Campinas
promove a partir das 19h desta quarta-feira, dia 30 de
novembro, véspera do Dia Mundial de Luta contra a
Aids, na praça da Catedral Metropolitana, um ato
inter-religioso com o acendimento de centenas de velas
vermelhas na forma do laço da prevenção e
solidariedade, símbolo mundial da luta contra doença.
O
evento, chamado de Candle Light/Vigília, tem como
objetivo homenagear os 4.416 casos de Aids notificados
no município desde a década de 80 e reforçar o
compromisso da cidade no combate a doença, o estigma
e o preconceito que acompanham as pessoas que vivem
com HIV/Aids. Após a Vigília, no Centro de Referência
em DST/Aids, acontece a festa Walk for Life: Quem não
caminha dança, com apresentação do show
Sombras, com Léo Áquila. O Centro de Referência
fica na rua Regente Feijó, 637, no Centro.
De
acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 30 de
novembro, pela Vigilância Epidemiológica da
Secretaria Municipal de Saúde, a epidemia de Aids em
Campinas se apresenta estável, com tendência de declínio
para algumas categorias - como usuários de drogas
injetáveis – e crescimento persistente entre as
mulheres em todas as faixas etárias – feminilização
da epidemia -, com exceção das menores de cinco
anos, além de um aumento no percentual de casos entre
homossexuais do sexo masculino.
Segundo
análise da Vigilância Epidemiológica, a situação
da mulher quanto à Aids é bastante importante,
principalmente em relação à forma de transmissão.
"O risco de uma mulher se contaminar por meio de
uma relação heterossexual desprotegida com parceiro
infectado é naturalmente maior que o risco de um
homem em situação inversa", afirma a enfermeira
sanitarista Maria Cristina Ilário, coordenadora do
Programa Municipal de DST/Aids de Campinas.
Faixa
etária e sexo.
Os dados da Vigilância apontam que a distribuição
por faixa etária mantém maior incidência nas idades
entre 30 a 49 anos. Também mostram aumento na população
de 50 a 59 anos, faixa etária que apontou incremento
de aproximadamente 5 vezes em 2003 em relação ao número
de casos notificados em 1991.
"Podemos
inferir que o aumento da sobrevida no país,
decorrente de incremento tecnológico em saúde e políticas
públicas voltadas para a qualidade de vida na
terceira idade, vem caracterizando uma nova
vulnerabilidade para faixas etárias acima de 50 anos,
possivelmente também associada à atividade sexual
preservada", afirma Cristina Ilário.
Em
relação à distribuição por sexo, no início da
epidemia havia uma predominância grande de casos no
sexo masculino sobre os casos no sexo feminino. Em
1987, para cada 11 homens com Aids havia uma mulher
(11/1). Atualmente, a razão é de 2/1.
Distribuição
geográfica.
Além das mudanças de natureza etária, categoria de
exposição e de gênero, segundo dados divulgados
nesta quarta-feira, houve também mudanças na
distribuição geográfica. No início dos anos 90, as
maiores incidências ocorriam nas regiões Norte e
Leste, áreas onde se concentram os bairros de população
de maior renda. Já nos últimos cinco anos, houve
diminuição na incidência nestas regiões com
aumento nas regiões Sul, Sudoeste e Noroeste, onde
residem populações de menor renda.
"Essas
mudanças também podem ser atribuídas à melhoria do
acesso dos pacientes aos serviços de saúde daquelas
regiões - onde houve aumento -, assim como à
melhoria do diagnóstico pelas unidades de saúde",
diz a enfermeira sanitarista Brigina Kemp,
coordenadora da Vigilância Epidemiológica da
Secretaria de Saúde de Campinas .
Cristina
Ilário e Brigina afirmam que a análise dos dados é
fundamental no sentido de incrementar as ações
educativas e de prevenção. Segundo as sanitaristas,
a Aids, como toda doença, tem uma epidemiologia dinâmica
em função das mudanças tecnológicas, culturais,
demográficas entre outras. "É importante
estarmos atentos para estas mudanças para que
possamos ser mais efetivos nas medidas de controle que
incluem também e principalmente orientação à
população e priorização de grupos para enfocar
medidas de prevenção".
Denize
Assis