Prefeitura lança 'Consultório na Rua' para atender população vulnerável

31/10/2012

Autor: Diego Geraldo, Jacqueline Malta e Marina Avancini

Levar o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) à população em situação de vulnerabilidade das ruas é o objetivo do Consultório na Rua, um veículo adaptado que percorrerá áreas da cidade para prestar atendimento especializado a essa população.

O trabalho é desenvolvido por uma parceria entre as secretarias de Saúde e Cidadania, Assistência e Inclusão Social. Desde setembro a equipe vem sendo selecionada e fazendo o reconhecimento do território. A partir desta semana, começa o atendimento.

"Esse é um programa do SUS que, além de levar a saúde pública para a população de moradores de rua no Brasil, também visa a inclusão social dessas pessoas. Por isso, o trabalho é feito em conjunto entre as pastas", disse o secretário de Saúde, Fernando Brandão.

Para o secretário de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, Dimas Alcides Gonçalves, o Consultório na Rua amplia o acesso da população em situação de rua à rede de serviços oferecidos pela Prefeitura.

"A abordagem social já é realizada por nossa secretaria, por meio das entidades cofinanciadas SOS Rua, que atende adultos, e pelo Movimento Vida Melhor, voltado a crianças e adolescentes. Com o Consultório na Rua cria-se um novo modelo de inclusão social e, agora, o próximo passo será a elaboração de um protocolo entre as secretarias assegurando, assim, o atendimento integrado à essa população", explanou Gonçalves.

O Consultório na Rua é composto por uma equipe multidisciplinar que conta com médicos, psicólogo, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem, enfermeiro e redutores (pessoas que trabalham com a política de redução dos danos causados pelas drogas).

Os profissionais circulam pela cidade em uma perua. No entanto, a próxima etapa é adequar um ônibus para o atendimento destas pessoas.

Atendimento

O foco do atendimento se dará principalmente nas doenças ou condições que mais atingem os moradores de rua, como tuberculose, alcoolismo e combate ao crack e outras drogas. Ele também trabalha para orientar a população sobre doenças, como as sexualmente transmissíveis e hepatites. Curativos, testes de diabetes e medição de pressão podem ser feitos na hora do atendimento.

"O Consultório na Rua enxerga o ser humano. Vamos oferecer assistência e acompanhamento dessas pessoas", comenta a coordenadora do programa, Alcyone Januzzi.

O veículo com os profissionais tem circulado em diversos pontos da cidade. Entre eles, a Praça José Bonifácio (em frente à Catedral Metropolitana de Campinas), a Rua 13 de Maio e a Praça Guilherme de Almeida (Praça do Fórum).

O Consultório na Rua é um mecanismo presente no Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas no SUS, instituído pela Portaria nº 1190, de 04 de junho de 2009, e do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas (PIEC), instituído pelo Decreto Presidencial nº 7179 de 20 de maio de 2010. Dentro do município, ele faz parte do Plano Municipal Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras drogas (PMIECrack).

Consultório na Rua

De acordo com o Ministério da Saúde, os consultórios na rua constituem uma modalidade de atendimento extra muros dirigida aos moradores de rua que vivem em condições de maior vulnerabilidade social e distanciados da rede de serviços de saúde e intersetorial.

São dispositivos clínico comunitários que ofertam cuidados em saúde aos usuários em seus próprios contextos de vida, adaptados para as especificidades de uma população complexa.

Promovem a acessibilidade a serviços da rede institucionalizada, a assistência integral e a promoção de laços sociais para os usuários em situação de exclusão social, possibilitando um espaço concreto do exercício de direitos e cidadania.

Experiência

O Consultório na Rua é uma experiência que surgiu no início de 1999, em Salvador, na Bahia, realizada pelo Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD), instituição criada como extensão da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O projeto foi concretizado a partir de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Salvador.

Em maio de 2004 o programa foi incorporado no primeiro Centro de Atenção Psicossocial Álcool Drogas (CAPS AD) de Salvador, o que permitiu uma avaliação do funcionamento do Consultório de Rua na arquitetura da rede institucional de serviços para usuários de álcool e outras drogas.

O trabalho articulado com o CAPS AD demonstrou que a retaguarda do Consultório na Rua favorece o fluxo de encaminhamento e a inserção na rede dos usuários de drogas mais comprometidos com o uso e em situação de maior vulnerabilidade social.

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