Medida
vai permitir
controle e
prevenção de Doenças
Sexualmente Transmissíveis
Denize Assis
Campinas, a
partir desta quarta-feira, 10 de dezembro, transformou-se em
mais um município brasileiro a notificar todas as doenças
adquiridas por meio de relação sexual, como sífilis, herpes
genital e condiloma acuminado, entre outras. A medida foi
implantada pela Secretaria Municipal de Saúde para ampliar o
controle e a prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DSTs). Atualmente, a única DST registrada pela Vigilância
Epidemiológica Municipal é a Aids, que é de notificação
compulsória em todo País. A sífilis congênita, também de
notificação obrigatória, é transmitida de mãe para filhos
e, portanto, conseqüência de uma DST.
De acordo com
estimativas do Ministério da Saúde, o Brasil tem 12 milhões
de casos novos de DSTs curáveis por ano. Em Campinas, a situação
também é grave. As informações disponíveis até o momento
mostram que, de 1998 a 2002, 266 dos 3,8 mil casos de DSTs
registrados no Estado de São Paulo são da Região de
Campinas. O número corresponde a 6% do total.
Pequena
mostra.
A enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Secretaria Municipal
de Saúde, lembra que estas doenças não são de notificação
obrigatória e que, portanto, os números representam uma
pequena mostra da realidade.
Ainda segundo
os dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de São
Paulo, 57% das notificações são de sífilis e 28% de
condiloma acuminado. A maior parte dos casos refere-se a
pessoas do sexo feminino e na faixa etária entre 30 e 39
anos.
Brigina
explica que a doença sexualmente transmissível é o
principal facilitador da transmissão sexual do HIV, o vírus
da Aids. "Por isso, a notificação vai permitir que
possamos intervir de forma mais competente no impacto da
Aids", diz. Segundo ela, quando não são tratadas, estas
doenças ocasionam complicações como o câncer de colo de útero
e outras seqüelas que podem levar à morte.
A enfermeira
informa ainda que as DSTs podem também ser transmitidas ao
feto, durante a gestação, e que isso pode tanto interromper
a gravidez como causar problemas no bebê. E, além disso,
causam um impacto social e psicológico importante.
A notificação.
Brigina afirma que, a partir do momento em que as equipes de
saúde passem a informar a Vigilância Epidemiológica sobre
as ocorrências de DSTs, é possível conhecer melhor o perfil
da população mais atingida, como faixa etária, sexo e local
de maior incidência na cidade.
"Com
base nestas informações, o município pode melhorar os
programas de controle e prevenção das DSTs com serviços
mais resolutivos, profissionais mais preparados para o
acolhimento e aconselhamento dos pacientes e a oferta contínua
de medicamentos e preservativos", afirma.
O médico
generalista Vicente Pisani Neto, coordenador da Vigilância em
Saúde da Prefeitura, explica que as pessoas devem procurar o
serviço de saúde caso apresentarem sintomas como corrimento
vaginal ou no pênis ou feridas no ânus, boca e nos genitais.
Ele ressalta que é importante que as pessoas não tomem remédio
sem orientação médica e, o principal, mantenham relação
sexual somente com preservativo.
Em Campinas,
todos os Centros de Saúde e o Centro de Referência em DST/Aids
distribuem preservativos gratuitamente. Profissionais do sexo
podem se cadastrar para receber uma quantidade maior.
Prevenção.
Pisani Neto também orienta que as mulheres façam o exame de
papanicolau, que previne contra o câncer de colo de útero,
pelo menos uma vez no ano. O teste também é oferecido de graça
pela Prefeitura.
A médica
ginecologista Verônica Gomes Alencar, coordenadora da Saúde
da Mulher em Campinas, informa que para ter uma vida sexual
saudável é necessário que as pessoas sejam conscientizadas
sobre os riscos das DST/Aids e sobre como se prevenir. "A
forma mais eficaz de alcançar a saúde sexual é estar
informado e usar o preservativo em todas as relações
sexuais", afirma.
Verônica
orienta aos casais com um parceiro fixo que quiserem manter
relação sexual sem preservativo que procurem algum serviço
da Secretaria de Saúde para fazer os testes para a sífilis,
HIV e Hepatite e, sendo negativos os exames, que façam um
pacto de fidelidade.
Para os
profissionais da rede privada de saúde que quiserem notificar
as DSTs é necessário acessar este portal
ou entrar em contato com a Vigilância em Saúde pelos
telefones 3735 0233, 3735 0176 ou 3735 0186. Na última
sexta-feira, 5 de dezembro, profissionais da Saúde Coletiva
da Prefeitura promoveram capacitação sobre as DSTs para
equipes dos serviços públicos de saúde do município. No
evento, os profissionais de saúde foram atualizados sobre o
tema e receberam orientação para que notifiquem, a partir de
agora, todos os casos de síndrome de úlcera genital (excluído
herpes genital), síndrome do corrimento uretral, síndrome do
corrimento cervical, sífilis em adultos (excluída a forma
primária), herpes genital (apenas o primeiro episódio) e
condiloma acuminado à Vigilância Epidemiológica Municipal.