Prefeitura
marca Dia Mundial de Luta contra a Aids, comemorado em 1 de
dezembro, com a soltura de 10 mil balões na Lagoa do Taquaral,
às 10h30 de domingo. Centros de Saúde promoveram inúmeros
eventos durante a semana
Campinas,
reconhecida no Brasil como modelo na assistência e tratamento
da Aids, quer agora se tornar referência também na área de
prevenção a infecção pelo HIV e outras DSTs (Doenças
Sexualmente Transmissíveis). Para atingir este objetivo, o
Programa Municipal de DST/HIV/AIDS já colocou em prática vários
projetos que priorizam a abordagem às pessoas mais vulneráveis
à doença e às populações expostas ao risco de infecção
pelo HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.
Atualmente, o
Programa de DST/HIV/AIDS do município tem quatorze projetos em
andamento, em diversas regiões da cidade, alguns voltados para
segmentos sociais específicos como comunidade homossexual, usuários
de drogas injetáveis e profissionais do sexo.
Para tamanha
abrangência, o Programa Municipal de DST/AIDS tem parceria para
o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção
do Fórum de ONGs/AIDS de Campinas e conta com a participação
específica na execução de vários projetos.
Projetos
Projetos de
Geração de Renda e Inclusão Social das pessoas que vivem com
o HIV:
Casa de Apoio
Grupo da Amizade, Casa de Apoio Esperança e Vida e Centro
Corsini.
Projetos
voltados para Mulheres de Baixa Renda: Associação de Mulheres
de Campinas.
Projetos para
jovens: CEDAP, SOS Adolescente, Rima&Cia.
Projetos para
Homens que fazem sexo com Homens: Casa de Apoio Grupo da Amizade
e ACADEC
Projetos para
Comunidade GLS: Identidade.
Projetos para
FEBEM e Presídios: ACADEC.
O projeto
"A Saúde é jovem, a prevenção às DST/AIDS não tem
idade", que tem participação das Secretarias de Educação,
Assistência, Cultura e da Coordenadoria da Juventude, foi lançado
primeiramente na região do Parque Oziel e Monte Cristo.
Oficinas de sexualidade, apresentação de peças teatrais e de
outras atividades interativas como o Labirinto fazem parte da
cesta de oferta à população destes bairros.
ONGs como
Acadec, Movimento Hip Hop e SOS Adolescentes também são
parceiros da Secretaria de Saúde nas atividades.
Um outro foco
de atuação dos trabalhos de prevenção são os jovens
infratores. O projeto do Programa de DST/HIV/AIDS para este público
já traz resultados importantes entre os jovens internos. Eles
recebem informações que despertam a consciência para a
cidadania, auto-cuidado e prevenção às DST/AIDS.
O Projeto Presídios,
que também já está em andamento, atinge uma parcela
importante da comunidade que é a população de presos.
Desenvolvido em parceria com as equipes do complexo penitenciário
Campinas-Hortolândia, do Cets (Centro de Educação dos
Trabalhadores da Saúde), Dir XII (Direção Regional de Saúde)
e com a ONG Acadec, o programa acaba de ser colocado em prática
nas unidades prisionais destas duas cidades.
A idéia é
conscientizar funcionários que atuam na área da saúde das
penitenciárias para que eles passem a trabalhar no sentido de
divulgar as formas de prevenção. Os profissionais foram
capacitados para fazer aconselhamento - abordagem sobre o teste
HIV - num treinamento que ocorreu nestas quinta e sexta-feira,
26 e 27 de novembro. A prevalência de HIV entre a população
carcerária está estimada entre 15% e 20%.
Para enfrentar
o desafio de minimizar a infecção das DST/AIDS entre usuários
de drogas injetáveis, o município também implantou o Programa
de Redução de Danos. O projeto atua em quatro locais na cidade
com uma equipe composta por cinco redutores de danos que se
uniram à equipe técnica e à coordenação do Programa de DST/HIV/AIDS
e também conta com outros três profissionais de saúde.
Ainda foram
contratadas quatro agentes de saúde para o Tratamento
Supervisionado Modificado, direcionado a pacientes de Aids
co-infectados pela tuberculose. O trabalho dos agentes de saúde
- que tem como base o acolhimento e o vínculo - e a proximidade
deles com o paciente tem evitado que as pessoas abandonem o
tratamento e tem atingido um índice de cura exemplar.
O Programa de
DST/AIDS atua também com projetos de Prevenção e Cidadania em
parceria com o CRAISA (centro de Referência Atenção e Informação
à Saúde do Adolescente) e com a ACADEC, para adolescentes.
