Secretaria de Saúde promove bloqueio contra a raiva animal no Bananal

18/12/2002

Cães e gatos serão vacinados nesta quinta-feira. Pessoas também foram encaminhadas para tratamento. Medida é necessária porque mais um caso de raiva animal foi confirmado no local

Equipes do CCZ (Centro do Controle de Zoonoses) da Secretaria de Saúde de Campinas promovem nesta quinta-feira, 19 de dezembro, vacinação em cães e gatos num raio de 500 metros nas imediações de uma Chácara do bairro Bananal, na região Leste de Campinas. A medida, chamada tecnicamente de bloqueio, está sendo adotada porque o Instituto Pasteur, de São Paulo, confirmou nesta terça-feira um caso de raiva em cavalo na propriedade, localizada no número 25 da rua 2.

O Centro de Saúde do Taquaral, responsável pela área do Bananal, encaminhou doze pessoas que tiveram contato com o animal para o HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) para tratamento de pós-exposição – que pode ser sorovacinação ou a vacinação conforme o grau de contato.

Desde janeiro de 2002, 25 casos de raiva em herbívoros foram registrados no município, a maioria deles em animais da área rural do Taquaral, nos bairros Campo Belo, Bananal, Carlos Gomes, Recanto dos Dourados e Gargantilha. Também foram confirmados dois casos em morcegos.

A raiva animal tem avançado na cidade desde 2000, quando foram notificados os primeiros casos em herbívoros – bovinos, eqüinos, suínos e ovinos - na área de Joaquim Egídio, região Leste de Campinas. Em 2001, a doença atingiu também Sousas e a área rural do Taquaral e o município confirmou 30 casos entre bovinos, eqüinos e morcegos.

A ocorrência da doença em animais que convivem próximos ao ser humano aumenta a possibilidade da doença, sempre fatal, atingir o homem. Por isso, é importante que as pessoas informem o CCZ, o Centro de Saúde ou o Escritório de Defesa Animal se algum animal morrer com suspeita de raiva ou por outro motivo desconhecido. As pessoas não devem manter contato com o animal suspeito de raiva.

O controle da raiva dos herbívoros deve ser feito por meio de vacinação dos rebanhos e do controle da população de morcegos. A vacinação em animais de grande porte é de responsabilidade do proprietário. Em áreas onde ocorrem muitos casos – epizootia - a revacinação é obrigatória e deve ser feita a cada seis meses.

Outra medida importante no controle da raiva é a vacinação de cães e gatos. Em Campinas, a Prefeitura promove campanha de vacinação contra a raiva para estes animais todo ano. Além disso, o Centro de Controle de Zoonoses mantém a vacinação durante todo ano. As doses são gratuitas.

Também é importante que a população contribua para diminuir o número de animais abandonados que perambulam pelas ruas da cidade e evite crias indesejáveis. As crias podem ser evitadas prendendo a fêmea no cio ou por meio da castração.

Morcegos

Para combater a raiva em Campinas, a Secretaria de Saúde também tem intensificado o controle das colônias de morcego, principal transmissor da doença. Somente na região rural do Taquaral, neste ano, já foram eliminadas 9 colônias de morcegos hematófagos – que se alimentam de sangue. Na área urbana, as espécies mais comuns são as que se alimentam de insetos e de frutas e que também podem transmitir a raiva.

"Os morcegos só vão colocar a saliva em contato com algum animal ou com o homem no momento de morder e esta mordida é uma reação natural, para se defender. Por isso, é importante que as pessoas nunca manipulem morcegos", informa a veterinária Jeanete Trigo Nasser, coordenadora do CCZ de Campinas. O vírus da doença é transmitido por meio do contato com a saliva do animal doente.

A raiva animal é uma doença sempre fatal e pode atingir o homem se ele mantiver contato com algum animal infectado. Então, no caso de morcegos com os sintomas, o correto é recolhê-lo com a ajuda de uma vassoura e uma pá e entrar em contato com o CCZ ou com o Centro de Saúde. "Somente pessoas autorizadas, com capacitação técnica ou pré-expostas à raiva devem ter contato com morcegos", informa o veterinário Luiz Henrique Martinelle Ramos, da Visa (Vigilância em Saúde) do Distrito de Saúde Leste.

Ele diz ainda que o problema de morcegos em áreas urbanas, em prédios principalmente, é comum nas cidades grandes com características como as de Campinas. Se a população tiver alguma queixa neste sentido, o correto é se informar sobre como proceder e solicitar ajuda ao CCZ. Martinelle informa que existem alguns artefatos, algumas formas de colocar barreiras para impedir a entrada de morcegos nestes locais. "Também existem técnicas de engenharia que podem ser adotadas para impedir que morcegos tomem estes locais como abrigos", completa.

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