Campinas capacita equipes para atuar no combate à exploração do trabalho infantil

09/11/2006

Profissionais de saúde, representantes de entidades de defesa dos direitos da criança e membros da Delegacia Regional do Trabalho e dos conselhos tutelares participam nesta quinta-feira, 9 de novembro, no auditório da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), de capacitação para prevenir e combater a exploração do trabalho infantil.

O treinamento também é voltado à prevenção de agravos à saúde de adolescentes que trabalham nas ruas ou estão expostos a agrotóxicos nas lavouras. A capacitação é realizada pela Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com a Comissão para Erradicação do Trabalho infantil, e atende à diretriz do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil e à Política Nacional de Saúde destinada a crianças e adolescentes economicamente ativos, implementada pelo Ministério da Saúde.

O curso, que está sendo oferecido a 60 pessoas, foi aberto às 8h30 de hoje, com a presença da coordenadora municipal da Área Técnica de Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria de Saúde, Maria Fernanda Haddad, da fisioterapeuta Pollyanna Regina Pinto, e da terapeuta ocupacional Silvana Maria de Freitas, do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Campinas.

O treinamento, que termina ainda hoje, tem como material didático a publicação "Módulos de Auto-Aprendizagem sobre Saúde e Segurança no Trabalho Infantil e Juvenil", lançado em junho pelo Ministério e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Multiplicadores.

Para promover a capacitação, dois profissionais de Campinas, entre eles Maria Fernanda Haddad, participaram de capacitação em setembro, em Brasília, quando foram habilitados como multiplicadores responsáveis por trazer as informações para outras 50 pessoas de Campinas. Eles retornaram ao município com um kit para difundir as informações assimiladas no treinamento. Em outubro, os técnicos retornam à Brasília para serem avaliados e receberem a certificação do Ministério da Saúde.

Maria Fernanda afirma que o Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha papel importante na erradicação do trabalho infantil e proteção do trabalhador adolescente. “O SUS é de abrangência nacional, promove atenção integral à saúde de crianças e adolescentes e é um sistema público de grande absorção com potencial para atenção integral a esta população”, diz.

O trabalho infanto-juvenil ou do adolescente é aquele realizado por indivíduos, de ambos os sexos, maiores de 15 anos e menores de 18 anos. No Brasil, a partir de 2000, essa faixa etária é de 16 a 18 anos, sendo admissível o trabalho adolescente entre 14 e 16 anos na condição de aprendizes.

A OIT estima a existência, no mundo, de 246 milhões de crianças menores de 17 anos trabalhando. Desse total, uma a cada oito está exposta às piores formas de trabalho infantil e infanto-juvenil, totalizando 179 milhões de crianças e adolescentes, sendo que 59 milhões deveriam ser retiradas imediatamente de seus locais de trabalho. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de cinco milhões e meio de crianças e adolescentes economicamente ativos entre 5 e 17 anos de idade.

Denize Assis

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