Talita El Kadri
Preocupada
com o aumento das chuvas na cidade, a Secretaria de Saúde de
Campinas intensificou nos últimos dias as orientações e ações
de prevenção à leptospirose para a população. A Vigilância
em Saúde (Visa) do município quer alertar equipes do Paidéia
– Saúde da Família, dos hospitais e demais profissionais
da rede municipal de saúde para o diagnóstico e tratamento
precoce da doença.
O objetivo
das atividades é diminuir as complicações e mortes entre
pessoas acometidas. A leptospirose é uma doença grave
transmitida ao homem principalmente pela urina do rato. A bactéria
é eliminada no meio ambiente e pode sobreviver principalmente
em locais úmidos, como lama, água e margens de córregos.
De acordo com
a enfermeira sanitarista da Visa de Campinas, Brigina Kemp, o
aumento no número de casos da doença é comum nessa época
do ano pois, com as chuvas, os ratos saem mais de seus abrigos
e as pessoas ficam mais expostas ao contato com a bactéria,
devido às enchentes ou alagamentos.
Ela informa
que, diferente do que a maioria das pessoas pensa, as bactérias
causadoras da doença não estão apenas na água, mas também
na lama. Por isso, é necessário ter cuidados com a limpeza
de áreas atingidas por enchentes, já que a bactéria
continua no local após o escoamento da água dos alagamentos.
"O homem
pode infectar-se ao entrar em contato com água contaminada ou
com a lama concentrada com bactérias, especialmente se tiver
cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas, ou por meio da
ingestão de alimentos, medicamentos e da água de beber
contaminados", afirma.
Os sintomas
da leptospirose são vômitos, dores musculares,
principalmente na barriga da perna, dor de cabeça, coloração
amarelada da pele, calafrios, alteração de volume urinário,
febre elevada, fraqueza e hemorragias na pele e mucosas.
"Ao apresentar esses sinais, principalmente se tiver
passado por alguma situação de risco para a doença, a
pessoa deve procurar rapidamente a unidade de saúde mais próxima
de sua casa", alerta Brigina.
Últimos
anos.
Em Campinas, de acordo com a Visa, no ano de 2.000 foram
confirmados 27 casos, dos quais sete morreram, o que
representa uma taxa de mortalidade de 26%. Em 2.001, foram 39
confirmações com nove mortes (23%). Em 2.002, a vigilância
em saúde registrou 20 casos e dois óbitos (10%) e, em 2003,
foram confirmadas 31 notificações e quatro mortes (13%).
Este ano,
dados preliminares mostram que houve 15 casos confirmados, dos
quais 14 evoluíram para cura e um ainda está em andamento. A
Secretaria Municipal de Saúde informa que a letalidade
esperada da doença é de 9% a 20% conforme a gravidade do
caso e as condições de assistência.
Quadro:
Medidas de
prevenção
Evitar a
multiplicação dos ratos, mantendo o meio ambiente o mais
limpo possível e destinando adequadamente os restos de
alimento;
O lixo doméstico
deve ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do
caminhão de coleta passar;
O alimento
para animais domésticos deve ser disposto apenas no horário
da alimentação dos mesmos e as sobras devem ser removidas e
descartadas adequadamente;
Buracos entre
telhas, paredes e rodapés devem ser vedados;
Quintais,
terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos
sem entulhos e outros objetos;
À noite,
objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados;
A caixa d'água
precisa ser mantida limpa e tampada e os canos com aparas que
impeçam a subida dos ratos ao reservatório.
Em caso de
enchente:
O contato
direto com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes
deve ser evitado sempre, durante a limpeza, a pessoa deve usar
roupas apropriadas para se proteger;
Chão,
paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente
devem ser lavados com sabão e hipoclorito de sódio (ou água
sanitária) na proporção de 1 copo do produto para 1 balde
de 20 litros de água. O hipoclorito pode ser encontrado nas
unidades de saúde da rede pública municipal;
Todos os
alimentos e remédios atingidos pela inundação devem ser
descartados;
Se a caixa d'água
foi invadida, não usar esta água antes da desinfecção do
reservatório;