Lian gong reúne grupo de mais de 100 no Santa Odila

09/11/2005

Sob orientação da equipe do Centro de Saúde (CS) Santa Odila, um grupo de mais de 100 pessoas reúne-se duas vezes por semana, no salão de festas da Igreja de Santo Antônio, na avenida da Saudade, para praticar a ginástica chinesa lian gong. A técnica integra o grupo de práticas integrativas – acupuntura, homeopatia, fitoterapia, lian gong, entre outras - oferecidas pela rede pública de saúde de Campinas e que, na maioria dos municípios brasileiros, ainda é restrita a consultórios e clínicas particulares.

Numa série de 36 exercícios, o lian gong trabalha a musculatura, as articulações e tendões do corpo todo. "A prática é recomendada para dores crônicas osteomuculares, além de outras queixas, e é utilizada na prevenção de agravos à saúde. Teoricamente, qualquer cidadão pode praticá-la. Para participar, basta o interesse da pessoa", diz Ângela Marta Ziole, agente comunitária de saúde do CS Santa Odila que orienta o grupo de lian gong da igreja Santo Antônio.

Baseada na tradicional medicina chinesa, a ginástica lian gong foi criada há apenas 30 anos por um ortopedista chinês. E, em Campinas, passou a ser utilizada e expandia no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do projeto Corpo em Movimento, da Secretaria de Saúde, e virou um sucesso entre os usuários.

Uma das adeptas é a dona de casa Aparecida Urbano Beraldo, que participa da atividade na igreja Santo Antônio. Ela diz que a ginástica chinesa a ajudou a se recuperar das seqüelas de um aneurisma. "Tenho 80 anos e, depois do problema, não andava, não mexia com o braço esquerdo e quase não falava, mas desde que comecei com o lian gong tenho melhorado a cada dia. É bom mesmo. Além disso, não pago nada", afirmou.

A aposentada Neide Pereira Baldovinotti, de 60 anos, conta que também passou a se sentir melhor, mais saudável com o lian gong. "Tomei conhecimento desta ginástica por meio da minha filha, que atua na área da saúde. Passei a vir e me rendi à prática. Tanto que trouxe também minha sobrinha e minha irmã. Quando por algum motivo, como nos feriados por exemplo, deixamos de ter a aula, sinto falta", afirmou.

Para a agente de saúde Ângela, o reflexo maior é a satisfação por parte da população. Além disso, a prática diminui a utilização de medicamentos, a demanda por especialidades, internações e a procura pelo pronto-socorro. "E tudo isto diminui custos para a saúde pública", diz a orientadora da ginástica.

E a fala de Ângela é endossada por todos integrantes do grupo, que são unânimes em afirmar que realmente a satisfação é grande. "Me curei da tendinite, com o lian gong, sem remédio. Além disso, as sessões me proporcionam momentos de muita alegria. Sem dúvida é muito bom", disse Maria José Beck Rosa, de 60 anos.

Para a dona de casa Arlinda Camargo, de 82 anos, que vai para a ginástica com a vizinha e amiga Maria das Neves, o lian gong significou saúde e alegria. "Passei por uma cirurgia de mamas e precisava me exercitar. Com a prática passei a me sentir muito bem. É bom para o corpo e para a cabeça. Fiz amizades e até viajo" afirmou.

O local para a realização da ginástica é cedido pela Paróquia Santo Antônio, com apoio do Movimento da 3ª Idade que integra a Pastoral da Melhor Idade da Paróquia.

Expansão. Segundo o médico acupunturista William Hyppólito Ferreira, Coordenador Municipal da Saúde Integrativa, a Secretaria de Saúde de Campinas tem como diretriz expandir as práticas Integrativas na rede pública municipal de saúde. "A meta é ampliar o acesso a essas possibilidades. Nosso objetivo é que os cidadãos conheçam estas práticas e possam fazer sua escolha", afirma William.

Atualmente, a Secretaria de Saúde de Campinas disponibiliza, na sua rede própria de serviços, além do lian gong, acupuntura, homeopatia, fitoterapia e ginástica postural. A pasta tem feito contatos para ampliar o leque de opções, como yoga e meditação médica (Ch´an tao).

William informa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está cada vez mais incentivando e recomendando a adoção dessas modalidades de atenção à saúde. Segundo ele, tanto o lian gong como outras práticas integrativas estão sendo cada vez mais adotadas pelos países desenvolvidos. "Esta política fortalece os princípios do SUS, de humanização e integralidade", diz o acupunturista.

Denize Assis

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