Secretaria de Saúde intensifica ações para conter avanço da raiva animal

27/11/2002

Uma das frentes de atuação é o controle da população de morcegos, animais que também podem transmitir a doença

O aparecimento de morcegos contaminados pela em raiva em áreas urbanas de Campinas preocupa a Secretaria de Saúde de Campinas. As ocorrências já desencadearam campanhas educativas e levaram o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) a intensificar a busca por estes animais na cidade. Morcegos caídos no chão mortos ou com dificuldades de vôo podem estar doentes e transmitir a raiva. Recentemente, a Secretaria de Saúde confirmou a doença em um morcego encontrado caído durante o dia no Largo do Rosário.

Em 2002, 26 casos de raiva animal foram registrados em Campinas, sendo três em morcegos e o restante em bois e cavalos. O último caso foi confirmado, no último dia 14, em um touro da Fazenda Rio das Pedras, localizada na área que pertence à Região Norte de Campinas. A suspeita é de que o animal tenha sido mordido por um morcego hematófago, que se alimenta de sangue.

Todos os outros casos confirmados são da região Leste, da área de abrangência do Centro de Saúde Taquaral, nos bairros Monte Belo, Bananal, Carlos Gomes, Recanto dos Dourados e Gargantilha. Nesta localidade, nos últimos meses, foram eliminadas 8 colônias de morcegos hematófagos. Na área urbana, as espécies mais comuns são as que se alimentam de insetos e de frutas e que também podem transmitir a doença.

"Os morcegos só vão colocar a saliva em contato com algum animal ou com o homem no momento de morder e esta mordida é uma reação natural, para se defender. Por isso, é importante que as pessoas nunca manipulem morcegos", informa a veterinária Jeanete Trigo Nasser, coordenadora do CCZ de Campinas.

A raiva animal é uma doença sempre fatal e pode atingir o homem se ele mantiver contato com algum animal infectado. Então, no caso de morcegos com os sintomas, o correto é recolhê-lo com a ajuda de uma vassoura e uma pá e entrar em contato com o CCZ ou com o Centro de Saúde. "Somente pessoas autorizadas, com capacitação técnica ou pré-expostas à raiva devem ter contato com morcegos", informa o veterinário Luiz Henrique Martinelle Ramos, da Visa (Vigilância em Saúde) do Distrito de Saúde Leste.

Ele diz ainda que o problema de morcegos em áreas urbanas, em prédios principalmente, é comum nas cidades grandes com características como as de Campinas. Se a população tiver alguma queixa neste sentido, o correto é se informar sobre como proceder e solicitar ajuda ao CCZ. Martinelle informa que existem alguns artefatos, algumas formas de colocar barreiras para impedir a entrada de morcegos nestes locais. "Também existem técnicas de engenharia que podem ser adotadas para impedir que morcegos tomem estes locais como abrigos", completa.

Saiba mais sobre a raiva animal em Campinas

A raiva animal vem avançando em Campinas desde 2000, quando foram identificados os primeiros casos da doença em herbívoros – bois, cavalos, porcos e ovelhas - na região de Joaquim Egídio. Em 2001, a doença atingiu também Sousas e a área rural do Taquaral e o município confirmou 30 casos entre bovinos, eqüinos e morcegos.

A ocorrência da doença em animais que convivem próximos ao ser humano aumenta a possibilidade da doença, sempre fatal, atingir o homem. Por isso, é importante que as pessoas informem o Centro de Saúde ou o Escritório de Defesa Animal se algum animal morrer com suspeita de raiva ou por outro motivo desconhecido. O telefone do Centro de Controle de Zoonoses é 3245 1219 ou 3245 7181 ou 3245 2258.

Ocorrências

No ano passado, uma mulher morreu de raiva no Estado de São Paulo depois de ter sido arranhada por seu gato, que tinha atacado um morcego infectado pelo vírus rábico.

Em campinas, o último caso de raiva em humano ocorreu em 1981. Em gato, o último caso ocorreu em 1999, no Parque Santa Bárbara, na Região Norte.

O CCZ informa que as pessoas não devem tocar animais desconhecidos, apartar brigas ou mexer em cadelas com filhotes para evitar agressões. Em caso de acidentes com animais, a pessoa deve procurar o Centro de Saúde.

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