Perfil da doença
De acordo com
dados nacionais, a epidemia da Aids tem adquirido um perfil de
juvenilização, feminilização, pauperização e interiorização.
Isto é, a epidemia atinge cada vez mais jovens, mulheres,
pessoas pobres e de cidades do interior. Seguindo a tendência,
em Campinas, a Aids também tem crescido mais entre mulheres e
jovens, na sua grande maioria pobres e através de relações
heterossexuais.
A
heterossexualidade também tem marcado fortemente os casos de
Aids entre homens na cidade, sendo que os casos relacionados a
risco sexual das categorias homo e bissexualismo têm se mantido
estável, com tendência de queda.
A segunda maior
causa de notificação de Aids em Campinas, somente atrás das
exposições de risco heterossexual, é o uso de drogas injetáveis.
A estimativa
nacional para a prevalência do HIV – vírus da Aids - é de
0.6% da população ( 600 mil), sendo que somente 1/3 sabe de
seu diagnóstico. Em Campinas, se considerarmos esta estimativa,
temos cerca de 6.000 pessoas infectadas pelo HIV ( 0.6% de 1
milhão de habitantes), sendo que, de acordo com os dados
atuais, aproximadamente 1.500 pessoas estão em tratamento nas
referências com anti-retrovirais (coquetel), e quase a mesma
quantidade estaria sendo acompanhada laboratorialmente nos serviços
especializados do município.
Temos então o
desafio de, por meio do estímulo ao aconselhamento e testagem
para o HIV, encontrar cerca de 3 mil pessoas que desconhecem ser
portadoras do vírus.
Nesse sentido,
Campinas tem vários projetos em andamento que buscam informar,
sensibilizar e disponibilizar métodos de prevenção como o
preservativo para a população campineira, estimulando a
testagem para o HIV, por meio do COAS/CTA (Centro de Testagem e
Aconselhamento) e Centros de Saúde.
Números
Campinas tem
notificados 3.407 casos de Aids de 82 até novembro de 2002.
Deste total, 60% já foram a óbito (2.044). De todos os casos
notificados, 2.559 são homens e 845 são mulheres, proporção
de aproximadamente três casos em homens para cada caso em
mulheres. Na década de 80, início da epidemia, esta proporção
era em média de 50 homens para cada mulher.
A faixa etária
de maior concentração é de pessoas com idades entre 15 anos e
49 anos, com maior número entre 25 e 39 anos. Com os dados
atualmente disponíveis, a principal via de transmissão da Aids
em Campinas é por meio da relação heterossexual – de homem
com mulher -, seguida imediatamente pelas transmissões entre
usuários de drogas injetáveis.
Em Campinas, a
capacidade de diagnosticar a Aids foi sensivelmente melhorada
por meio do diagnóstico laboratorial, que mede a quantidade de
células CD4/CD8 ( medidoras da situação do sistema de defesa
do organismo) e da quantificação da carga viral (números de vírus
HIV presentes no sangue). Até meados de 2001, a grande maioria
dos casos de Aids era notificada por critérios clínicos
(aparecimento de doenças oportunistas que só estão presentes
quando o sistema de defesa do corpo está muito fraco).
O Amda (Ambulatório
Municipal de DST/AIDS), serviço de referência do município,
numa pesquisa recente do Ministério da Saúde, foi classificado
como um serviço de excelência recebendo a nota máxima na
avaliação. A maioria das notificações de casos de Campinas,
70%, são feitas pelo Amda. O serviço atende o dia todo, com
uma equipe multiprofissional., e 90% das pessoas acometidas pela
Aids em Campinas recebem assistência no Amda.
Saiba mais
sobre a Aids
É uma doença
causada por um tipo de micróbio, um vírus, chamado HIV. Esse vírus
vai tornando a pessoa fraca e, assim, ela pode pegar várias
doenças. O HIV ataca e va destruindo os glóbulos brancos, que
são as células que fazem a defesa do nosso corpo contra as
doenças.
Quando esse vírus
entra no corpo e começa a atacar os glóbulos brancos, a pessoa
pode não sentir nada. Neste caso, é chamada de portadora do
HIV ou soropositiva para o HIV. Quando a pessoa soropositiva
para o HIV começa a pegar várias doenças, se diz, então, que
ela tem Aids.
Qualquer pessoa
pode pegar o HIV. Homem ou mulher, gente casada ou solteira,
criança, moço ou velho, rico ou pobre. E tanto faz se o cidadão
mora na cidade ou no campo. Os portadores do HIV, no início da
infecção, são pessoas que aparentam saúde mas, por estarem
infectados, podem passar o vírus para outras pessoas.