Dia Mundial de Luta contra a Aids: Campinas comemora redução nos casos novos

02/12/2009

Autor: Da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Saúde

Campinas celebrou nesta terça-feira, 1º de dezembro de 2009, o Dia Mundial de Luta Contra a Aids com uma boa notícia: a redução consistente nos casos de aids notificados no município. Em 2003, foram registrados 336 casos novos. Em 2008, 210. Em 2009, 135, até o momento.

Para marcar a data, a principal no calendário da Política Nacional contra a Aids, a Secretaria de Saúde de Campinas reuniu usuários, técnicos, gestores e parceiros do Sistema Único de Saúde (SUS) em um evento na Praça Rui Rodrigues, no Centro da cidade.

No local, o Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (PMDST/Aids) realizou teste de HIV gratuito e sigiloso, com diagnóstico em 15 minutos. Também promoveu ações de combate ao preconceito contra as pessoas que vivem com HIV.

Foram distribuídos materiais educativos e camisinhas masculinas para a população. A casa de apoio Morada Amor e Luz expôs trabalho de cartonagem realizado em parceira com a Secretaria Municipal da Saúde. As ações também contaram com a participação da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+), organização formada por pessoas que vivem com HIV.

A Praça Rui Barbosa, junto à rua 13 de Maio, importante centro comercial de Campinas, é utilizado pela Secretaria Municipal da Saúde para divulgar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids desde 2006 por ser uma área de grande fluxo de pedestres.

“Além de dar muita visibilidade a esta questão de saúde pública, que diz respeito a todas as pessoas, este evento favorece aqueles que não frequentam as unidades de saúde e encontram aqui a oportunidade de fazer o teste de HIV e receber o resultado na hora”, disse a médica infectologista Cláudia Barros Bernardi, coordenadora do Programa de DST/Aids de Campinas.

Para o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, que esteve presente na praça para abrir o evento, Campinas tem muito o que comemorar, com progressos significativos como a redução no número de infeçcões, a diminuição das crianças que nascem com o vírus e o tratamento em milhares de pessoas.

“O Brasil continua sendo um país que representa uma espécie de modelo para várias nações. Assim como o Brasil, Campinas iniciou um trabalho pioneiro nessa área, desevolve um programa avançado com a participação intensa da sociedade civil e o que é mais importante: com rigor técnico e vontade política”, afirmou.

No entanto, ressaltou que os desafios ainda são muitos, já que a Aids continua a atingir novas populações e o estigma e a discriminação reduzem os esforços para combater a doença. E lembrou que o foco das ações do Dia Mundial de Luta Contra a Aids é o combate ao preconceito contra as pessoas que vivem com HIV/aids.

Situação Epidemiológica. Conforme dados preliminares divulgados pelo Programa de DST/Aids de Campinas, sobre pessoas residentes no município de Campinas, até o dia 16 de novembro de 2009, a cidade apresentava um total acumulado de 5.591 casos de aids, dois quais 5.446 em adultos e 145 casos em crianças.

Em 2009 foram notificados 135 casos novos, em adultos, até o dia 27 de novembro. Em 2008, foram 210 casos; em 2007, 230; em 2006, 259; em 2005, 290; em 2004, 299; e, em 2003, 336.

A taxa de incidência, ou seja, o número de casos para cada grupo de 100 mil habitantes em Campinas, também está em queda. No ano de 2003 eram 33,4 casos em cada grupo de 100.000 habitantes; em 2004, 29,3; em 2005, 27,7; no ano de 2006, 24,4; e no ano de 2007, 21,4. A incidência de 2008 é menor que a de 2007, devendo ficar em torno de 19, apesar da ressalva da Coordenação Municipal de DST/Aids de que se trata de um número parcial, que pode aumentar e diminuir nos próximos cinco anos, período de consolidação dos dados.

Em 2009, com parcial de 135 casos notificados de aids em adultos, foram 97 casos em homens e 38 em mulheres. Na comparação por idade, predominou a faixa etária dos 30 a 39 anos, com 54 casos, seguida da faixa dos 40 a 49 anos, com 32 casos. De acordo com a análise do Programa Municipal de DST/Aids, a maioria das pessoas notificadas como novos casos de aids tem ensino médio completo (39 casos) e, no quesito raça, 63 casos foram referidos como raça branca e 48 como raça parda.

