Campinas promove campanha de orientação e diagnóstico de hanseníase

06/11/2006

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, promove entre hoje, 6 de novembro, e sexta-feira, 10, uma série de atividades para marcar a Campanha Anual de Orientação e Diagnóstico de Hanseníase.

Em todas as unidades de saúde da rede pública as equipes vão desenvolver ações de divulgação de sintomas da doença e de locais de atendimento à população. Também vão ser distribuídos folhetos e fixados cartazes em locais estratégicos. Pessoas que moram ou moraram com pacientes, nos últimos dez anos, vão ser convocadas para que procurem o centro de saúde para avaliação.

Para preparar as equipes de saúde para a campanha, a Secretaria de Saúde, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), promoveu em 24 de outubro o II Seminário Anual de Hanseníase. Na ocasião foram abordados três temas principais: aspectos epidemiológicos; diagnóstico e tratamento e prevenção de incapacidades.

“As capacitações e as campanhas de prevenção e diagnóstico de hanseníase acontecem anualmente em Campinas e integram os trabalhos do plano municipal de eliminação da doença”, afirma o médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da Covisa.

Atualmente, Campinas apresenta taxa de prevalência próxima de 0,6 casos de hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes, tendo atingido o índice de prevalência de menos de um caso/10 mil habitantes, estabelecido pelo Programa Mundial de Eliminação da Hanseníase da Organização Mundial da Saúde, a OMS.

Em março deste ano, Campinas recebeu certificado do Ministério da Saúde por ter alcançado a meta de eliminação desta doença enquanto problema de saúde pública - a hanseníase é considerada um problema de saúde pública quando se tem a prevalência de mais de um caso por grupo de 10 mil habitantes. No Brasil, há 1,71 casos. O país ocupa o 6º lugar no mundo em número de pessoas infectadas.

Mas apesar de ter alcançado a meta, Campinas ainda tem como grande desafio ampliar a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnosticar e tratar os casos na fase inicial da doença. “Os dados de Campinas indicam que 10% das ocorrências são identificadas quando a pessoa já tem algum grau de incapacidade podendo evoluir com seqüelas. Por isso, para se chegar ao diagnóstico precoce, um dos eixos da campanha é garantir que todos as pessoas que tiveram contato intradomiciliar com portadores da doença sejam examinadas”, diz André.

O sanitarista informa que o SUS oferece todo o processo de diagnóstico e tratamento da hanseníase na rede pública. A medicação é completamente gratuita. A previsão de orçamento do Ministério da Saúde para todo o país em 2006, para financiar a eliminação da hanseníase, é de US$ 150 mil.

Saiba mais:

O que é?

A hanseníase é uma doença infecciosa causada por uma bactéria (bacilo) que atinge a pele e os nervos. A forma de contágio mais comum da doença é de pessoa para pessoa, pela via aérea, por pessoas infectadas e que não estejam em tratamento. Ao falar, tossir ou espirrar, o portador da hanseníase pode expelir a bactéria.

Quais os sintomas?

Surgem manchas brancas ou placas avermelhadas na pele, com clara alteração na sensibilidade ao calor e ao frio, ou seja, no local das manchas não se sente dor. Há ainda sensação de queimação e de dormência, formigamentos nas mãos e pés, caroços ou inchaços na orelha e no rosto. O que muita gente não sabe é que a doença tem cura. Com o diagnóstico rápido, as possibilidades de cura sem seqüelas são grandes. Se você tiver alguma dúvida ou notar algum desses sinais procure um centro de saúde perto da sua casa ou ligue no tele hansen: 0800-262001

Como tratar?

O tratamento é feito facilmente com coquetéis de antibióticos. São três comprimidos, durante seis meses a um ano, dependendo da quantidade de bacilos e lesões que exista no paciente. Desde a primeira dose do tratamento elimina-se, em média, 90% da carga de bacilo causador da doença. Com isso, reduz-se consideravelmente a possibilidade de transmissão da doença. É importante que a medicação não seja interrompida nem mesmo com a melhora dos sintomas.

O que o SUS tem feito?

O SUS Campinas trabalha em conformidade com o Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase que, a cada ano, traça estratégias para chegar à eliminação da doença como problema de saúde pública no Brasil. Para isso, o primeiro desafio, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foi constituir um bom sistema de informação no município, capaz de registrar todos os novos casos, o número de pessoas tratadas e a taxa de abandono do tratamento. Diante dos dados, a estratégia adotada foi a descentralização do atendimento, para que pudesse colocar perto das pessoas o diagnóstico e o tratamento. O terceiro desafio é chegar ao diagnóstico precoce na tentativa de reduzir as incapacidades físicas decorrentes da doença. Para isto, Campinas tem promovido periodicamente a capacitação de pessoal da atenção básica.

Denize Assis

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