Ouro Verde consegue eliminar bactéria de UTI sem fechar leitos

07/10/2013

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O Complexo Hospitalar Ouro Verde, de Campinas, pode entrar para a literatura mundial da medicina, depois de ficar 13 semanas sem registrar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) adulta a presença do bacilo Acinetobacter baumannii, que provoca infecção hospitalar e é resistente a antibióticos. Segundo o infectologista e membro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da unidade, Leonardo Ruffing, o fato é inédito e ocorreu graças a um plano de ação para combate da bactéria a partir da contaminação de 30 pacientes em junho deste ano. O mais importante é que todo o plano foi desencadeado sem fechamento de leitos.

Ruffing explica que a CCIH identificou um aumento dos casos de pacientes da UTI infectados pela bactéria, sendo seis em duas semanas e, antes que ocorresse um surto, o hospital criou uma estratégia de trabalho para controle e eliminação da bactéria no ambiente da UTI. “O plano de trabalho foi montado pelas equipes de infecção hospitalar, enfermagem e limpeza, pois era necessário que todos os envolvidos tivessem a consciência de que as ações precisavam ser feitas em conjunto para dar certo”, disse.

O trabalho foi realizado por etapas. Na primeira fase, todos os infectados foram isolados em um local da UTI, de forma que os leitos foram agrupados um ao lado do outro. Na segunda etapa do plano, esses pacientes foram cuidados por equipes de enfermagem exclusivas, que não tivessem contato com outras pessoas internadas na UTI ou em outras unidades da área hospitalar.

Na terceira fase do trabalho, para conter a bactéria, ocorreu uma intensificação da frequência na limpeza da unidade de terapia intensiva. Na opinião do infectologista Ruffing, esta foi uma das medidas mais importante, já que além de resistente aos antibióticos, a bactéria adere às paredes, pisos, equipamentos e leitos. As equipes de limpeza dobraram o serviço e, em vez de três vezes, como ocorre normalmente, passaram a limpar todo o ambiente da UTI seis vezes ao dia.

“Adotamos cuidados que são preconizados pelo Ministério da Saúde, ou seja, as medidas de higiene foram reforçadas, a equipe passou a observar com mais rigor o uso de luvas, avental e lavar sempre as mãos, para evitar contagio”, explicou.

Infecção hospitalar

A infecção hospitalar é tratada por muitos especialistas como sendo um dos flagelos mundiais na área de saúde, pois nenhum país tem o controle absoluto do problema e, apenas alguns possuem um número mais baixo de contaminação. A síndrome infecciosa pode ser provocada por vírus, bactérias, protozoários ou fungos.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, 10% de todos os pacientes hospitalizados em países em desenvolvimento acabam contraindo algum tipo de infecção. Nos países industrializados, o índice é um pouco mais baixo.A preocupação é maior entre as pessoas internadas nas unidades de tratamento intensivo. Nesses casos, as infecções sobem para 30%.

A Acinetobacter baumannii, controlada no Complexo Hospitalar Ouro Verde, é resistente a antibióticos e não apresenta nenhum sintoma específico, mas pode agravar o quadro clínico do paciente e levar à morte. Mesmo quando não ocorre maior gravidade, o processo de alta sofre atraso, provocando maior tempo de permanência no leito e mais gastos.


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Limpeza intensificada contribuiu para o sucesso


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Higienização é vital

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