Um estudo pioneiro
da Secretaria de Saúde vai mapear trabalhadores informais da área
do Centro de Saúde Dic III, na região Sudoeste de Campinas. A
idéia é conhecer a realidade destas pessoas para poder
elaborar políticas de saúde de prevenção de acidentes de
trabalho. O levantamento, que tem apoio da FCM (Faculdade de Ciências
Médicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), será
realizado pelos agentes do Paidéia – Saúde da Família e está
previsto para começar na semana que vem.
Os dados serão
utilizados ainda para ações de saúde promovidas pelo próprio
Centro de Saúde Dic III. O dentista Anésio Corat Júnior,
coordenador do CS Dic III, explica que, em caso de acidentes de
trabalho, esta parcela da população está totalmente
desamparada pela lei trabalhista por não possuir registro em
carteira. "E, por isso não são protegidos e correm maior
risco", afirma.
Anésio cita
que na área do CS Dic III tem casos como o dos areeiros da
ocupação Santo Antônio. São pessoas que atuam recolhendo
areia do riacho contaminado sem qualquer proteção e na
informalidade. "A idéia é mudar as condições de vida
destes trabalhadores criando outras opções de trabalho ou,
enquanto isto é inviável, muni-los das condições adequadas
para a atividade diminuindo assim os riscos a que eles estão
expostos", diz.
Anésio informa
ainda que o estudo atende às diretrizes do Paidéia de promoção
e prevenção na comunidade, com o profissional de saúde
trabalhando para prevenir doenças e promover a saúde e a
autonomia das pessoas.
O resultado do
levantamento também vai integrar o Projeto Observatório das Américas
que será apresentado no Congresso Internacional de Saúde no
Trabalho, que acontecerá em Foz do Iguaçu. Outras duas cidades
brasileiras, Pelotas e Salvador, já desenvolvem o projeto que
começa a ser colocado em prática em Campinas e também terão
dados incluídos do Observatório. Um estudo semelhante também
está sendo desenvolvido com a população que atua na construção
civil em duas cidades no exterior, uma nos Estados Unidos e
outra no México. Dentre o público pesquisado, há muitos
brasileiros que trabalham na informalidade.
Anésio afirma
que uma outra idéia é comparar os dados do estudo da área do
Dic III com as outras pesquisas e ver a que riscos estão
expostos trabalhadores informais que atuam em realidades
distintas e como cada lugar pensa e trata a questão.
A situação
Brasil
– De acordo com pesquisa do próprio INSS, em 2001, foram
registrados 400 mil acidentes de trabalho no País, com 15 mil
inválidos ou incapacitados e 3.100 mortes. O Brasil ocupa o
quarto posto em número de mortes no trabalho no mundo, de
acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Apenas um em cada cinco trabalhadores tem equipamentos de proteção
adequados. Os menos protegidos estão nas pequenas indústrias.
Os que trabalham na informalidade não têm nenhuma proteção e
por isso correm risco ainda maior.