Saúde quer Campinas como referência na prevenção a Aids

29/11/2002

Prefeitura marca Dia Mundial de Luta contra a Aids, comemorado em 1 de dezembro, com a soltura de 10 mil balões na Lagoa do Taquaral, às 10h30 de domingo. Centros de Saúde promoveram inúmeros eventos durante a semana

Campinas, reconhecida no Brasil como modelo na assistência e tratamento da Aids, quer agora se tornar referência também na área de prevenção a infecção pelo HIV e outras DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Para atingir este objetivo, o Programa Municipal de DST/HIV/AIDS já colocou em prática vários projetos que priorizam a abordagem às pessoas mais vulneráveis à doença e às populações expostas ao risco de infecção pelo HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Atualmente, o Programa de DST/HIV/AIDS do município tem quatorze projetos em andamento, em diversas regiões da cidade, alguns voltados para segmentos sociais específicos como comunidade homossexual, usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo.

Para tamanha abrangência, o Programa Municipal de DST/AIDS tem parceria para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção do Fórum de ONGs/AIDS de Campinas e conta com a participação específica na execução de vários projetos.

Projetos

Projetos de Geração de Renda e Inclusão Social das pessoas que vivem com o HIV:

Casa de Apoio Grupo da Amizade, Casa de Apoio Esperança e Vida e Centro Corsini.

Projetos voltados para Mulheres de Baixa Renda: Associação de Mulheres de Campinas.

Projetos para jovens: CEDAP, SOS Adolescente, Rima&Cia.

Projetos para Homens que fazem sexo com Homens: Casa de Apoio Grupo da Amizade e ACADEC

Projetos para Comunidade GLS: Identidade.

Projetos para FEBEM e Presídios: ACADEC.

O projeto "A Saúde é jovem, a prevenção às DST/AIDS não tem idade", que tem participação das Secretarias de Educação, Assistência, Cultura e da Coordenadoria da Juventude, foi lançado primeiramente na região do Parque Oziel e Monte Cristo. Oficinas de sexualidade, apresentação de peças teatrais e de outras atividades interativas como o Labirinto fazem parte da cesta de oferta à população destes bairros.

ONGs como Acadec, Movimento Hip Hop e SOS Adolescentes também são parceiros da Secretaria de Saúde nas atividades.

Um outro foco de atuação dos trabalhos de prevenção são os jovens infratores. O projeto do Programa de DST/HIV/AIDS para este público já traz resultados importantes entre os jovens internos. Eles recebem informações que despertam a consciência para a cidadania, auto-cuidado e prevenção às DST/AIDS.

O Projeto Presídios, que também já está em andamento, atinge uma parcela importante da comunidade que é a população de presos. Desenvolvido em parceria com as equipes do complexo penitenciário Campinas-Hortolândia, do Cets (Centro de Educação dos Trabalhadores da Saúde), Dir XII (Direção Regional de Saúde) e com a ONG Acadec, o programa acaba de ser colocado em prática nas unidades prisionais destas duas cidades.

A idéia é conscientizar funcionários que atuam na área da saúde das penitenciárias para que eles passem a trabalhar no sentido de divulgar as formas de prevenção. Os profissionais foram capacitados para fazer aconselhamento - abordagem sobre o teste HIV - num treinamento que ocorreu nestas quinta e sexta-feira, 26 e 27 de novembro. A prevalência de HIV entre a população carcerária está estimada entre 15% e 20%.

Para enfrentar o desafio de minimizar a infecção das DST/AIDS entre usuários de drogas injetáveis, o município também implantou o Programa de Redução de Danos. O projeto atua em quatro locais na cidade com uma equipe composta por cinco redutores de danos que se uniram à equipe técnica e à coordenação do Programa de DST/HIV/AIDS e também conta com outros três profissionais de saúde.

Ainda foram contratadas quatro agentes de saúde para o Tratamento Supervisionado Modificado, direcionado a pacientes de Aids co-infectados pela tuberculose. O trabalho dos agentes de saúde - que tem como base o acolhimento e o vínculo - e a proximidade deles com o paciente tem evitado que as pessoas abandonem o tratamento e tem atingido um índice de cura exemplar.

O Programa de DST/AIDS atua também com projetos de Prevenção e Cidadania em parceria com o CRAISA (centro de Referência Atenção e Informação à Saúde do Adolescente) e com a ACADEC, para adolescentes.

