Encontro reúne recicladores para discutir combate à dengue

07/11/2007

Autor: Denize Assis

O Centro de Saúde da Vila Padre Anchieta, na região norte de Campinas, mobilizou mais de 50 pessoas na tarde desta terça-feira, dia 6 de novembro, no Clube Municipal João do Pulo, na avenida Nossa Senhora das Dores, 67, durante o 1° Encontro Cuidando dos Recicladores.

O evento, que teve como objetivo discutir cuidados que estes profissionais devem ter para não propiciar a proliferação do mosquito da dengue, o Aedes aegypti, reuniu profissionais de saúde, assistentes sociais, estudantes, recicladores e seus familiares.

Na programação do encontro foram incluídas palestras sobre dengue, o ciclo do mosquito e criadouros; mostra de recicláveis com sugestões do que pode ser feito com os resíduos; painel sobre tempo de decomposição dos materiais na natureza; demonstração do Aedes aegytpi, de escorpiões e carrapatos.

Também houve vacinação contra hepatite B e tétano, aferição de pressão arterial e apresentação de peça de teatro montada por alunos da Escola Casa do Saber. O encontro foi encerrado com um coquetel.

Segundo o supervisor de controle ambiental Nilton Santos Menezes, da Vigilância em Saúde (Visa) Norte, o papel do reciclador no meio ambiente é muito importante e o encontro foi uma oportunidade de conversar com todos ao mesmo tempo, usando uma mesma linguagem para colocar a necessidade de que eles se organizem e desenvolvam uma metodologia de trabalho de forma a não propiciar o aparecimento da dengue e outras doenças e agravos à saúde.

“Também foi um momento de cadastrar os recicladores ainda não conhecidos e de reforçar que o trabalho deles é muito importante, mas que tem que ser feito de forma que não gere mosquito”, afirmou.

Nilton informou ainda que os recicladores cadastrados são visitados periodicamente e recebem bags – grandes sacolões de ráfia para guardar os resíduos. “Este encontro gerou cerca de 13 novos endereços para serem visitados”, disse o supervisor.

A enfermeira Priscilleyne Ouverney Reis, do CS Anchieta, avaliou como muito bom o resultado do encontro. “A receptividade foi boa. Eles interagiram, perguntaram bastante e aprenderam de uma forma mais lúdica. Também foi um momento de reforçar o vínculo com esta população, considerada de risco”, disse.

A recicladora Maria de Lourdes Pereira de Resende participou do encontro. “Tudo que foi dito aqui fui aprendendo com a vida, nos meus 15 anos trabalhando com reciclagem. Mas é sempre bom participar de um evento desses para tirar dúvidas. Também é bom saber que a Prefeitura não aparece somente para cobrar, mas também para orientar”, disse.

Maria de Lourdes informou que guarda suas latas e garrafas pet dentro de bags que recebe da Prefeitura. O restante – ela também vidros, plásticos, ferro e misto – ela guarda em local coberto. O caminhão passa a cada 8 ou 15 dias para recolher. Cinco pessoas dependem da renda gerada pelo trabalho de Maria de Lourdes.

Alzira Gomes Ramos, de 66 anos, trabalha há 10 anos como recicladora e também participou do encontro. Ela contou que separa cada material que recolhe, coloca em bags e amarra bem. “O quintal é pequeno, mas está sempre limpo. Mesmo assim, já tive dengue e febre maculosa. Eu faço minha parte, mas cada um precisa fazer a sua”, disse. Segundo Alzira, o encontro foi muito bom, esclareceu muitas dúvidas e proporcionou cuidados e orientações à saúde.

O 1° Encontro Cuidando dos Recicladores foi organizado pelo Núcleo de Saúde Coletiva do CS Anchieta e contou com a colaboração do CS Rosália e do Distrito de Saúde Norte.

Saiba mais. Os recicladores recolhem resíduos das casas e do comércio e juntam tudo num espaço, muitas vezes no próprio quintal. Mas é necessário ter uma quantidade grande de materiais para ser possível vendê-los ou destiná-los a uma cooperativa ou outros locais. Se estes resíduos não forem guardados em local coberto, ao abrigo da chuva e do sol, podem tornar-se importantes disseminadores do mosquito da dengue, dada a grande quantidade e variabilidade de materiais. Também podem se constituir em abrigos e atrativos para outros mosquitos, além de baratas, escorpiões, ratos, aranhas e outros. Portanto, estes materiais precisam estar depositados adequadamente.

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