Campinas vai notificar todas as DSTs

10/12/2003

Medida vai permitir controle e prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis

Denize Assis

Campinas, a partir desta quarta-feira, 10 de dezembro, transformou-se em mais um município brasileiro a notificar todas as doenças adquiridas por meio de relação sexual, como sífilis, herpes genital e condiloma acuminado, entre outras. A medida foi implantada pela Secretaria Municipal de Saúde para ampliar o controle e a prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Atualmente, a única DST registrada pela Vigilância Epidemiológica Municipal é a Aids, que é de notificação compulsória em todo País. A sífilis congênita, também de notificação obrigatória, é transmitida de mãe para filhos e, portanto, conseqüência de uma DST.

De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, o Brasil tem 12 milhões de casos novos de DSTs curáveis por ano. Em Campinas, a situação também é grave. As informações disponíveis até o momento mostram que, de 1998 a 2002, 266 dos 3,8 mil casos de DSTs registrados no Estado de São Paulo são da Região de Campinas. O número corresponde a 6% do total.

Pequena mostra. A enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Secretaria Municipal de Saúde, lembra que estas doenças não são de notificação obrigatória e que, portanto, os números representam uma pequena mostra da realidade.

Ainda segundo os dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de São Paulo, 57% das notificações são de sífilis e 28% de condiloma acuminado. A maior parte dos casos refere-se a pessoas do sexo feminino e na faixa etária entre 30 e 39 anos.

Brigina explica que a doença sexualmente transmissível é o principal facilitador da transmissão sexual do HIV, o vírus da Aids. "Por isso, a notificação vai permitir que possamos intervir de forma mais competente no impacto da Aids", diz. Segundo ela, quando não são tratadas, estas doenças ocasionam complicações como o câncer de colo de útero e outras seqüelas que podem levar à morte.

A enfermeira informa ainda que as DSTs podem também ser transmitidas ao feto, durante a gestação, e que isso pode tanto interromper a gravidez como causar problemas no bebê. E, além disso, causam um impacto social e psicológico importante.

A notificação. Brigina afirma que, a partir do momento em que as equipes de saúde passem a informar a Vigilância Epidemiológica sobre as ocorrências de DSTs, é possível conhecer melhor o perfil da população mais atingida, como faixa etária, sexo e local de maior incidência na cidade.

"Com base nestas informações, o município pode melhorar os programas de controle e prevenção das DSTs com serviços mais resolutivos, profissionais mais preparados para o acolhimento e aconselhamento dos pacientes e a oferta contínua de medicamentos e preservativos", afirma.

O médico generalista Vicente Pisani Neto, coordenador da Vigilância em Saúde da Prefeitura, explica que as pessoas devem procurar o serviço de saúde caso apresentarem sintomas como corrimento vaginal ou no pênis ou feridas no ânus, boca e nos genitais. Ele ressalta que é importante que as pessoas não tomem remédio sem orientação médica e, o principal, mantenham relação sexual somente com preservativo.

Em Campinas, todos os Centros de Saúde e o Centro de Referência em DST/Aids distribuem preservativos gratuitamente. Profissionais do sexo podem se cadastrar para receber uma quantidade maior.

Prevenção. Pisani Neto também orienta que as mulheres façam o exame de papanicolau, que previne contra o câncer de colo de útero, pelo menos uma vez no ano. O teste também é oferecido de graça pela Prefeitura.

A médica ginecologista Verônica Gomes Alencar, coordenadora da Saúde da Mulher em Campinas, informa que para ter uma vida sexual saudável é necessário que as pessoas sejam conscientizadas sobre os riscos das DST/Aids e sobre como se prevenir. "A forma mais eficaz de alcançar a saúde sexual é estar informado e usar o preservativo em todas as relações sexuais", afirma.

Verônica orienta aos casais com um parceiro fixo que quiserem manter relação sexual sem preservativo que procurem algum serviço da Secretaria de Saúde para fazer os testes para a sífilis, HIV e Hepatite e, sendo negativos os exames, que façam um pacto de fidelidade.

Para os profissionais da rede privada de saúde que quiserem notificar as DSTs é necessário acessar este portal ou entrar em contato com a Vigilância em Saúde pelos telefones 3735 0233, 3735 0176 ou 3735 0186. Na última sexta-feira, 5 de dezembro, profissionais da Saúde Coletiva da Prefeitura promoveram capacitação sobre as DSTs para equipes dos serviços públicos de saúde do município. No evento, os profissionais de saúde foram atualizados sobre o tema e receberam orientação para que notifiquem, a partir de agora, todos os casos de síndrome de úlcera genital (excluído herpes genital), síndrome do corrimento uretral, síndrome do corrimento cervical, sífilis em adultos (excluída a forma primária), herpes genital (apenas o primeiro episódio) e condiloma acuminado à Vigilância Epidemiológica Municipal.

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