Justiça mantém Centro de Atenção Psicossocial no Taquaral

05/11/2003

A Justiça determinou nesta quarta-feira, 5 de novembro, que o Centro de Atenção Psicossocial Leste (Caps) continue a funcionar na rua Padre Domingos Geovanini, 290, no Taquaral. A decisão beneficia pelo menos 220 cidadãos com problemas psiquiátricos atendidos diariamente no local, todos moradores dos bairros da Região Leste da cidade. O centro tem oito leitos, funciona 24 horas e é viabilizado por meio da co-gestão entre Secretaria Municipal de Saúde e Serviço de Saúde Cândido Ferreira e mantido com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).

A determinação da Justiça responde a uma ação de dois moradores do bairro que pediram a lacração do serviço. Eles alegam que a instalação do Caps no local fere a Lei de Zoneamento. A ação tramita na Justiça desde abril, quando a unidade começou a funcionar no Taquaral.

A Justiça considerou improcedente a ação movida pelos moradores. Ainda existe possibilidade dos moradores recorrerem. No entanto, o recurso pode demorar até dois anos para ser julgado. Além de julgar improcedente a ação, a liminar que impedia o funcionamento do Caps foi cassada pelo juiz Renato Siqueira Del Petro.

Antes de iniciar as atividades do Caps Leste, representantes da Prefeitura e do Serviço de Saúde Cândido Ferreira reuniram-se com a comunidade do Taquaral que, por maioria, aprovou a instalação no endereço atual.

Segundo a terapeuta ocupacional Telma Cristina Palmieri, coordenadora do Caps Leste, a decisão da Justiça significa uma vitória contra o preconceito e garante que os usuários do programa de saúde mental de Campinas sejam atendidos no local mais próximo de onde vivem.

"A localização do serviço facilita o acesso, conforme diretriz do programa de saúde mental de Campinas, e possibilita a maior participação de familiares, facilitando a integração do paciente no seu meio social e permitindo, assim, sua recuperação", disse.

Telma afirmou que durante a tramitação do processo na Justiça, profissionais e usuários viveram sob tensão. Segundo a terapeuta, a expectativa gerou insegurança. "A situação atrapalha o tratamento e o vínculo a ser estabelecido durante a terapia", afirmou.

Tipos de atendimento

O tipo de assistência prestada no Caps segue as diretrizes da reforma psiquiátrica proposta pelo Ministério da Saúde. A reforma estabelece cinco modalidades de Centros de Atenção Psicossocial, variáveis conforme o número de habitantes da cidade. Os Caps do tipo I têm capacidade para assistir a população entre 20 mil e 70 mil habitantes. Os Caps do tipo II, por sua vez, atendem de 70 mil a 200 mil habitantes. Os do tipo III prestam assistência à população acima de 200 mil habitantes e funcionam por 24 horas.

Os três tipos oferecem todo o tratamento para doenças mentais e problemas gerados pela dependência química, desde que estejam habilitados para tal. A unidade do Taquaral está classificada como Caps do tipo III.

Também estão cadastrados no SUS os chamados "Caps i" e "Caps ad". No primeiro são desenvolvidas atividades diárias em saúde mental para crianças e adolescentes com transtornos mentais. O Caps ad visam atendimento de pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas (drogas).

Nos centros de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas é prestada assistência terapêutica (psicológica e fornecimento de medicamentos) aos dependentes e seus familiares. Além desses serviços, há atividades comunitárias, orientação profissional e desintoxicação, quando necessário.

Campinas

Atualmente, Campinas conta com oito Caps: um do tipo II; quatro do tipo III; um Caps i; dois Caps ad (sendo um para dependentes de álcool e outras drogas e outro que recebe adolescentes usuários de droga em situação de rua).

Desde 2001, Campinas inaugurou três Caps. A cidade tornou-se uma das referências em todo o País na área de saúde mental. Fechou hospícios e inseriu as pessoas no meio social por meio de garantia de moradias e trabalho. Campinas conta, também, com dois núcleos de internação psiquiátrica instalados no Serviço de Saúde Cândido Ferreira e um outro núcleo clínico que se responsabiliza pelas pessoas que não podem contar com cuidados familiares.

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