Consumo de diclofenaco de sódio diminuiu 12,5% no SUS Campinas após introdução de acupuntura de Yamamoto

07/12/2006

A Secretaria de Saúde de Campinas registrou em 2006 uma redução de 12,5% no consumo do antiinflamatório diclofenaco de sódio em relação ao ano de 2005. O medicamento, utilizado para tratar quadros dolorosos de qualquer natureza, é um dos mais consumido na rede pública de saúde do município. A média mensal de consumo em 2005 atingiu 644.366 comprimidos. Em 2006, o consumo está em 570 mil/mês, sendo que a expectativa era de que o consumo atingisse a média de 700 mil/mês neste ano.

“A única variável nova a que podemos atribuir esta redução é a introdução da acupuntura de Yamamoto, técnica que introduzimos no Sistema Único de Saúde (SUS) de Campinas em 2005 e tem sido ampliada na rede”, diz o médico acupunturista William Hyppólito Ferreira, Coordenador da área técnica da Saúde Integrativa de Campinas.

A acupuntura de Yamamoto consiste na aplicação agulhas de acupuntura na região frontal e temporal (na testa e lateral da cabeça) com a finalidade de proporcionar alívio imediato da dor. Pode ser disponibilizada para qualquer pessoa, exceto para aquelas com discrasia sangüínea - pacientes que usam medicamentos que comprometam a coagulação. Pessoas com diabetes, hipertensão, obesidade e até gestantes podem se beneficiar desta técnica.

Em Campinas, esta modalidade de acupuntura está disponível no ambulatório do Complexo Ouro Verde, região sudoeste, no Centro de Referência em Reabilitação, região leste, e no Centro de Saúde Integração, região noroeste.

Atualmente, 95 médicos da rede pública municipal de saúde já se utilizam desta técnica para o alívio da dor em seus pacientes. No Brasil, Campinas e São Paulo são os únicos municípios a disponibilizar acupuntura de Yamamoto pelo SUS.

Segundo William, a utilização de medicamentos para a redução dos quadros dolorosos de qualquer natureza sempre foi motivo de preocupação devido aos efeitos colaterais a longo prazo, como gastrites, lesões hepáticas e renais.

O médico informa que o consumo mensal de diclofenaco de sódio vinha crescendo ano a ano em Campinas. Em 2003, o consumo foi de 534.336 comprimidos. Em 2004, atingiu 601.856 e, em 2005, 644.366.

“Era um consumo crescente projetado para 700 mil em 2006. No entanto, notamos uma redução de 74.336 comprimidos – 12,5% - em 2006 quando comparamos a 2005. “Não fizemos um estudo científico, mas podemos inferir que a diminuição é resultado do uso da técnica de Yamamoto”, afirma.

William agradece às instituições envolvidas no projeto – Associação Médica Brasileira de Acupuntura, Conselho Federal de Medicina, Associação Paulista de Medicina, Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas – e aos profissionais que aplicam a técnica nas unidades de saúde para diminuir a dor de seus pacientes enquanto realizam as hipóteses diagnósticas necessárias e os tratamentos de cada patologia.

Histórico.

A dor, tanto aguda como crônica, tem recebido atenção dos profissionais de saúde há milênios. Hipócrates, na Grécia antiga, já referia que aliviar a dor é uma obra divina. Nos Estados Unidos, as pessoas com mais de 65 anos representam 12% da população (maior do que a população de adolescentes).

O aumento da sobrevida em relação às doenças determinou um crescimento das seqüelas dolorosas. Tomando como exemplo os casos de câncer, a Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra números aproximados de 10 a 17 milhões de novos casos/ano no mundo. Desses, aproximadamente 50% irão a óbito. Cerca de 70% dos pacientes com câncer sofrerão de dores crônicas, sendo 70% dos casos de moderada a severa e 30% terrível. A OMS afirma que, se devidamente tratados, mais de 90% terão suas dores controladas.

Não existem dados precisos para o Brasil, mas é possível usar dados da literatura mundial que indicam a prevalência das dores crônicas em aproximadamente 30% da população em um país. Dados dos Estados Unidos mostram que 31% da população têm dor crônica, o que representaria 86 milhões de norte-americanos (Panchal S. John Hopkins Medical School. 2000).

Se usarmos estas estatísticas como referência para o Brasil, teremos aproximadamente 50 milhões de pessoas com dores crônicas. Se a mesma regra for aplicada a Campinas, teremos mais de 310 mil pessoas com dores crônicas.

Para saber mais sobre a acupuntura de Yamamoto e a área de Saúde Integrativa da Secretaria de Saúde de Campinas basta acessar o endereço www.campinas.sp.gov.br/saude e clicar do lado direito em saúde integrativa.

Denize Assis

Volta ao índice de notícias