura lança a Campanha de Mobilização Campinas contra a Dengue. A ação tem o objetivo de envolver toda a sociedade e estimular e estimular cada cidadão a eliminar os locais de água parada, onde o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, se multiplica. A reunião terá a presença do Prefeito dr. Hélio de Oliveira Santos e de todo secretariado da Prefeitura.

Segundo o secretário de Saúde José Francisco Saraiva, é importante associar cada setor da sociedade na luta contra a dengue. “Cada segmento pode colaborar. O poder público está intensificando seus trabalhos no combate à doença. Mas isto não basta. É preciso que a comunidade compartilhe e isto significa envolver cada cidadão, seu vizinho, seu colega de quarteirão, seu amigo do clube, da escola, além das igrejas, universidades, Organizações Não-Governamentais (ONGs), conselhos, fundações, associações, empresas, entidades de classe, lideranças de bairro e outros. Neste processo, a participação da imprensa é fundamental”, disse.

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