Secretaria de Saúde vai pesquisar trabalhadores informais

20/12/2002

Um estudo pioneiro da Secretaria de Saúde vai mapear trabalhadores informais da área do Centro de Saúde Dic III, na região Sudoeste de Campinas. A idéia é conhecer a realidade destas pessoas para poder elaborar políticas de saúde de prevenção de acidentes de trabalho. O levantamento, que tem apoio da FCM (Faculdade de Ciências Médicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), será realizado pelos agentes do Paidéia – Saúde da Família e está previsto para começar na semana que vem.

Os dados serão utilizados ainda para ações de saúde promovidas pelo próprio Centro de Saúde Dic III. O dentista Anésio Corat Júnior, coordenador do CS Dic III, explica que, em caso de acidentes de trabalho, esta parcela da população está totalmente desamparada pela lei trabalhista por não possuir registro em carteira. "E, por isso não são protegidos e correm maior risco", afirma.

Anésio cita que na área do CS Dic III tem casos como o dos areeiros da ocupação Santo Antônio. São pessoas que atuam recolhendo areia do riacho contaminado sem qualquer proteção e na informalidade. "A idéia é mudar as condições de vida destes trabalhadores criando outras opções de trabalho ou, enquanto isto é inviável, muni-los das condições adequadas para a atividade diminuindo assim os riscos a que eles estão expostos", diz.

Anésio informa ainda que o estudo atende às diretrizes do Paidéia de promoção e prevenção na comunidade, com o profissional de saúde trabalhando para prevenir doenças e promover a saúde e a autonomia das pessoas.

O resultado do levantamento também vai integrar o Projeto Observatório das Américas que será apresentado no Congresso Internacional de Saúde no Trabalho, que acontecerá em Foz do Iguaçu. Outras duas cidades brasileiras, Pelotas e Salvador, já desenvolvem o projeto que começa a ser colocado em prática em Campinas e também terão dados incluídos do Observatório. Um estudo semelhante também está sendo desenvolvido com a população que atua na construção civil em duas cidades no exterior, uma nos Estados Unidos e outra no México. Dentre o público pesquisado, há muitos brasileiros que trabalham na informalidade.

Anésio afirma que uma outra idéia é comparar os dados do estudo da área do Dic III com as outras pesquisas e ver a que riscos estão expostos trabalhadores informais que atuam em realidades distintas e como cada lugar pensa e trata a questão.

A situação Brasil – De acordo com pesquisa do próprio INSS, em 2001, foram registrados 400 mil acidentes de trabalho no País, com 15 mil inválidos ou incapacitados e 3.100 mortes. O Brasil ocupa o quarto posto em número de mortes no trabalho no mundo, de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Apenas um em cada cinco trabalhadores tem equipamentos de proteção adequados. Os menos protegidos estão nas pequenas indústrias. Os que trabalham na informalidade não têm nenhuma proteção e por isso correm risco ainda maior.

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