Saúde estimula parceria no combate à tuberculose

04/12/2002

Oficina desta quinta-feira vai propor a criação de uma rede de ajuda que possa estimular o paciente a se manter em tratamento

Equipes de Saúde da rede pública municipal, secretarias municipais, entidades assistenciais, demais profissionais e lideranças comunitárias que trabalham nas ações de controle da tuberculose, em Campinas, participam nesta quinta-feira, dia 5, das 8h30 às 17h, no Hotel Nacional In, da oficina "Construção de rede de ajuda".

A idéia do evento, promovido pela Secretaria de Saúde de Campinas, é integrar os diversos serviços e instituições para que possam, além de acolher e apoiar, estabelecer vínculos que estimulem o paciente a se manter em tratamento.

A tuberculose é uma doença que tem cura. Apesar do tratamento ser gratuito e de fácil acesso, Campinas registra 400 casos novos da doença a cada ano. Dados da Secretaria de Saúde apontam que o número de pacientes que abandonam o tratamento em Campinas caiu de 19% em 1995 para perto de 12% atualmente.

Quando o paciente abandona o tratamento, ele pode adoecer novamente e desenvolver uma forma mais resistente da doença, que não responde aos remédios que eram usados anteriormente.

Além disso, é provável que o paciente espalhe esta forma de tuberculose mais forte e menos curável, conhecida como tuberculose resistente aos medicamentos.

O índice de mortes por tuberculose também tem diminuído em Campinas nos últimos anos. Em 1995, 16% dos pacientes que iniciavam tratamento em Campinas morriam. Atualmente, este índice caiu para 7%.

Desafio

Campinas, apontada no Brasil como referência de município que consegue evitar muitas mortes por tuberculose, tem como principal desafio, atualmente, reduzir ainda mais o índice de pessoas que abandonam o tratamento.

Na oficina desta quinta-feira, esta questão, bem como a experiência campineira no combate à tuberculose, denominada de Tratamento Supervisionado Modificado, serão debatidas com profissionais de saúde e de outras áreas de assistência. Vale ressaltar que por meio do Programa Paidéia – Saúde da Família foi possível estender este modelo de tratamento para todo município.

O evento terá participação de representantes das áreas da saúde da criança, da mulher, do adulto, da saúde metal, da Policlínica II, da PUC-Campinas, do Centro Corsini, Hospital Municipal Mário Gatti, Visas (Vigilâncias em Saúde), Hospital de Clínicas da Unicamp, Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), Pastorais, Programa Municipal de DST/AIDS, Samin, Toca de Assis, Criad (Centro de Referência Integral em Álcool e Drogadição) e da Secretaria de Assistência Social.

O modelo de Campinas

O Tratamento Supervisionado Modificado, desenvolvido por Campinas, é uma variação do Tratamento Supervisionado (DOT) proposto pela Organização Mundial de Saúde, no qual o profissional de saúde deve observar o paciente engolir a medicação contra a tuberculose em, pelo menos, três visitas desde o início do tratamento.

No modelo proposto por Campinas, o paciente é acolhido, assistido e estimulado por meio das visitas dos agentes comunitários de saúde. Além disso, os profissionais trabalham para que o paciente desenvolva autonomia no tratamento.

A grande diferença do Tratamento Supervisionado Modificado, no entanto, está na construção do vínculo entre pacientes e profissionais da saúde e da assistência social.

A freqüência dos contatos entre a equipe de saúde e o paciente é maior. Além disso, são desenvolvidos projetos terapêuticos individuais e a cidadania também é estimulada.

Incidência

A tuberculose ainda persiste como importante problema de saúde pública em Campinas onde são registrados perto de 400 casos novos da doença por ano. A experiência do município aponta que, quando o tratamento é auto administrado – feito pelo próprio paciente –, a taxa de cura fica em torno de 50%. Quando o tratamento é realizado com o apoio dos profissionais de saúde, este índice sobe para perto de 75%.

O tratamento com apoio feito pelos profissionais do Amda (Ambulatório Municipal de DST/AIDS) aponta uma taxa de cura entre 95% e 100%. Por isso, outro objetivo da Secretaria de Saúde é aumentar a capacidade do ambulatório para que os profissionais de lá também possam cooperar com a rede no tratamento dos portadores de tuberculose.

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