A
Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria Municipal
de Saúde, em parceria com Organizações
Não-Governamentais (ONGs) que atuam com o Programa
Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids),
promove nesta sexta-feira, 1° de dezembro, Dia Mundial
de Luta contra a Aids, uma série de ações de educação em
saúde, comunicação e mobilização social com o objetivo
de informar a comunidade sobre a doença e propagar as
maneiras de prevenção.
Com o
slogan ‘A vida é mais forte que a aids’ a campanha deste
ano vai promover atividades em pontos estratégicos de
todas as regiões de Campinas com foco principal no
combate à discriminação, ao preconceito e ao estigma que
envolvem a doença. Vão ser distribuídas, durante as
atividades, 30 mil camisinhas.
Programação.
A abertura
oficial da programação acontece às 10h no Convívio da
rua 13 de Maio, na Praça Ruy Barbosa, atrás da catedral
Metropolitana de Campinas, com presença de várias
autoridades da saúde e de entidades parceiras do
Programa Municipal de DST/Aids. Em seguida, às 11h, será
lançado material da campanha ‘Ninguém precisa ser santo.
Preserve seu santuário’, voltada à população das
religiões da matriz africana, com presença do Babá
Toloji e da Mam’etu Dango.
Desde as
8h e durante todo o dia, no Convívio, as equipes do
Centro de Referência em DST/Aids e parceiros apresentam
estandes com materiais educativos, intervenções
artísticas e apresentações de Hip Hop. Também acontecem
apresentações dos grupos de caminhada e ginástica
harmônica - da Atlética do Centro de Referência - e do
Coral Canto do Centro.
Entre os
estandes e barracas deve ser demonstrada no local a
experiência de prevenção às DSTs/Aids com profissionais
do sexo desenvolvida pelo Centro de Saúde do Jardim
Itatinga, com a "Barraca da Dadá", trabalho que integra
o projeto Grupo Permanente de Prevenção e Ações
Intersetoriais em Doenças Sexualmente Transmissíveis e
Aids (GPPAI), que promove ações intersetoriais entre
usuários da unidade de saúde, lideranças locais e
profissionais de saúde.
Parceiros
A
idealização do evento no Centro da cidade é uma parceria
do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas com
organizações da sociedade civil, entre elas a Casa de
Apoio Grupo da Amizade - que presta serviços de
retaguarda social às pessoas vivendo com hiv/aids e
comemora seus 10 anos de fundação - e a Rede Nacional de
Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+) de Campinas, que
convidaram demais organizações para as primeiras
reuniões de trabalho para organização do evento.
Também
participam da organização e realização do evento as
seguintes organizações: Casa de Apoio Morada Amor e Luz;
Casa de Apoio Grupo Vida; Grupo Identidade de Cidadania
para Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e
Bissexuais; Population Council, SOS Adolescente, Centro
de Educação e Assessoria Popular (Cedap), Sindicato dos
Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas,
Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer e
Coordenaria da Mulher e Coordenadoria da Juventude e
Centro de Referência de Gays, Lésbicas, Travestis,
Transexuais e Bissexuais (CR-GLTTB) da Secretaria
Municipal de Cidadania, Trabalho, Assistência e Inclusão
Social e Empresa Municipal de Desenvolvimento de
Campinas (Emdec).
Outras
regiões.
Além das
atividades no Centro da cidade, o município promove
neste dia 1° o Fique Sabendo Especial, que
consiste no aconselhamento e teste gratuito de HIV e
outras DSTs. A atividade ocorre no Centro de Referência
de DST/Aids (rua Regente Feijó, 637) durante todo dia.
No local as pessoas vão poder conferir a exposição de
cartuns Humor e Aids.
Na região
norte da cidade, o Centro de Saúde de Barão Geraldo
também realiza Fique Sabendo Especial. Na região
noroeste, o Centro de Saúde Perseu Leite de Barros exibe
peça de teatro e barraca com exposição de insumos de
prevenção - material educativo, preservativos, próteses
e kits de redução de danos para usuários de
drogas.
Na
sudoeste, o Distrito de Saúde e os Centros de Saúde
Santa Lúcia e Capivari promovem palestras, exibem filmes
e realizam trabalhos de sensibilização com mulheres,
salas de aconselhamento e teste gratuito de HIV. Serão
distribuídos laços vermelhos.
No saguão
da Prefeitura (região leste), a ONG SOS Adolescente, em
parceria com a Coordenadoria de Juventude da Prefeitura,
apresenta atividade com o Labirinto da Vida. Ainda na
região leste, a equipe do Centro de Atenção Psicossocial
(Caps) AD promove caminhada pela rua Tiradentes e
avenidas Barão de Itapura e Brasil. No itinerário, vão
ser distribuídos laços vermelhos para pedestres e
motoristas. Os pacientes do Caps vão assistir ao filme
Cazuza e participar de roda de conversa sobre o tema.
A
programação do Dia Mundial de Luta contra a Aids será
encerrada com cerimônia de posse do Conselho Local de
Saúde (CLS) do Centro de Referência, às 19h na sede do
CR, na rua Regente Feijó. Este é o primeiro CLS de um CR
de DST/Aids no País.
Situação epidemiológica.
De acordo
com dados divulgados nesta quinta-feira, 30 de novembro,
pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal
de Saúde, Campinas tem 4.763 casos de Aids notificados
no município desde a década de 80. A epidemia se
apresenta estável no município, com declínio para
algumas categorias - como usuários de drogas injetáveis.
A letalidade é bastante reduzida no município, e está
atualmente em 7%.
Dentro
desta estabilidade existem movimentações importantes,
como o crescimento persistente entre as mulheres –
feminilização da epidemia –, sexo em que a principal
categoria de exposição – forma de transmissão - é por
relações heterossexuais. Esta tendência também é
verificada no Brasil.
Além
disso, nos últimos anos, começaram a aparecer casos
entre mulheres acima de 50 anos numa velocidade pelo
menos 2,5 vezes maior que nas outras faixas etárias,
diferentemente do que ocorre no País.
Outra
característica de Campinas é que a epidemia incide em
faixas etárias superiores, com uma concentração de casos
em homens de 25 a 49 anos e em mulheres na faixa etária
de 25 a 39 anos, ao contrário do que acontece no Brasil.
Segundo a
enfermeira sanitarista Maria Cristina Ilário,
coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de
Campinas, o município também percebeu, de acordo com
dados dos últimos cinco anos, que a epidemia voltou a
intensificar – recrudesceu - entre homossexuais homens,
especialmente em jovens entre 25 e 39 anos.
Em relação
à distribuição por sexo, no início da epidemia havia uma
predominância grande de casos no sexo masculino sobre os
casos no sexo feminino. Em 1987, para cada 11 homens com
Aids havia uma mulher (11/1). Atualmente, a razão é de
1,5/1. “Isto mostra o quanto a epidemia aumenta mais
rapidamente entre mulheres”, diz Cris Ilário.
Segundo a
sanitarista, a análise dos dados é fundamental no
sentido de incrementar as ações educativas e de
prevenção. “A Aids, como toda doença, tem uma
epidemiologia dinâmica em função das mudanças
tecnológicas, culturais, demográficas entre outras. É
importante estarmos atentos para estas mudanças para que
possamos ser mais efetivos nas medidas de controle que
incluem também e principalmente orientação à população e
priorização de grupos para enfocar medidas de
prevenção”, afirma Maria Cristina.
Denize
Assis