Por
Sílvio Anunciação
Dados da
Secretaria Municipal de Saúde, divulgados nesta quinta-feira,
13 de novembro, mostram que a principal causa de morte em
Campinas são as doenças do aparelho circulatório como
infarto, angina, insuficiência cardíaca e hipertensão entre
outras, responsáveis por mais de 30% dos óbitos entre
adultos na cidade. De acordo com a Secretaria de Saúde, de um
total 5.790 óbitos ocorridos em Campinas no ano passado,
1.651 pessoas morreram de doenças do aparelho circulatório.
A estatística,
que ainda aponta estabilidade dos índices de 96 a 2002,
confirma dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre
doenças crônicas, discutidos no III Fórum Global para
Prevenção e Controle de Enfermidades Não-Transmissíveis
encerrado na última quarta-feira, 12, no Rio de Janeiro.
Segundo a Organização, estas doenças representam a maioria
dos óbitos calculados anualmente pela OMS.
Em 1930, as
doenças infecciosas ou causadas por parasitas respondiam por
46% das mortes no Brasil. Com o avanço da medicina, o número
caiu muito. Mas as mudanças nos hábitos e o envelhecimento
da população fizeram dobrar as mortes por doenças
cardiovasculares, chegando a 31%.
A generalista
Maria Auxiliadora Zanin, médica da área do adulto da
Secretaria de Saúde, informou que essas informações são
consideradas como base pelas equipes do Programa Paidéia de
Saúde da Família para a implementação de ações de prevenção
e controle de doenças. "Em função dessa realidade e
tendo em vista o envelhecimento da população campineira, a
Secretaria de Saúde promove atenção integral a população
adulta com objetivo de reduzir esses índices e melhorar a
qualidade de vida das pessoas", explica.
Entre as ações
desenvolvidas pelas equipes do Paidéia para pacientes crônicos
estão atendimento integral ao cidadão com atendimento clínico
de qualidade, prevenção das doenças ou das suas complicações
e promoção da saúde e da autonomia das pessoas. Os
trabalhos incluem ainda constituição de grupos que são
acompanhados por profissionais de saúde e terapias
complementares como ginástica postural e ginástica chinesa,
caminhadas, artesanatos e outras práticas.
"Estamos
tratando das pessoas integralmente respeitando especificidades
e diferenças de cada uma. Através de todos esses trabalhos
desenvolvemos a auto-estima e o autocuidado, além de promover
a independência do paciente ", explicou Maria
Auxiliadora.
Segundo ela,
está comprovado cientificamente que, se um paciente mudar a
sua conduta de vida e começar a fazer exercícios físicos
regulares, deixar de fumar e beber, o uso de medicamentos pode
ser reduzido em até 50%. "Nos casos mais simples, os
medicamentos podem até ser retirados", diz.
O objetivo da
redução dos remédios, segundo Maria Auxiliadora, é
diminuir a dependência exclusiva dos medicamentos e os
efeitos colaterais. "Um exemplo da dependência não
necessária dos medicamentos está relacionado aos pacientes
com colesterol. É muito comum essas pessoas tomarem remédios
para baixarem o colesterol, preferindo o remédio em vez da
dieta, esquecendo dos possíveis efeitos colaterais que podem
desenvolver como por exemplo alterações no fígado",
finaliza.
III Fórum
Global.
O III Fórum Global para Prevenção foi encerrado na última
quarta-feira no Rio de Janeiro e discutiu a prevenção de
doenças crônicas, como diabetes, obesidade, câncer e doenças
do coração, ligadas à alimentação rica em gordura,
sedentarismo e consumo de tabaco e bebidas alcoólicas.
As doenças
crônicas não-transmissíveis representam, segundo dados da
OMS, 59% dos 56,5 milhões de óbitos calculados anualmente.
Desse total, 7,9%, ou 4,4 milhões são decorrentes do alto nível
de colesterol. A hipertensão representa 13 % do total, ou 7,1
milhões de perdas, e às diabetes são atribuídas cerca de 4
milhões de mortes por ano. Quanto as doenças do coração,
as mortes anuais chegam a 16,6 milhões.