Sob
orientação da equipe do Centro de Saúde (CS) Santa
Odila, um grupo de mais de 100 pessoas reúne-se duas
vezes por semana, no salão de festas da Igreja de
Santo Antônio, na avenida da Saudade, para praticar a
ginástica chinesa lian gong. A técnica integra o
grupo de práticas integrativas – acupuntura,
homeopatia, fitoterapia, lian gong, entre outras -
oferecidas pela rede pública de saúde de Campinas e
que, na maioria dos municípios brasileiros, ainda é
restrita a consultórios e clínicas particulares.
Numa
série de 36 exercícios, o lian gong trabalha a
musculatura, as articulações e tendões do corpo
todo. "A prática é recomendada para dores crônicas
osteomuculares, além de outras queixas, e é
utilizada na prevenção de agravos à saúde.
Teoricamente, qualquer cidadão pode praticá-la. Para
participar, basta o interesse da pessoa", diz Ângela
Marta Ziole, agente comunitária de saúde do CS Santa
Odila que orienta o grupo de lian gong da igreja Santo
Antônio.
Baseada
na tradicional medicina chinesa, a ginástica lian
gong foi criada há apenas 30 anos por um ortopedista
chinês. E, em Campinas, passou a ser utilizada e
expandia no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do
projeto Corpo em Movimento, da Secretaria de Saúde, e
virou um sucesso entre os usuários.
Uma
das adeptas é a dona de casa Aparecida Urbano Beraldo,
que participa da atividade na igreja Santo Antônio.
Ela diz que a ginástica chinesa a ajudou a se
recuperar das seqüelas de um aneurisma. "Tenho
80 anos e, depois do problema, não andava, não mexia
com o braço esquerdo e quase não falava, mas desde
que comecei com o lian gong tenho melhorado a cada
dia. É bom mesmo. Além disso, não pago nada",
afirmou.
A
aposentada Neide Pereira Baldovinotti, de 60 anos,
conta que também passou a se sentir melhor, mais saudável
com o lian gong. "Tomei conhecimento desta ginástica
por meio da minha filha, que atua na área da saúde.
Passei a vir e me rendi à prática. Tanto que trouxe
também minha sobrinha e minha irmã. Quando por algum
motivo, como nos feriados por exemplo, deixamos de ter
a aula, sinto falta", afirmou.
Para
a agente de saúde Ângela, o reflexo maior é a
satisfação por parte da população. Além disso, a
prática diminui a utilização de medicamentos, a
demanda por especialidades, internações e a procura
pelo pronto-socorro. "E tudo isto diminui custos
para a saúde pública", diz a orientadora da ginástica.
E a
fala de Ângela é endossada por todos integrantes do
grupo, que são unânimes em afirmar que realmente a
satisfação é grande. "Me curei da tendinite,
com o lian gong, sem remédio. Além disso, as sessões
me proporcionam momentos de muita alegria. Sem dúvida
é muito bom", disse Maria José Beck Rosa, de 60
anos.
Para
a dona de casa Arlinda Camargo, de 82 anos, que vai
para a ginástica com a vizinha e amiga Maria das
Neves, o lian gong significou saúde e alegria.
"Passei por uma cirurgia de mamas e precisava me
exercitar. Com a prática passei a me sentir muito
bem. É bom para o corpo e para a cabeça. Fiz
amizades e até viajo" afirmou.
O
local para a realização da ginástica é cedido pela
Paróquia Santo Antônio, com apoio do Movimento da 3ª
Idade que integra a Pastoral da Melhor Idade da Paróquia.
Expansão.
Segundo o médico acupunturista William Hyppólito
Ferreira, Coordenador Municipal da Saúde Integrativa,
a Secretaria de Saúde de Campinas tem como diretriz
expandir as práticas Integrativas na rede pública
municipal de saúde. "A meta é ampliar o acesso
a essas possibilidades. Nosso objetivo é que os cidadãos
conheçam estas práticas e possam fazer sua
escolha", afirma William.
Atualmente,
a Secretaria de Saúde de Campinas disponibiliza, na
sua rede própria de serviços, além do lian gong,
acupuntura, homeopatia, fitoterapia e ginástica
postural. A pasta tem feito contatos para ampliar o
leque de opções, como yoga e meditação médica (Ch´an
tao).
William
informa que a Organização Mundial da Saúde (OMS)
está cada vez mais incentivando e recomendando a adoção
dessas modalidades de atenção à saúde. Segundo
ele, tanto o lian gong como outras práticas
integrativas estão sendo cada vez mais adotadas pelos
países desenvolvidos. "Esta política fortalece
os princípios do SUS, de humanização e
integralidade", diz o acupunturista.
Denize
Assis