Prefeitura lança Campanha de Mobilização contra a Dengue

26/10/2010

Autor: Denize Assis

Um público de mais de 120 pessoas representantes de diversos setores da sociedade lotou nesta terça-feira de manhã, dia 26 de outubro, a Sala Azul do 4º andar da Prefeitura de Campinas durante a cerimônia oficial que abriu a Campanha de Mobilização Social contra a Dengue.

O lançamento foi feito pelo Prefeito Municipal, Doutor Hélio de Oliveira Santos, e pelo Secretário Municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva. Também estavam presentes outros secretários, diretores e gestores públicos municipais e representantes da Câmara Municipal, além de toda equipe da Vigilância em Saúde.

A iniciativa antecipa as ações desencadeadas no período crítico da doença, de janeiro a maio, quando ocorre a maioria dos casos. Além disso, é uma resposta à convocação do Ministério da Saúde para que os municípios se mobilizem no controle da doença.

O objetivo da Campanha contra a Dengue é envolver toda a comunidade no combate e estimular cada cidadão a eliminar os locais de água parada, onde o mosquito transmissor, o Aedes aegypti, se multiplica.

“É importante associar cada setor da sociedade na luta contra a dengue. A Prefeitura está intensificando seus trabalhos no combate à doença. Mas isto não basta. É preciso uma cumplicidade entre poder público e sociedade civil”, disse Doutor Hélio.

Segundo o prefeito, isto significa envolver cada cidadão, seu vizinho, seu colega de quarteirão, seu amigo do clube, da escola, além das igrejas, universidades, Organizações Não-Governamentais (ONGs), conselhos, fundações, associações, empresas, entidades de classe, lideranças de bairro e outros. “Neste processo, a participação da imprensa é fundamental, principalmente na cobrança de determinadas situações”, disse.

O prefeito afirmou, ainda, que é preciso desenvolver atividades conjuntas com cidades que fazem divisa com Campinas. “O mosquito não respeita fronteiras geográficas e isto requer um trabalho integrado”, afirmou.

Durante o lançamento, o secretário de Saúde, José Francisco Saraiva, fez uma apresentação sobre a situação da dengue em Campinas, ressaltou a gravidade dos casos este ano, contextualizou a epidemia mostrando que a dengue impactou bastante o Estado de São Paulo em 2010, apontou a relação do clima com o aumento de casos e destacou que este é o momento para a intensificação das ações de combate. O secretário lembrou que este período em que as chuvas se intensificam e que o tempo esquenta é quando aumenta a infestação do mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus da dengue.

“O tempo de combate à dengue é agora, quando começa a chover e esquenta. A dengue é um problema de todos. Ao Poder Público cabe manter a cidade limpa e organizada e cuidar dos pacientes. A cada cidadão, cada segmento cabe fazer a sua parte de cuidado com o seu espaço e com a cidade que é de todos. O objetivo desta reunião é chamar toda sociedade à responsabilidade”, disse.

Situação epidemiológica. Em 2010, Campinas enfrentou a segunda maior epidemia de dengue das últimas décadas, com 2.563 casos e duas mortes. A primeira em número de casos ocorreu em 2007, com mais de 10 mil casos ou 1.089,4 por 100 mil.

Além disso, neste ano, a cidade registrou, proporcionalmente, mais casos graves, sendo 56 casos de Dengue com Complicações (DCC) e 26 casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD).

Segundo o médico sanitarista André Ribas Freitas, coordenador municipal do Programa de Dengue, este fenômeno se explica pelo fato do município ter enfrentado sucessivas epidemias por diferentes sorotipos da dengue.

“Sendo assim, uma parcela cada vez maior da população já se infectou pelo menos uma vez e, ao se reinfectar, corre um risco maior de agravamento. Este fenômeno epidemiológico ocorre em todas as regiões onde a dengue se torna endêmica. A tendência natural é que as epidemias subseqüentes sejam cada vez mais graves”, disse. Segundo ele, o esperado é de 3% a 4% de casos de dengue grave para as regiões endêmicas.

Este ano, há dois sorotipos circulando em Campinas, o 1 e o 2, sendo que este último há mais de uma década não circulava no município. Em anos anteriores, já foi registrada a circulação do 3.

As enfermeiras sanitaristas Maria Filomena de Gouveia Vilela, diretora da Vigilância em Saúde Municipal, e Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, participaram da mesa de abertura do evento e avaliaram como muito boa a adesão à mobilização. Elas destacaram a participação nesse encontro de 35 lideranças de bairro, representantes da Unimed, hospitais privados, rede estadual da educação, Superintendência de Controle de Endemias, fundações, Exército e instituições religiosas.

As sanitaristas informaram que, além da campanha de mobilização social que começa agora, com a convocação de toda sociedade campineira para se engajar na luta contra a doença, a Prefeitura reforçou as ações de combate para se antecipar aos meses de maior incidência da doença. As ações incluem:

· Trabalho intersetorial com a educação, que engloba análise da situação de dengue na área da escola e identificação dos fatores de risco para intervenção das autoridades sanitárias e ações de informação, educação e mobilização social e produção de vídeos;

· Intensificação do trabalho intersetorial com a Secretaria de Serviços Públicos para limpeza e organização da cidade, por meio de arrastões e operação cata-bagulho e remoção de criadouros;

· Ações por meio das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), com impacto na redução de casos de dengue, por meio de abastecimento de água de forma regular e outras obras de infraestrutura na região do entorno do Aeroporto de Viracopos;

· Monitoramento de casos graves da doença. Tal ação é importante inclusive para o conhecimento do perfil de gravidade da dengue em Campinas e pode nortear as ações de vigilância no sentido de fortalecer as redes de diagnóstico e assistência;

· Intensificação das ações de controle do vetor, com trabalho nos pontos de risco - imóveis que pela natureza da sua atividade oferecem maior risco para a dengue como borracharias, ferros-velhos etc - e em imóveis especiais - aqueles em que há grande concentração e circulação de pessoas como escolas, hospitais etc - buscando saída para situações crônicas;

· Capacitação das redes pública e privada de saúde no sentido de formar uma rede sensível e competente para suspeição, notificação, atendimento e acompanhamento dos pacientes;

· Trabalho com catadores de recicláveis com cadastramento, orientação e distribuição de bags - sacalões de ráfia com capacidade para mil litros - para armazenamento dos materiais;

· Intensificação no uso dos instrumentos da vigilância sanitária em relação aos munícipes que mantêm em seus domicílios condições propícias para a proliferação do mosquito da dengue, especialmente as pessoas que impedem o acesso das equipes que atuam no combate à doença ou que mantêm imóveis fechados ou abandonados;

· Sensibilização de todas as secretarias municipais para a questão da dengue, com aulas para os servidores de cada pasta, e constituição de força-tarefa para eliminação de criadouros nos equipamentos próprios da Prefeitura;

· Revisão e adequação das estratégias de informação, comunicação e mobilização social;

· Colocação de lixeiras e container em áreas onde a coleta é irregular, como o Paranapanema, Satélite íris 1 e Santa Eudóxia, além de aditivo no contrato do lixo para aumentar a freqüência da coleta nestes locais;

· Incremento de recursos humanos para as equipes de combate à dengue.

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