Atividades em todas as regiões de Campinas marcam Dia Mundial de Luta contra a Aids

30/11/2006

A Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, em parceria com Organizações Não-Governamentais (ONGs) que atuam com o Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids), promove nesta sexta-feira, 1° de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, uma série de ações de educação em saúde, comunicação e mobilização social com o objetivo de informar a comunidade sobre a doença e propagar as maneiras de prevenção.

Com o slogan ‘A vida é mais forte que a aids’ a campanha deste ano vai promover atividades em pontos estratégicos de todas as regiões de Campinas com foco principal no combate à discriminação, ao preconceito e ao estigma que envolvem a doença. Vão ser distribuídas, durante as atividades, 30 mil camisinhas.

Programação.

A abertura oficial da programação acontece às 10h no Convívio da rua 13 de Maio, na Praça Ruy Barbosa, atrás da catedral Metropolitana de Campinas, com presença de várias autoridades da saúde e de entidades parceiras do Programa Municipal de DST/Aids. Em seguida, às 11h, será lançado material da campanha ‘Ninguém precisa ser santo. Preserve seu santuário’, voltada à população das religiões da matriz africana, com presença do Babá Toloji e da Mam’etu Dango.

Desde as 8h e durante todo o dia, no Convívio, as equipes do Centro de Referência em DST/Aids e parceiros apresentam estandes com materiais educativos, intervenções artísticas e apresentações de Hip Hop. Também acontecem apresentações dos grupos de caminhada e ginástica harmônica - da Atlética do Centro de Referência - e do Coral Canto do Centro.

Entre os estandes e barracas deve ser demonstrada no local a experiência de prevenção às DSTs/Aids com profissionais do sexo desenvolvida pelo Centro de Saúde do Jardim Itatinga, com a "Barraca da Dadá", trabalho que integra o projeto Grupo Permanente de Prevenção e Ações Intersetoriais em Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (GPPAI), que promove ações intersetoriais entre usuários da unidade de saúde, lideranças locais e profissionais de saúde.

Parceiros

A idealização do evento no Centro da cidade é uma parceria do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas com organizações da sociedade civil, entre elas a Casa de Apoio Grupo da Amizade - que presta serviços de retaguarda social às pessoas vivendo com hiv/aids e comemora seus 10 anos de fundação - e a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+) de Campinas, que convidaram demais organizações para as primeiras reuniões de trabalho para organização do evento.

Também participam da organização e realização do evento as seguintes organizações: Casa de Apoio Morada Amor e Luz; Casa de Apoio Grupo Vida; Grupo Identidade de Cidadania para Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais; Population Council, SOS Adolescente, Centro de Educação e Assessoria Popular (Cedap), Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Campinas, Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer e Coordenaria da Mulher e Coordenadoria da Juventude e Centro de Referência de Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais (CR-GLTTB) da Secretaria Municipal de Cidadania, Trabalho, Assistência e Inclusão Social e Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).

Outras regiões.

Além das atividades no Centro da cidade, o município promove neste dia 1° o Fique Sabendo Especial, que consiste no aconselhamento e teste gratuito de HIV e outras DSTs. A atividade ocorre no Centro de Referência de DST/Aids (rua Regente Feijó, 637) durante todo dia. No local as pessoas vão poder conferir a exposição de cartuns Humor e Aids.

Na região norte da cidade, o Centro de Saúde de Barão Geraldo também realiza Fique Sabendo Especial. Na região noroeste, o Centro de Saúde Perseu Leite de Barros exibe peça de teatro e barraca com exposição de insumos de prevenção - material educativo, preservativos, próteses e kits de redução de danos para usuários de drogas.

Na sudoeste, o Distrito de Saúde e os Centros de Saúde Santa Lúcia e Capivari promovem palestras, exibem filmes e realizam trabalhos de sensibilização com mulheres, salas de aconselhamento e teste gratuito de HIV. Serão distribuídos laços vermelhos.

No saguão da Prefeitura (região leste), a ONG SOS Adolescente, em parceria com a Coordenadoria de Juventude da Prefeitura, apresenta atividade com o Labirinto da Vida. Ainda na região leste, a equipe do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) AD promove caminhada pela rua Tiradentes e avenidas Barão de Itapura e Brasil. No itinerário, vão ser distribuídos laços vermelhos para pedestres e motoristas. Os pacientes do Caps vão assistir ao filme Cazuza e participar de roda de conversa sobre o tema.

A programação do Dia Mundial de Luta contra a Aids será encerrada com cerimônia de posse do Conselho Local de Saúde (CLS) do Centro de Referência, às 19h na sede do CR, na rua Regente Feijó. Este é o primeiro CLS de um CR de DST/Aids no País.

Situação epidemiológica.

De acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 30 de novembro, pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Campinas tem 4.763 casos de Aids notificados no município desde a década de 80. A epidemia se apresenta estável no município, com declínio para algumas categorias - como usuários de drogas injetáveis. A letalidade é bastante reduzida no município, e está atualmente em 7%.

Dentro desta estabilidade existem movimentações importantes, como o crescimento persistente entre as mulheres – feminilização da epidemia –, sexo em que a principal categoria de exposição – forma de transmissão - é por relações heterossexuais. Esta tendência também é verificada no Brasil.

Além disso, nos últimos anos, começaram a aparecer casos entre mulheres acima de 50 anos numa velocidade pelo menos 2,5 vezes maior que nas outras faixas etárias, diferentemente do que ocorre no País.

Outra característica de Campinas é que a epidemia incide em faixas etárias superiores, com uma concentração de casos em homens de 25 a 49 anos e em mulheres na faixa etária de 25 a 39 anos, ao contrário do que acontece no Brasil.

Segundo a enfermeira sanitarista Maria Cristina Ilário, coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas, o município também percebeu, de acordo com dados dos últimos cinco anos, que a epidemia voltou a intensificar – recrudesceu - entre homossexuais homens, especialmente em jovens entre 25 e 39 anos.

Em relação à distribuição por sexo, no início da epidemia havia uma predominância grande de casos no sexo masculino sobre os casos no sexo feminino. Em 1987, para cada 11 homens com Aids havia uma mulher (11/1). Atualmente, a razão é de 1,5/1. “Isto mostra o quanto a epidemia aumenta mais rapidamente entre mulheres”, diz Cris Ilário.

Segundo a sanitarista, a análise dos dados é fundamental no sentido de incrementar as ações educativas e de prevenção. “A Aids, como toda doença, tem uma epidemiologia dinâmica em função das mudanças tecnológicas, culturais, demográficas entre outras. É importante estarmos atentos para estas mudanças para que possamos ser mais efetivos nas medidas de controle que incluem também e principalmente orientação à população e priorização de grupos para enfocar medidas de prevenção”, afirma Maria Cristina.

Denize Assis

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