A política
de saúde mental implementada pela Secretaria de Saúde
de Campinas será apresentada entre hoje e
quarta-feira, 7 a 9 de novembro, em Brasília, para
gestores do setor de vários países do mundo durante
a Conferência Regional de Reforma dos Serviços de
Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. O evento
é uma iniciativa conjunta do Ministério da Saúde e
Organização Panamericana da Saúde (Opas) e reúne
representantes da Espanha, Chile, Jamaica, México,
Canadá, Cuba, Nicarágua, Peru, Argentina, entre
outros.
Campinas
vai estar representada pela psicóloga Elza Lauretti
Guarido, coordenadora municipal de saúde mental, que
expõe hoje, dia 7, a partir das 16h15, durante a sessão
‘Experiências inovadoras de saúde mental’, o
trabalho do município e que terá como tema A
experiência de desenvolvimento de serviços na
comunidade em Campinas.
Segundo
José Miguel Caldas de Almeida, chefe da unidade de Saúde
Mental e Programas Especializados da Opas, a conferência
tem como objetivos reunir informação necessária
para um diagnóstico rigoroso da situação atual da
reforma de saúde mental na Região das Américas, em
especial no que diz respeito ao desenvolvimento e à
qualidade dos serviços; analisar os processos de
reforma desenvolvidos na Região, êxitos e fracassos
e fatores que possam explicá-los; estabelecer as
bases de um plano de ação regional para os próximos
cinco anos, com metas bem definidas, de acordo com as
necessidades de cada país e promover formas de
cooperação necessárias para uma implementação bem
sucedida do plano de ação.
Rede
ampliada.
Campinas foi uma das cidades pioneiras do Brasil a
responder à reforma psiquiátrica que tem como
diretriz o cuidar em liberdade, o que significa que
cada vez menos o hospital é o destino dos portadores
de transtornos mentais. Dentro desta política de atuação,
a Secretaria Municipal de Saúde fechou hospícios e
iniciou a construção de uma rede extra-hospitalar
com a inserção das pessoas no meio social por meio
dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e da
garantia de residências terapêuticas e do acesso ao
trabalho e ao lazer.
Na
concepção da reforma psiquiátrica, o modelo
centrado na atenção hospitalar não reabilita
totalmente o paciente. Quando isolado, o portador de
transtornos mentais não consegue se ressocializar e
perde sua individualidade.
Dentro
deste contexto, foram criados os Caps como serviços
de atenção diária, usados para substituir as
internações hospitalares, onde são oferecidos desde
cuidados clínicos até atividades de reinserção
social do paciente. A equipe de profissionais dos Caps
é multidisciplinar, justamente para prestar
atendimento integrado ao paciente. O grupo é formado
por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
assistentes sociais, enfermeiras e auxiliares de
enfermagem.
Atualmente,
o Sistema Único de Saúde (SUS) de Campinas dispõe
de uma rede de cuidados comunitários de saúde mental
constituída por nove Centros de Atenção
Psicossocial (Caps), quatro deles com 32 leitos, sendo
um voltado para atendimento de crianças e
adolescentes (Capsi) e um às pessoas que sofrem com
transtornos causados pelo uso prejudicial de álcool e
outras drogas (Caps/AD).
Também
integram esta rede, três Centros de Convivência, que
são espaços onde as pessoas desenvolvem trabalhos em
esquema de cooperativa e participam de oficinas de dança,
música, ginástica, ioga e de outros momentos de convívio.
O município ainda disponibiliza mais de 30 repúblicas
ou residências terapêuticas com aproximadamente 150
pacientes ex-moradores de hospitais psiquiátricos, várias
oficinas de profissionalização e mais de 300 postos
de geração de renda para os usuários.
Além
disso, a cidade integra o De Volta para Casa – um
programa Ministério da Saúde que destina um benefício
mensal em dinheiro para ajudar no processo de
ressocialização de portadores de transtornos mentais
que tenham passado pelo menos dois anos internados em
hospitais e clínicas psiquiátricas.
A
Secretaria Municipal de Saúde tem atuado, ainda, para
ampliar os serviços de saúde mental nos centros de
saúde e, numa ação inédita no País, implantou,
nos últimos anos, serviço psiquiátrico de plantão
no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Com esta infra-estrutura, Campinas tornou-se, então,
referência na área da saúde mental e é apontada
– ao lado de Santos – como pioneira nos avanços
da reforma psiquiátrica no país.
"Durante
a conferência, vamos apresentar a trajetória de
Campinas, com principais avanços e desafios. Com
certeza será o momento de uma ampla troca de experiências
e também de uma grande avaliação", diz a
coordenadora municipal de saúde mental, Elza Lauretti.
Denize
Assis