Paidéia recebe prêmio do Programa Gestão pública e cidadania

12/12/2003

Denize Assis

A Programa Paidéia de Saúde da Família, implantado pela Prefeitura de Campinas em 2.001, recebeu esta semana o prêmio do Programa Gestão Pública e Cidadania, um dos mais importantes símbolos do reconhecimento por iniciativas inovadoras dos governos estaduais e municipais que promovem a cidadania e fortalecem a democracia. A premiação é promovida pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e pela Fundação Ford e tem apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O trabalho de Campinas foi selecionado entre outros 1.156. Além do Programa Paidéia, também foram escolhidas outras quatro iniciativas. Dentre elas, Soro, raízes e reza, desenvolvido pela Prefeitura de Maranguape, no Ceará, para o combate à mortalidade infantil e o Projeto formação de professores indígenas do Parque do Xingu, mantido pelo Estado do Mato Grosso com o objetivo de recuperar e manter a cultura das nações indígenas.

O programa Justiça cidadã, da cidade de Recife, que trabalha com a descentralização do sistema judiciário municipal para garantir acesso rápido aos moradores, também foi selecionado. E ainda foi escolhido o Programa Consórcio Lambari, do Governo do Estado de Santa Catarina, que consiste no trabalho intermunicipal de gestão ambiental participativa do Alto Uruguai Catarinense para recuperação e preservação do meio ambiente.

Cada trabalho recebeu R$ 20 mil pelo prêmio. O Paidéia, segundo o médico sanitarista Roberto Marden, diretor de saúde de Campinas, foi escolhido pelo seu longo alcance social e por ser um programa que tem o potencial de mudar o modelo e o conceito de saúde pública vigente.

A comissão que elege os trabalhos, constituída por pesquisadores e especialistas em gestão pública, toma como base critérios como relação intersetorial e abrangência, além de avaliar o resultado da iniciativa na construção de um Brasil mais justo. Os jurados também avaliam se o trabalho, de qualquer área de gestão, é eficaz. Durante a avaliação, a comissão visita o território sede da experiência para conferir os resultados em campo.

Segundo a coordenação do Programa Gestão Pública e Cidadania, a identificação de tais iniciativas tem papel vital na abertura de novos caminhos para as políticas públicas do País. O objetivo, segundo a coordenação, é identificar, disseminar e premiar experiências competentes e criativas dos poderes públicos e demonstrar sua importância para a construção da cidadania no Brasil.

As 20 experiências mais importantes ficam disponibilizadas no banco de dados do portal http://inovando.fgvsp.br e são publicadas em livros, vídeos e programas de rádio. "A idéia é compartilhar os trabalhos com outros municípios", explica Roberto Marden.

Assistência ampliada. O Paidéia ampliou a assistência a saúde a 150 mil famílias campineiras. Desde sua implantação, em agosto de 2001, já foram instituídas 150 equipes de saúde da família nos 47 Centros de Saúde do município e 13 Módulos de Saúde da Família. Cada equipe é composta por médico de família, enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Algumas equipes ainda são ampliadas com dentista, auxiliar e técnico de higiene dental.

Os agentes comunitários, sempre moradores do bairro, visitam os cidadãos das suas comunidades, identificam doenças e encaminham os casos para as equipes que ficam nos Centros de Saúde ou nos Módulos de Saúde da Família. O cidadão que precisa, recebe assistência em casa.

A equipe do Paidéia presta atendimento aos agravos de saúde e ainda atua no combate e prevenção de doenças como tuberculose, hanseníase, hipertensão e diabetes e para reduzir a mortalidade infantil. Crianças, idosos e gestantes recebem atenção especial.

Um terço da verba para manter o Paidéia vem do Governo Federal por meio do Sistema Único de Saúde. Os outros dois terços são custeados pelo município.

De acordo com a secretária de Saúde de Campinas, Maria do Carmo Cabral Carpintéro, o modelo Paidéia explora todo o potencial de apoio à comunidade que os profissionais de saúde possuem, o que resulta em um atendimento diferenciado que vai além da consulta médica.

"É uma forma de trabalhar que investe na autonomia e na desmedicalização. A idéia é que os servidores da saúde tratem as dificuldades relacionadas às condições inadequadas de vida como problema de saúde", afirma Maria do Carmo.

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