Campinas promove bloqueio vacinal contra a meningite C na Vila Brandina

04/11/2011

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas promove neste sábado, 5 de novembro, bloqueio vacinal na Vila Brandina, região leste de Campinas, contra a doença meningocócica C – inclui meningite meningocócica e meningococcemia (quando há disseminação da bactéria no sangue).

Até o momento, houve três casos confirmados da doença neste bairro, com um óbito. Além dos casos confirmados, foi notificado um caso suspeito, que aguarda resultado de exames para confirmação e que passa bem. Este aglomerado de casos foi registrado em um período de 17 dias e se configura como um surto.

Segundo a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, surto é a ocorrência de casos da mesma doença, em curto intervalo de tempo, localizado em espaço geográfico delimitado.

“Então, quando se fala de surto de meningite, primeiro temos que esclarecer que estamos nos referindo ao mesmo tipo de meningite. E se for meningite meningocócica tem que ser do mesmo sorogrupo, que é o que está ocorrendo lá, isto é, meningite meningocócica do sorogrupo C. Os casos aconteceram num intervalo de 17 dias, em pessoas que moravam muito próximas geograficamente”, explica a sanitarista.

Segundo Brigina, a ação deste sábado tem início previsto para 8h30 e término para 16h. A Prefeitura vai mobilizar cerca de 100 profissionais de saúde que vão percorrer o bairro de casa em casa para aplicar as doses. Portanto, os moradores devem aguardar nos seus domicílios a chegada da equipe. Se a família não estiver na sua residência nesse sábado, vai receber um documento que possibilitará que a vacina seja feita no Centro de Saúde, posteriormente. Os servidores foram capacitados para esta ação.

O público alvo a ser vacinado inclui todos os moradores da Vila Brandina menores de 30 anos (29 anos, 11 meses e 29 dias). No caso dos menores de dois anos, a carteira de vacina será verificada e atualizada para aqueles que não têm esquema vacinal completo em relação à vacina contra a meningite C. A estimativa é de que cerca de 1,5 mil pessoas sejam vacinadas em 800 domicílios. As doses para a realização deste bloqueio vacinal foram enviadas pelo Ministério da Saúde unicamente para esta finalidade.

A Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) informa que este surto está restrito à Vila Brandina e que não há risco de disseminação da doença para outras áreas da cidade.

“O surto não é na cidade de Campinas. É em um lugar restrito na cidade de Campinas e só quem tem maior risco neste caso do surto são as pessoas que moram nesse bairro, com cerca de 3.500 pessoas. Esta comunidade já está toda informada desse risco. O risco de quem mora em outros bairros da cidade não é diferente do que existia antes do surto”, diz Brigina.

Segundo a sanitarista, desta forma, não há necessidade de estender a vacinação para o restante da cidade. Brigina explica que ninguém precisa correr pra tomar a vacina, não precisa mudar seu hábito de vida. As pessoas devem levar a vida normalmente e fazer sua vacinação de acordo com o que já estava programado no seu calendário de rotina”, afirma.

Na Vila Brandina, a principal medida já adotada pela Vigilância em Saúde para interromper a transmissão para outras pessoas foi o bloqueio com antibiótico específico para pessoas que tiveram contato direto com os doentes. Esta medida, chamada de quimioprofilaxia, é direcionada às pessoas que tiveram contato íntimo com os casos confirmados e suspeitos e a única que permite evitar a ocorrência imediata de novos casos a partir dos já existentes.

Estas medidas, tanto a vacinação de bloqueio como a quimioprofilaxia, são indicadas e adotadas pelos órgãos de Saúde Pública, tanto estaduais e federal como internacional.

Além das medidas de contenção do surto, a Vigilância em Saúde de Campinas mobilizou equipes para fornecer informações adequadas aos prestadores de cuidados de saúde das redes pública e privada do município, à comunidade afetada, aos meios de comunicação e ao público em geral.

Na tarde desta sexta-feira, a equipe da Vigilância reuniu-se com representantes da Sociedade de Pediatria de São Paulo/Regional Campinas; a coordenação do Disque Saúde 160 de Campinas; a presidência do Sindicato dos Médicos de Campinas; além de membros do Conselho Regional de Medicina/Delegacia de Campinas para solicitar ampla divulgação para toda comunidade médica no sentido de propagar informações adequadas a toda sociedade.

Assim como no Brasil, em Campinas a doença meningocócica é considerada endêmica. A ocorrência de casos é esperada ao longo de todo o ano, principalmente nos meses frios e secos. Há também a possibilidade de surtos comunitários (como este ocorrido agora na Vila Brandina) ou institucionais.

A doença meningocócica é a principal causa de meningites bacterianas, sendo o sorogrupo C o de maior prevalência e o responsável por um outro surto notificado em 2007 em um bairro da região norte de Campinas.

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