Doação de órgãos no Mário Gatti é exemplo de gesto humanitário

28/11/2002

Na última semana, duas cirurgias de doações de órgãos realizadas no Hospital Municipal "Dr. Mário Gatti" puderam beneficiar até quinze pacientes que estavam na fila à espera por um transplante.

As cirugias para retirada dos órgãos foram autorizadas pelas famílias do empresário italiano Maximo Spanio e do motoboy Valter Rodrigues dos Santos, que evoluíram a óbito na UTI do Hospital Municipal, respectivamente nos dias 11 e 12 deste mês de novembro.

Os órgãos retirados de ambos os pacientes, por equipes de captação de hospitais da região poderão beneficiar até quinze pessoas. Coube à Unicamp entrar em contato com Central Estadual e Nacional de Transplantes, que fez os contatos com as equipes responsáveis pela retirada dos órgãos.

Vera Lúcia Reche, assistente social e membro da Equipe de Referência da Captação de Órgãos do Mário Gattia, explica que o simples ato de doar os órgãos pode fazer a diferença entre a vida e a morte de milhares de pessoas que aguardam por um órgão. "O gesto humanitário dessas duas famílias é um exemplo de cidadania e, principalmente, de amor ao próximo", afirmou a assistente social.

Quem recebe os órgãos

Os receptores são escolhidos com base em testes laboratoriais que confirmam a compatibilidade entre o doador e o receptor. Quando existe mais de um receptor compatível, A Central Estadual e Nacional considera critérios tais como tempo de espera e urgência do procedimento.

Em princípio, a família do doador não escolhe o receptor. Na escolha do receptor, os médicos, o candidato a transplante e sua família levam em conta aspectos fundamentais como a verificação se todas as terapias foram consideradas ou excluídas, se o paciente não sobreviverá sem o transplante, se o candidato a receptor não tem outros problemas de saúde que inviabilizem o transplante ou se o candidato tem condições para assumir um estilo de vida que inclui o uso contínuo de medicamentos e freqüentes exames laboratoriais/hospitalares após o transplante.

Após a retirada dos órgãos, a mesma equipe médica cuida da recomposição do corpo do doador que, em seguida, é levado ao Instituto Médico Legal (IML) para necrópsia, onde é emitido o atestado de óbito. Em seguida, o corpo é liberado para o funeral.

Consulado italiano agradece Hospital e mãe doa todos os órgãos do filho

Em documento enviado à prefeita da Campinas, Izalene Tiene, o vice-consul italiano em Campinas, Alvaro Roberto Cotomaci, agradece o atendimento prestado pelo Mário Gatti ao empresário Máximo Spanio, vítima de latrocínio ocorrido no último dia 5 de novembro. O empresário não resistiu aos ferimentos e faleceu no dia 11 do mesmo mês.

O vice-consul agradece à eficiência do trabalho médico e humanitário desenvolvido pelo Hospital Municipal ‘Dr. Mário Gatti’ , "que pôde propiciar à mãe a segurança de que todo o processo foi bem conduzido"

O documento ressalta, ainda, que o trabalho da equipe médica do Mário Gatti permitiu a essa mãe "ver seu filho ainda na UTI".

Cotomaci acrescenta que a mãe de Máximo Spanio, sra. Gina Mellis, "tomando belíssima atitude, doou todos os órgãos do filho, dizendo singelamente a mim que tomava esse gesto porque, com isso, seu filho continuaria vivo aqui no Brasil".

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