Com o
objetivo de se preparar para o risco de uma Pandemia
de Gripe, a Secretaria de Saúde de Campinas
mobilizou, no início de dezembro, suas equipes de
vigilância para um trabalho de capacitação dos
profissionais que abordou informações, orientações
e instruções preventivas para enfrentar a chamada
gripe aviária.
A
estratégia atende a orientação do Ministério da Saúde,
que lançou recentemente o Plano Brasileiro de Contingência
para uma Pandemia de Gripe com indicação de que as
secretarias estaduais e municipais organizem comitês
de mobilização para o assunto.
Gripe
aviária é o nome dado à doença causada por uma
variedade do vírus Influenza, hospedado por aves, mas
que pode infectar diversos mamíferos. Existe em
grande parte do globo, mas concentra-se hoje,
principalmente, no sudeste asiático.
De
acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp,
coordenadora da Vigilância Epidemiológica da
Secretaria de Saúde de Campinas, a capacitação é
fundamental para fortalecer a vigilância epidemiológica
para o adequado monitoramento da doença, além de
tratar de outras questões como ações de caráter
sanitário, identificação rápida da infecção e
informação, comunicação e mobilização social
entre outras. O relacionamento com a imprensa também
foi abordado durante o treinamento.
"Essa
etapa foi apenas uma prévia focada na vigilância.
Deveremos organizar capacitações ainda mais
abrangentes, incluindo os aspectos relativos à assistência,
como diagnóstico e tratamento", disse Brigina.
Segundo
o médico da Vigilância em Saúde (Visa), André
Ricardo Ribas de Freitas, as equipes que participaram
da capacitação foram, entre outras determinações,
orientadas a ficar atentas a surtos de doenças
respiratórias. "No caso de surtos, a orientação
é proceder imediatamente a coletas de sangue para
serem enviadas aos laboratórios credenciados à
Organização Mundial da Saúde e identificar o tipo
de vírus. Um diagnóstico rápido é muito
importante", diz o médico.
Freitas
ressalta, no entanto, que a população não deve se
alarmar. "O risco de uma pandemia é real, mas só
acontecerá se o vírus for transmitido de humano para
humano e isso ainda não aconteceu", afirma.
No século
20, a maior pandemia de influenza ocorreu em 1918 e
1919 e causou um número de mortes estimado de 40 a 50
milhões de pessoas.
Autoridades
sanitárias calculam que, embora o cuidado de saúde
tenha melhorado nas últimas décadas, hoje, uma
pandemia provavelmente resultaria em 2 a 7,4 milhões
de mortes no planeta.
Brigina
Kemp ressalta que, atualmente, uma pandemia seria
diferente daquela ocorrida no século passado.
"Temos muito mais recursos tecnológicos, na área
de disseminação da informação, vigilância e
assistência o que pode nos subsidiar com capacidade
de evitar o número de mortes que ocorreu nas
pandemias anteriores, e talvez, nos dê capacidade de
um controle mais ágil", diz Brigina.
Um vírus
influenza pandêmico ocorre quando um novo vírus
influenza aparece, contra o qual, a população humana
não tem nenhuma imunidade, levando a epidemias
mundiais simultâneas com grande número de mortes e
de casos da doença. Com as melhorias no transporte e
nas comunicações globais, assim como a urbanização
e as circunstâncias de superlotação, as epidemias
devidas a um novo vírus influenza podem ter uma rápida
disseminação e grande impacto em todo o mundo.
No
Brasil, não há grandes possibilidades de haver
transmissão da doença entre as aves, e
consequentemente, de aves para humanos, porque o país
é exportador e não importador de frangos. Também é
baixa a possibilidade do vírus se espalhar através
das aves silvestres devido à posição do Brasil nas
rotas migratórias.
Cláudia
Xavier