Campinas inicia novo tratamento para tuberculose

16/12/2009

Autor: Denize Assis

Na última segunda-feira, dia 14 de dezembro, Campinas começou a tratar pacientes com tuberculose com o novo medicamento adquirido pelo Ministério da Saúde. As pessoas que já estão em tratamento continuam com a medicação convencional. O município é um dos primeiros no País a introduzir a terapia, mais efetiva. O novo esquema de tratamento – que reúne quatro fármacos em um único comprimido - já é utilizado em outras partes do mundo. Campinas também iniciou distribuição de kit de café da manhã para os pacientes em tratamento supervisionado, que constituem cerca de 100 pessoas.

Recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a terapia, que prevê a ingestão de um número menor de comprimidos, deve aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento, elevar os índices de cura e reduzir o abandono da terapia, que não pode ser interrompida. A interrupção leva o bacilo de Koch a ficar resistente aos remédios, o que elimina a eficácia do tratamento e exige novas drogas.

Segundo a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Vigilância em Saúde, responsável pelo Programa de Tuberculose em Campinas, a mudança adotada pelo Brasil representa um avanço. “Traz ganhos para o controle dos casos, diminui a resistência e facilita gestão farmacêutica. O esquema, inclusive, é mais barato”, diz.

Embora tenha reduzido o percentual de abandono do tratamento da tuberculose para 9% em 2008, Campinas ainda está acima dos 5% recomendados pela Organização Mundial da Saúde como parâmetro de aceitável. A meta brasileira é atingir este patamar até 2015. No Estado de São Paulo, o abandono em 2007 foi de 9,7%. No Brasil, a taxa é de 8%.

De acordo com o último relatório divulgado pela Vigilância em Saúde de Campinas, em números absolutos, Campinas registrou 292 novos casos da doença em 2008. Deste total, 36% receberam tratamento supervisionado, sendo que neste grupo a cura foi de 84% enquanto que a taxa de cura do total de pacientes foi de 74%.

Porque mudou. O Brasil adotou este novo esquema de tratamento porque uma pesquisa recente mostrou valores acima de 4% de resistência a uma droga utilizada até então, o que é um indicativo da necessidade de incluir quatro drogas na fase inicial do tratamento.

No entanto, o novo tratamento tem que estar acoplado à resolução de desafios antigos, entre as quais o aumento da cobertura de tratamento supervisionado – aquele em que profissional de saúde observa o paciente ingerir a medicação, seja o doente indo ao serviço de saúde ou a equipe de saúde indo até o paciente – e de alcançar a meta de cura de 85%.

Cada comprimido do novo tratamento contém Rifampicina 150mg, Isoniazida 75mg, Pirazinamida 400mg e Etambutol 275mg, medicamentos que atuam na eliminação do bacilo de Koch, causador da tuberculose. Para crianças até 10 anos continua sendo preconizado o tratamento atual.

Sobre a doença. A tuberculose é causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis). Os principais sintomas são tosse prolongada, cansaço, emagrecimento, febre e sudorese noturna. O bacilo é transmitido pelo ar, quando o paciente tosse, fala ou espirra. O paciente deve procurar o Centro de Saúde se apresentar tosse por mais de três semanas, principalmente se tiver também febre e emagrecimento.

Segundo a OMS, 22 países concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo. Nos últimos três anos, o Brasil passou da 14ª para a 18ª posição no ranking mundial de casos da doença - foram registrados 70.379 casos novos no ano passado no País. No total, considerando casos de retratamento, foram 83,5 mil casos. Cerca de 3% deles evoluíram para óbito.

Em relação à incidência, que é calculada com base no número total de casos em relação a cada grupo de 100 mil habitantes, o país ocupa o 108º lugar. No Brasil, a doença é a 4ª causa de mortes por doenças infecciosas e a 1ª em pacientes com Aids. Os exames e o tratamento da tuberculose são gratuitos no Brasil.

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