Autor: Denize Assis
A Oficina da Atenção Básica promovida pela Secretaria de Saúde de Campinas começou nesta quinta-feira, dia 10 de dezembro, no Hotel Nacional Inn, com canto, dança, confraternização, protestos e falas emocionadas dos palestrantes, que arrancaram aplausos da plateia. Por volta das 9h, o auditório abriu espaço para representantes de todas as unidades da rede municipal de saúde durante a mesa Marcos Históricos da Rede Básica de Campinas.
Médico sanitarista, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e ex-secretário de Saúde de Campinas, Nelson Rodrigues dos Santos fez um resgate da história da atenção básica em Campinas.
Ele iniciou sua fala com relatos a partir da década de 70, no contexto da Ditadura Militar, quando as periferias das cidades médias incharam com a população pobre vinda do campo. Segundo ele, Campinas, numa iniciativa pioneira, naquela ocasião começou a constituir uma rede de postinhos de saúde para atender às necessidades de saúde destes migrantes.
O sanitarista relatou avanços até sua gestão como secretário em 1983. Ressaltou a importância da participação social, colocou os desafios e citou projetos marcantes durante sua atuação como secretário como crescimento dos centros de saúde, organização do almoxarifado central, instalação de equipamentos odontológicos nas escolas e a criação do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador.
Segundo Nelson Rodrigues dos Santos, 85% a 90% das necessidades de saúde da população podem ser solucionadas na atenção básica. Ele ressaltou que existe uma cumpricidade entre equipe de saúde e comunidade. “Os profissionais de saúde, gestores e usuários devem olhar com mais esperança para o futuro e acreditar na universalidade do sistema público de saúde. É necessário unir forças, ter confiança no processo de construção do SUS, processo com o qual cada um pode contribuir e colocar seu tijolinho”, disse.
A segunda palestrante do dia, a ex-secretária de Saúde de Campinas Carmem Cecília de Campos Lavras também resgatou um pouco da história da construção do SUS Campinas no período entre 1994 e 1996, quando ela assumiu a pasta. “O principal desafio do SUS atualmente é conseguir avançar na capacitação da gestão das unidades básicas”, disse.
O último integrante da mesa, o sanitarista, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ex-secretário de Saúde de Campinas e ex-secretário Nacional de Saúde Gastão Wagner de Sousa Campos, fez uma fala emocionada, contou histórias da construção do SUS, citou mestres e disse que aprendeu com Nelson Rodrigues dos Santos, com o médico David Capistrano e com o povo de Campinas.
Gastão citou como projetos marcantes como a municipalização do SUS, a reforma psiquiátrica, a gestão participativa através do Conselho Municipal de Saúde e as dificuldades de implementar nas grandes cidades o Programa de Saúde da Família. “Os desafios são muitos. Mas, com solidariedade, com capacidade de compor é possível avançar. Me acalma muito perceber que fiz parte, ainda que pequena, dessa história”, disse.
Em seguida, numa outra mesa, a médica Cecília Brandt Piovesan, diretora municipal de Saúde, e o sanitarista Roberto Mardem Soares Faria, coordenador da Atenção Básica em Campinas, falaram sobre os desafios atuais da rede básica de saúde de Campinas e os objetivos da oficina.
No intervalo para o almoço dezenas de pessoas formaram uma roda e cantaram, de mãos dadas. Em seguida, foram iniciados os trabalhos em grupo com discussões acerca dos seguintes eixos temáticos: Acolhimento, adscrição de clientela, vínculo e responsabilização; Linhas de cuidado e Vigilância em Saúde; Trabalho em equipe, relação de equipe e gestão de trabalho; Participação dos trabalhadores e dos usuários na gestão da unidade básica de saúde.
A oficina continua nesta sexta-feira, dia 11, com apresentação das discussões em grupo, debate e encaminhamentos. O objetivo do evento é qualificar e humanizar a assistência.