Centro de Saúde dá aulas de culinária e estimula prática de exercícios para tratar diabetes

19/11/2003

Dieta alimentar e atividade física são tão importantes
quanto o remédio no controle da doença

Denize Assis

Um trabalho desenvolvido pelo Centro de Saúde Santa Mônica pretende conscientizar pacientes com diabetes de que a dieta alimentar adequada e a prática de exercícios são tão importantes quanto o uso de medicamentos para evitar que a doença comprometa os rins ou cause outras complicações. O trabalho inclui aulas de culinária e estímulo a prática de atividades físicas.

O problema renal decorrente do diabetes é o enfoque principal da campanha lançada no dia mundial contra o diabetes, na última sexta-feira, 14 de novembro, no Brasil e em outros 139 países. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o diabetes é a principal causa da nefropatia diabética - comprometimento crônico e progressivo dos rins. Os dados da organização ainda apontam que as doenças renais atingem um terço dos diabéticos no mundo.

Em Campinas, a estimativa é que existam 17.244 pacientes com diabetes, segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde nesta quarta-feira, 19 de novembro. Destes, pelo menos 6,17% - 1.048 – já desenvolveram ou vão desenvolver complicações.

O trabalho mantido pelo Centro de Saúde Santa Mônica é desenvolvido pela dentista Silvana Incerpi Anconi, de 42 anos. Ela conta que idealizou o projeto a partir da sua própria experiência de vida – Silvana desenvolveu diabetes aos 5 anos de idade - e das constatações feitas durante o atendimento no consultório sobre o grande número de pacientes propensos ao diabetes e às suas complicações.

O trabalho consiste em informar e conscientizar o portador de diabetes sobre a doença e estimular para que ele adote uma dieta adequada e faça exercícios. O grande diferencial, no entanto, são as aulas de culinária durante as quais Silvana ensina pacientes a preparar um cardápio saudável, sem que os alimentos tenham gosto de "comida de doente". Nos encontros as pessoas aprendem a fazer desde o café da manhã, com requeijão light e geléia diet, até o almoço e o jantar e as opções para os intervalos entre as refeições.

"A estratégia é dizer aquilo que as pessoas devem comer", disse Silvana. A dentista considera que a dieta saudável deveria ser regra para todos, independente da pessoa ter ou não diabetes, para garantir qualidade de vida. "Durante as aulas, trabalho no sentido de convencer as pessoas a ter uma vida melhor. Também desenvolvo atividades para estimular a auto-estima e a autonomia", afirmou. Os encontros ocorrem uma vez por mês na sede da Sociedade Amigos de Bairro do Santa Mônica.

Tipos. A médica generalista Auxiliadora Zanin, coordenadora da Saúde do Adulto na Prefeitura de Campinas, explicou que existem dois tipos de diabetes. A do tipo 1 afeta principalmente crianças e adolescentes e responde por 5% a 10% dos casos e ocorre quando o pâncreas não produz a insulina necessária e o portador necessita de injeções da substância para controlar os níveis de glicose (açúcar) no sangue.

A diabetes do tipo 2 é mais comum e ocorre principalmente em adultos e idosos, particularmente em quem está acima do peso. O corpo não consegue fazer um uso eficaz da insulina produzida. Apesar disso, nem sempre essas pessoas precisam de injeção. Elas podem controlar a doença cuidando da alimentação, fazendo exercícios físicos e/ou usando comprimidos.

Dora reforça que a dieta alimentar e os exercícios são tão importantes quanto o remédio no controle da doença. E lembra que, em Campinas, 87% dos pacientes atendidos na rede pública de saúde são totalmente dependentes de medicamentos.

Segundo a médica, quem corre maior risco de ter a doença são pessoas com histórico familiar, excesso de peso, com mais de 45 anos, sedentários, mulheres que tiveram diabetes na gravidez e pessoas com anormalidades no metabolismo do diabetes.

Os sintomas são vontade freqüente de urinar, excesso de sede e boca seca, cansaço extremo e perda de energia, fome constante, perda rápida de peso, visão embaçada e infecções que se repetem. Pessoas com sintomas devem procurar a equipe de saúde e fazer o teste de glicose. Para quem apresenta risco, é necessário refazer o exame a cada seis meses.

Ações. As estratégias da Secretaria de Saúde na assistência aos pacientes diabéticos incluem ações que visam a ampliação do acesso da população ao diagnóstico, tratamento e controle da doença. Os medicamentos utilizados no tratamento são todos disponibilizados gratuitamente na rede pública de saúde.

Além disso, as equipes trabalham com a questão do vínculo e desenvolvem projeto terapêutico para cada paciente individualmente. Também são disponibilizadas terapias complementares como caminhada e grupos informativos para troca de experiência e desenvolvimento de atividade terapêutica. As pessoas ainda podem utilizar recursos da fitoterapia, homeopatia e da medicina chinesa, como ginástica lian gong e acupuntura.

A equipe de saúde promove a interação do paciente com os diversos segmentos do sistema de saúde do município e proporciona o acesso a cultura popular, grupos de corte/costura e artesanatos em geral. Os pacientes ainda recebem assistência à saúde bucal e estímulo a auto-estima, ao autocuidado e ao exercício da cidadania além de orientação nutricional e educação alimentar.

História. O Dia Mundial de Diabetes é a mais importante campanha mundial de informação sobre a doença. A data foi celebrada pela primeira vez em 1991, pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS), para alertar a população sobre o aumento contínuo dos índices de diabetes em todo mundo. O dia 14 de novembro foi escolhido por ser o aniversário do médico canadense Frederick Banting, um dos descobridores da insulina, em 1921.

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