Perfil da doença

De acordo com dados nacionais, a epidemia da Aids tem adquirido um perfil de juvenilização, feminilização, pauperização e interiorização. Isto é, a epidemia atinge cada vez mais jovens, mulheres, pessoas pobres e de cidades do interior. Seguindo a tendência, em Campinas, a Aids também tem crescido mais entre mulheres e jovens, na sua grande maioria pobres e através de relações heterossexuais.

A heterossexualidade também tem marcado fortemente os casos de Aids entre homens na cidade, sendo que os casos relacionados a risco sexual das categorias homo e bissexualismo têm se mantido estável, com tendência de queda.

A segunda maior causa de notificação de Aids em Campinas, somente atrás das exposições de risco heterossexual, é o uso de drogas injetáveis.

A estimativa nacional para a prevalência do HIV – vírus da Aids - é de 0.6% da população ( 600 mil), sendo que somente 1/3 sabe de seu diagnóstico. Em Campinas, se considerarmos esta estimativa, temos cerca de 6.000 pessoas infectadas pelo HIV ( 0.6% de 1 milhão de habitantes), sendo que, de acordo com os dados atuais, aproximadamente 1.500 pessoas estão em tratamento nas referências com anti-retrovirais (coquetel), e quase a mesma quantidade estaria sendo acompanhada laboratorialmente nos serviços especializados do município.

Temos então o desafio de, por meio do estímulo ao aconselhamento e testagem para o HIV, encontrar cerca de 3 mil pessoas que desconhecem ser portadoras do vírus.

Nesse sentido, Campinas tem vários projetos em andamento que buscam informar, sensibilizar e disponibilizar métodos de prevenção como o preservativo para a população campineira, estimulando a testagem para o HIV, por meio do COAS/CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) e Centros de Saúde.

Números

Campinas tem notificados 3.407 casos de Aids de 82 até novembro de 2002. Deste total, 60% já foram a óbito (2.044). De todos os casos notificados, 2.559 são homens e 845 são mulheres, proporção de aproximadamente três casos em homens para cada caso em mulheres. Na década de 80, início da epidemia, esta proporção era em média de 50 homens para cada mulher.

A faixa etária de maior concentração é de pessoas com idades entre 15 anos e 49 anos, com maior número entre 25 e 39 anos. Com os dados atualmente disponíveis, a principal via de transmissão da Aids em Campinas é por meio da relação heterossexual – de homem com mulher -, seguida imediatamente pelas transmissões entre usuários de drogas injetáveis.

Em Campinas, a capacidade de diagnosticar a Aids foi sensivelmente melhorada por meio do diagnóstico laboratorial, que mede a quantidade de células CD4/CD8 ( medidoras da situação do sistema de defesa do organismo) e da quantificação da carga viral (números de vírus HIV presentes no sangue). Até meados de 2001, a grande maioria dos casos de Aids era notificada por critérios clínicos (aparecimento de doenças oportunistas que só estão presentes quando o sistema de defesa do corpo está muito fraco).

O Amda (Ambulatório Municipal de DST/AIDS), serviço de referência do município, numa pesquisa recente do Ministério da Saúde, foi classificado como um serviço de excelência recebendo a nota máxima na avaliação. A maioria das notificações de casos de Campinas, 70%, são feitas pelo Amda. O serviço atende o dia todo, com uma equipe multiprofissional., e 90% das pessoas acometidas pela Aids em Campinas recebem assistência no Amda.

Saiba mais sobre a Aids

É uma doença causada por um tipo de micróbio, um vírus, chamado HIV. Esse vírus vai tornando a pessoa fraca e, assim, ela pode pegar várias doenças. O HIV ataca e va destruindo os glóbulos brancos, que são as células que fazem a defesa do nosso corpo contra as doenças.

Quando esse vírus entra no corpo e começa a atacar os glóbulos brancos, a pessoa pode não sentir nada. Neste caso, é chamada de portadora do HIV ou soropositiva para o HIV. Quando a pessoa soropositiva para o HIV começa a pegar várias doenças, se diz, então, que ela tem Aids.

Qualquer pessoa pode pegar o HIV. Homem ou mulher, gente casada ou solteira, criança, moço ou velho, rico ou pobre. E tanto faz se o cidadão mora na cidade ou no campo. Os portadores do HIV, no início da infecção, são pessoas que aparentam saúde mas, por estarem infectados, podem passar o vírus para outras pessoas.

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