Marco Aurélio
Capitão
Para
comemorar os 10 anos de implantação do Serviço de
Atendimento Domiciliar (SAD), no próximo dia 27, a Secretaria
de Saúde promove uma mesa redonda com servidores municipais,
representantes do Conselho Municipal de Saúde e técnicos e
especialistas em saúde para discutir a ampliação deste
modelo de atendimento para todo o município. O evento será
as 14h na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas, na rua
Delfino Cintra, 63.
O SAD presta
assistência a pacientes acamados que dependem de cuidados
multiprofissionais de média e alta complexidade, nas residências
dos pacientes. A equipe é formada por médicos, enfermeiros,
terapeutas ocupacionais, auxiliares de enfermagem,
fisioterapeutas, assistentes sociais, além do pessoal
administrativo.
Idealizado
para funcionar com apoio dos Centros de Saúde Orosimbo Maia e
Paranapanema, Região Sul de Campinas, hoje o SAD atende as
populações das áreas de abrangência de doze centros de saúde
da Região Sul.
Em 2001, o
Serviço apoiava os centros de saúde Esmeraldina, Orosimbo
Maia, Paranapanema, Santa Odila, São Vicente e Vila Ipê. No
ano seguinte, o atendimento foi estendido para localidades
junto aos centros de saúde Faria Lima, Figueira e Vila Rica.
Em 2003, o SAD chegou nos centros de saúde Carvalho de Moura,
São Domingos e nas Unidades de Saúde da Família do São José.
Com essa
abrangência, o Serviço de Atendimento Domiciliar,
atualmente, dá assistência a 129 pacientes, sendo 29 no
Paranapanema, 14 Faria Lima, 21 no Orosimbo Maia, 8 no Santa
Odila, um no Carvalho de Moura, 8 no Esmeraldina, 22 na Vila
Ipê, 8 no São Vicente, 8 no Figueira, 3 no Vila Rica, 5 no São
José e 2 no São Domingos.
A clientela
do SAD é formada por pacientes clinicamente estáveis que
prescindem da ampla gama de serviços oferecidos pelos
hospitais, portadores de doenças agudas ou crônicas, pessoas
com seqüelas e câncer, doentes sem possibilidade terapêutica
(terminais) ou com incapacidade de locomover-se.
A grande
diferença do atendimento domiciliar, em comparação como o
tratamento convencional, nos hospitais, conforme explica Mônica
Regina Prado de Toledo, coordenadora do SAD, está, sobretudo,
na manutenção do vínculo familiar dos pacientes. Segundo
ela, "os familiares são capacitados para cuidar e, com o
apoio da nossa equipe, conseguem mesclar a convivência
amorosa com o cuidado da saúde".
Mônica
lembra que outra grande vantagem do atendimento domiciliar é
que ele consegue diminuir a média de permanência nos
hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), além de reduzir
as complicações decorrentes da internação. A coordenadora
lembra que "o ambiente doméstico e o contato com
familiares propiciam um cuidado diferenciado que, sem dúvida,
resulta em qualidade de vida".
De acordo com
Mônica, nesta administração, com o Programa Paidéia, o SAD
teve avanços importantes com ampliação do serviço,
contratação de pessoal e aquisição de novos equipamentos,
o que facilitou e qualificou o atendimento.
Ela lembra
que essa iniciativa considera os instrumentos básicos do
Sistema Único de Saúde (SUS) que são o vínculo, a
responsabilização e a resolutividade, e atua conforme as
diretrizes do Paidéia. Esse modo de trabalho, segundo a
coordenadora, propõe um modelo de cuidado desvinculado do
enfoque clínico tradicional, o que propicia a reorganização
de núcleos familiares em torno de pacientes ditos "fora
de possibilidade terapêutica".
Mônica
explica que é muito importante o atendimento domiciliar estar
vinculado com um hospital, como é o caso do Hospital Mário
Gatti que dá apoio ao serviço prestado na Região Sul e
parte da Sudoeste. Por isso, a ampliação do SAD para as Região
Noroeste e parte da Sudoeste estaria condicionada à
retaguarda do Hospital Celso Pierro, da Pontifícia
Universidade Católica (Puc-Campinas), da mesma forma que o
Hospital de Clínica (HC), da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) e a Irmandade de Misericórdia de Campinas
dariam suporte para as regiões Leste e Norte, conforme
projeto elaborado em novembro de 2001.
Pacientes
recebem atendimento
seis estrelas
Acamada desde
agosto de 1999, Piedade Geraldo, 80 anos, passou a receber a
visita dos profissionais do Serviço de Atendimento Domiciliar
(SAD) em janeiro de 2000. Hoje,
após quatro
anos de convivência a equipe, sobra adjetivos para a família
Geraldo avaliar o serviço recebido.
"É um
trabalho maravilhoso que deveria ser ampliado para toda a
cidade. A dedicação dessas pessoas é algo que chama a atenção
de qualquer um", afirma a professora Rosa Maria Geraldo,
filha de dona Piedade. Ela conta que as visitas são semanais,
mas, "se for preciso, eles vêm duas e até três vezes
por semana".
Fragilizada
devido ao Alzheimer, agravado pela hipertensão e diabete,
dona Piedade reage pouco aos estímulos externos. "Para
os cuidadores do SAD isso não importa.. Eles conhecem bem
minha mãe, conversam com ela e sabem como fazer ela se sentir
bem".
Com a mesma
atenção, a equipe de cuidadores do SAD visita semanalmente a
residência de dona Odila Zanotelo Beck, 83 anos, na Vila
Marieta. Com o sistema nervoso comprometido por um AVC
(Acidente Vascular Cerebral), dona Odila é atendida em seu
leito há oito anos pelo Serviço de Atendimento Domiciliar.
"Não
tenho palavras para falar sobre o SAD. Minha mãe não precisa
ser levada ao hospital, pois eles vêm aqui e, se for preciso,
colhem fezes, urina e sangue para exames de laboratório,
cuidam, aplicam a medicação e tudo com muito amor e
carinho", relata a dona de casa Lídia Beck Goulart,
filha de dona Odila.
"Além
disso, a nutricionista do SAD escreve a dieta que é feita por
sonda, nós preparamos aqui mesmo em casa e isso facilita a
vida de todos. Uma vez – conta a dona de casa – eu
encontrei o doutor Gastão (Gastão Wagner de Souza, ex-secretário
de Saúde de Campinas e atual secretário nacional de Saúde
do Ministério da Saúde) e falei que o atendimento do SAD é
seis estrelas".