Oficina discute qualificação e Humanização da atenção básica em Campinas

10/12/2009

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas reúne representantes dos gestores, trabalhadores e usuários da rede pública municipal de saúde nestas quinta-feira e sexta-feira, dias 10 e 11 de dezembro, no Hotel Nacional In, durante a oficina da Atenção Básica. A expectativa da comissão organizadora é reunir pelo menos 220 pessoas para uma ampla discussão acerca dos avanços e desafios da atenção básica com o objetivo qualificar e humanizar a assistência.

Para fomentar este debate, a oficina vai trabalhar com os seguintes eixos temáticos: Acolhimento; Adscrição de clientela; Vínculo e responsabilização; Linhas de cuidado; Vigilância em Saúde; Participação dos trabalhadores e usuários na gestão local; e Trabalho em equipe multiprofissional.

Na quinta-feira, as atividades terão início com a mesa Marcos Históricos da Rede Básica de Campinas com a participação dos sanitaristas ex-secretários de Saúde de Campinas, Nelson Rodrigues dos Santos e Gastão Wagner de Souza Campos e da ex-secretária municipal de Saúde, Carmem Cecília de Campos Lavras.

Em seguida, das 10h30 às 11h, serão apresentados os objetivos da oficina e os desafios atuais da rede básica de saúde de Campinas pela Diretora Municipal de Saúde, Maria Cecília Brandt Piovesan, e do médico sanitarista Roberto Mardem Soares Farias, coordenador municipal da Atenção Básica.

Às 11h será realizado debate e, às 11h30, iniciados os trabalhos em grupo que vão discutir os eixos temáticos citados acima. Das 12h30 às 13h50 está previsto horário de almoço e visita aos pôsteres. Das 13h50 às 14h15, acontece apresentação de dança circular. Após as 14h15, ocorrem os debates e a elaboração do relatório.

Na sexta-feira, dia 11, as atividades têm início com um Café com música, às 8h30. Às 9h, serão apresentadas as discussões em grupo. À tarde, das 13h30 às 16h30 acontece debate. Às 16h30, serão colocados os compromissos da gestão e encaminhamentos. O evento será encerrado às 17h.

Segundo a comissão organizadora, a Oficina consiste na terceira e última etapa de um processo de discussão que envolveu mais de 3 mil trabalhadores da atenção básica. Nas duas primeiras fases foram escolhidos os representantes para a oficina.

Segundo o médico sanitarista Roberto Mardem Soares Farias, coordenador municipal da Atenção Básica, o intuito da oficina é compreender o que a atenção básica tem de bom e fazer uma autocrítica do que ainda tem de problemas, os limites que são impostos e como superá-los.

Segundo Roberto Mardem, a rede básica de saúde de Campinas conta com uma boa infra-estrutura, uma das melhores no Brasil, com unidades grandes e bem equipadas. De acordo com ele, a área de recursos humanos também é boa.

“Apesar de ainda não ser o ideal, o número de profissionais na atenção básica em Campinas está dentro do razoável, com capacidade de garantir acesso e com qualidade. O conjunto de profissionais é muito bem formado, além da Secretaria Municipal de Saúde estar sempre garantindo capacitação e conhecimento”, diz.

Um outro ponto positivo é que o modelo de atenção à saúde no município é compatível com o processo ‘saúde/adoecimento’ das grandes cidades, dos grandes centros industriais, urbanizados. “Nosso sistema tem conseguido superar desafios e dado respostas positivas a questões como a violência; as doenças não-infecciosas; os problemas de saúde relacionados ao trabalho e ao meio ambiente; e a transição demográfica, que exige profissionais capacitados para o cuidado com o idoso”, afirma.

Entre os desafios a serem superados, Roberto Mardem cita a falta de médico de saúde da família. “Na região, formam-se poucos médicos de família. Campinas necessita de, pelo menos, 300 médicos nesta área e forma 16 por ano para toda região”, afirma.

Outro ponto a ser melhorado, segundo o coordenador da Atenção Básica, é a relação equipe de saúde da família por quantidade de pessoas. Segundo ele, nos países europeus, cada equipe é responsável por 400 a 600 famílias. Em Campinas, as equipes trabalham com até com mais de 5 mil pessoas. “Precisamos melhorar esta relação”, diz.

Também precisamos superar a Lei de Responsabilidade Fiscal e o próprio custo da saúde, que impõem limites também em relação à capacidade de contratação.

Outro problema, segundo Roberto Mardem, é que a doença tem se transformado cada vez mais em mercadoria, mercadoria cara. E cada vez mais a sociedade transforma tudo em doença, como a tristeza por exemplo. Isto cria uma demanda de maneira irracional e dificulta a organização do serviço para cuidar dos que realmente precisam de assistência.

“É para debater estes temas e apontar soluções que realizamos esta oficina. Ela acontece porque acreditamos que a rede básica tem potencial para atender melhor o usuário e de forma mais humanizada e menos burocrática. Temos a compreensão de que, apesar dos limites, é possível melhorar ainda mais a assistência na atenção básica”, afirma.

Volta ao índice de notícias