Capacitação prepara equipes de Saúde para prevenção da gripe

27/12/2005

Com o objetivo de se preparar para o risco de uma Pandemia de Gripe, a Secretaria de Saúde de Campinas mobilizou, no início de dezembro, suas equipes de vigilância para um trabalho de capacitação dos profissionais que abordou informações, orientações e instruções preventivas para enfrentar a chamada gripe aviária.

A estratégia atende a orientação do Ministério da Saúde, que lançou recentemente o Plano Brasileiro de Contingência para uma Pandemia de Gripe com indicação de que as secretarias estaduais e municipais organizem comitês de mobilização para o assunto.

Gripe aviária é o nome dado à doença causada por uma variedade do vírus Influenza, hospedado por aves, mas que pode infectar diversos mamíferos. Existe em grande parte do globo, mas concentra-se hoje, principalmente, no sudeste asiático.

De acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Campinas, a capacitação é fundamental para fortalecer a vigilância epidemiológica para o adequado monitoramento da doença, além de tratar de outras questões como ações de caráter sanitário, identificação rápida da infecção e informação, comunicação e mobilização social entre outras. O relacionamento com a imprensa também foi abordado durante o treinamento.

"Essa etapa foi apenas uma prévia focada na vigilância. Deveremos organizar capacitações ainda mais abrangentes, incluindo os aspectos relativos à assistência, como diagnóstico e tratamento", disse Brigina.

Segundo o médico da Vigilância em Saúde (Visa), André Ricardo Ribas de Freitas, as equipes que participaram da capacitação foram, entre outras determinações, orientadas a ficar atentas a surtos de doenças respiratórias. "No caso de surtos, a orientação é proceder imediatamente a coletas de sangue para serem enviadas aos laboratórios credenciados à Organização Mundial da Saúde e identificar o tipo de vírus. Um diagnóstico rápido é muito importante", diz o médico.

Freitas ressalta, no entanto, que a população não deve se alarmar. "O risco de uma pandemia é real, mas só acontecerá se o vírus for transmitido de humano para humano e isso ainda não aconteceu", afirma.

No século 20, a maior pandemia de influenza ocorreu em 1918 e 1919 e causou um número de mortes estimado de 40 a 50 milhões de pessoas.

Autoridades sanitárias calculam que, embora o cuidado de saúde tenha melhorado nas últimas décadas, hoje, uma pandemia provavelmente resultaria em 2 a 7,4 milhões de mortes no planeta.

Brigina Kemp ressalta que, atualmente, uma pandemia seria diferente daquela ocorrida no século passado. "Temos muito mais recursos tecnológicos, na área de disseminação da informação, vigilância e assistência o que pode nos subsidiar com capacidade de evitar o número de mortes que ocorreu nas pandemias anteriores, e talvez, nos dê capacidade de um controle mais ágil", diz Brigina.

Um vírus influenza pandêmico ocorre quando um novo vírus influenza aparece, contra o qual, a população humana não tem nenhuma imunidade, levando a epidemias mundiais simultâneas com grande número de mortes e de casos da doença. Com as melhorias no transporte e nas comunicações globais, assim como a urbanização e as circunstâncias de superlotação, as epidemias devidas a um novo vírus influenza podem ter uma rápida disseminação e grande impacto em todo o mundo.

No Brasil, não há grandes possibilidades de haver transmissão da doença entre as aves, e consequentemente, de aves para humanos, porque o país é exportador e não importador de frangos. Também é baixa a possibilidade do vírus se espalhar através das aves silvestres devido à posição do Brasil nas rotas migratórias.

Cláudia Xavier

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