Atendimento domiciliar completa 10 anos e amplia serviço no município

25/11/2003

Marco Aurélio Capitão

Para comemorar os 10 anos de implantação do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), no próximo dia 27, a Secretaria de Saúde promove uma mesa redonda com servidores municipais, representantes do Conselho Municipal de Saúde e técnicos e especialistas em saúde para discutir a ampliação deste modelo de atendimento para todo o município. O evento será as 14h na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas, na rua Delfino Cintra, 63.

O SAD presta assistência a pacientes acamados que dependem de cuidados multiprofissionais de média e alta complexidade, nas residências dos pacientes. A equipe é formada por médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, auxiliares de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais, além do pessoal administrativo.

Idealizado para funcionar com apoio dos Centros de Saúde Orosimbo Maia e Paranapanema, Região Sul de Campinas, hoje o SAD atende as populações das áreas de abrangência de doze centros de saúde da Região Sul.

Em 2001, o Serviço apoiava os centros de saúde Esmeraldina, Orosimbo Maia, Paranapanema, Santa Odila, São Vicente e Vila Ipê. No ano seguinte, o atendimento foi estendido para localidades junto aos centros de saúde Faria Lima, Figueira e Vila Rica. Em 2003, o SAD chegou nos centros de saúde Carvalho de Moura, São Domingos e nas Unidades de Saúde da Família do São José.

Com essa abrangência, o Serviço de Atendimento Domiciliar, atualmente, dá assistência a 129 pacientes, sendo 29 no Paranapanema, 14 Faria Lima, 21 no Orosimbo Maia, 8 no Santa Odila, um no Carvalho de Moura, 8 no Esmeraldina, 22 na Vila Ipê, 8 no São Vicente, 8 no Figueira, 3 no Vila Rica, 5 no São José e 2 no São Domingos.

A clientela do SAD é formada por pacientes clinicamente estáveis que prescindem da ampla gama de serviços oferecidos pelos hospitais, portadores de doenças agudas ou crônicas, pessoas com seqüelas e câncer, doentes sem possibilidade terapêutica (terminais) ou com incapacidade de locomover-se.

A grande diferença do atendimento domiciliar, em comparação como o tratamento convencional, nos hospitais, conforme explica Mônica Regina Prado de Toledo, coordenadora do SAD, está, sobretudo, na manutenção do vínculo familiar dos pacientes. Segundo ela, "os familiares são capacitados para cuidar e, com o apoio da nossa equipe, conseguem mesclar a convivência amorosa com o cuidado da saúde".

Mônica lembra que outra grande vantagem do atendimento domiciliar é que ele consegue diminuir a média de permanência nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), além de reduzir as complicações decorrentes da internação. A coordenadora lembra que "o ambiente doméstico e o contato com familiares propiciam um cuidado diferenciado que, sem dúvida, resulta em qualidade de vida".

De acordo com Mônica, nesta administração, com o Programa Paidéia, o SAD teve avanços importantes com ampliação do serviço, contratação de pessoal e aquisição de novos equipamentos, o que facilitou e qualificou o atendimento.

Ela lembra que essa iniciativa considera os instrumentos básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) que são o vínculo, a responsabilização e a resolutividade, e atua conforme as diretrizes do Paidéia. Esse modo de trabalho, segundo a coordenadora, propõe um modelo de cuidado desvinculado do enfoque clínico tradicional, o que propicia a reorganização de núcleos familiares em torno de pacientes ditos "fora de possibilidade terapêutica".

Mônica explica que é muito importante o atendimento domiciliar estar vinculado com um hospital, como é o caso do Hospital Mário Gatti que dá apoio ao serviço prestado na Região Sul e parte da Sudoeste. Por isso, a ampliação do SAD para as Região Noroeste e parte da Sudoeste estaria condicionada à retaguarda do Hospital Celso Pierro, da Pontifícia Universidade Católica (Puc-Campinas), da mesma forma que o Hospital de Clínica (HC), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Irmandade de Misericórdia de Campinas dariam suporte para as regiões Leste e Norte, conforme projeto elaborado em novembro de 2001.

Pacientes recebem atendimento seis estrelas

Acamada desde agosto de 1999, Piedade Geraldo, 80 anos, passou a receber a visita dos profissionais do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) em janeiro de 2000. Hoje,

após quatro anos de convivência a equipe, sobra adjetivos para a família Geraldo avaliar o serviço recebido.

"É um trabalho maravilhoso que deveria ser ampliado para toda a cidade. A dedicação dessas pessoas é algo que chama a atenção de qualquer um", afirma a professora Rosa Maria Geraldo, filha de dona Piedade. Ela conta que as visitas são semanais, mas, "se for preciso, eles vêm duas e até três vezes por semana".

Fragilizada devido ao Alzheimer, agravado pela hipertensão e diabete, dona Piedade reage pouco aos estímulos externos. "Para os cuidadores do SAD isso não importa.. Eles conhecem bem minha mãe, conversam com ela e sabem como fazer ela se sentir bem".

Com a mesma atenção, a equipe de cuidadores do SAD visita semanalmente a residência de dona Odila Zanotelo Beck, 83 anos, na Vila Marieta. Com o sistema nervoso comprometido por um AVC (Acidente Vascular Cerebral), dona Odila é atendida em seu leito há oito anos pelo Serviço de Atendimento Domiciliar.

"Não tenho palavras para falar sobre o SAD. Minha mãe não precisa ser levada ao hospital, pois eles vêm aqui e, se for preciso, colhem fezes, urina e sangue para exames de laboratório, cuidam, aplicam a medicação e tudo com muito amor e carinho", relata a dona de casa Lídia Beck Goulart, filha de dona Odila.

"Além disso, a nutricionista do SAD escreve a dieta que é feita por sonda, nós preparamos aqui mesmo em casa e isso facilita a vida de todos. Uma vez – conta a dona de casa – eu encontrei o doutor Gastão (Gastão Wagner de Souza, ex-secretário de Saúde de Campinas e atual secretário nacional de Saúde do Ministério da Saúde) e falei que o atendimento do SAD é seis estrelas".

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