A análise revela, ainda, que a categoria de exposição heterossexual predominou com 63% do total de casos, seguida da transmissão homossexual com 20% casos. “É uma epidemia muito diferente da que registrava-se nos anos 80, com a predominância de casos homossexuais masculinos e dos anos 90, quando, em um determinado período, a infecção pelo vírus HIV se dava entre usuários de drogas que compartilhavam seringas e agulhas”, disse a médica infectologista Cláudia Barros Bernardi, coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de Campinas.

A coordenadora do Programa de DST/Aids de Campinas observa que os dados serão avaliados posteriormente ao término do ano, conjuntamente as anos anteriores para se traçar o perfil epidemiológico mais atual. “Os dados mostram que a epidemia de aids está em declínio ano a ano. É uma prova da qualidade do nosso trabalho no SUS Campinas e uma demonstração de que a prevenção, sem julgamento e com escuta qualitativa para as populações mais vulneráveis, como preconiza a política brasileira de enfrentamento da epidemia de aids, traz resultados efetivos”, disse a médica.

Em Campinas, como ocorre no país como um todo, observa-se a diminuição da razão de sexo entre homens e mulheres. Em 1987 havia 11 casos de aids em homens para cada caso de aids em mulheres. A partir do ano 2000 esta relação passa apenas dois casos em homens para cada caso em mulher. “Isto acontece devido à falta de percepção de que o amor e a religião não protegem as pessoas da infecção pelo HIV, mas sim o uso correto e freqüente de camisinhas em todas as relações sexuais”, completa a coordenadora.

Na faixa etária acima de 50 anos, apesar do comparativo entre 1997 e 2007 apresentar aparente estabilidade, quando observado ano a ano, tem-se oscilação nesta incidência. Devido a estes dados, esta população tem sido objeto de observação para planejamento de ações específicas de prevenção. Da mesma forma a população mais jovem também é alvo de projetos específicos para se manter a progressiva diminuição das taxas de incidência nesta faixa etária.

Entre os casos de Aids em adultos a transmissão sexual tem a maioria dos casos, com 62,5% do total acumulado. A transmissão sanguínea representa 27,4% dos casos acumulados. Este perfil de exposição vem sofrendo alterações ao longo da epidemia. A transmissão heterossexual, tanto entre mulheres quanto para homens tem importância crescente. Nos homens a transmissão heterossexual correspondia a 42,6% dos casos em 2007 e 39,7% em 2008. Nas mulheres o predomínio é heterossexual em todo o período, tendo em 2007, 92,7% dos casos nesta categoria de exposição.

A transmissão via sanguínea por uso de drogas injetáveis (UDI) apresenta expressiva redução nos últimos anos, em 1997 com 32,3% dos casos para 7,1% em 2007, isto ocorrendo para ambos os sexos. “Podemos creditar essa queda, entre outros fatores, ao investimento na política pública de saúde que opera na lógica da redução de danos entre usuários de drogas, com educação em saúde e, principalmente, projetos de prevenção específicos”, explica Cláudia.

Em Campinas no período de 2000 a 2008 tem-se o coeficiente de mortalidade de 7,5 óbitos para 100.000 habitantes. No Brasil este índice vem se mantendo estável a partir de 2000, em torno de seis óbitos por 100 mil habitantes. De acordo com o Programa de DST/Aids de Campinas, os dados sobre mortalidade, atualizados em 1 de fevereiro de 2009, estão sujeitos à revisão.

O relatório "Atualização da Epidemia de Aids-2009", lançado semana passada pelo Unaids e pela OMS mostra que o maior acesso a antiretrovirais ajudou a reduzir a mortalidade por Aids em mais de 10% a nível global, nos últimos cinco anos e que o número de novas infecções caiu 17% nos últimos oito anos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde quase 34 milhões de pessoas no mundo são portadoras do HIV, e cerca de 2,7 milhões de novas infeçcões ocorrem por ano.

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