Leishmaniose Visceral: Saúde inicia ações nos domicílios para diagnóstico ambiental

20/12/2009

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas deu início nesta sexta-feira, dia 18 de dezembro, às ações para identificar imóveis de risco para o vetor da leishmanose visceral – o mosquito Lutzomia longipalpis - em um condomínio localizado na região leste de Campinas onde foi confirmado um caso autóctone da doença em cão. Trata-se do primeiro registro desta doença em cão infectado no próprio município.

A atividade, chamada tecnicamente de diagnóstico ambiental, integra o conjunto de providências desencadeado pela Secretaria de Saúde para investigação e controle de possível foco de leishmaniose visceral no condomínio.

Os agentes promovem visita de casa em casa e aplicam um instrumento – um questionário - do Ministério da Saúde para identificar se o domicílio oferece condições favoráveis para a presença do mosquito. Com base neste documento, os proprietários são orientados sobre como proceder para eliminar ou reduzir os riscos. São medidas de manejo de limpeza ambiental que incluem remoção de restos de material orgânico como poda de grama e galhos, de restos de alimentos, de fezes de animais como galinhas entre outros.

Os trabalhos no condomínio estão sendo promovidos pela Secretaria de Saúde - por meio da Vigilância em Saúde, do Distrito de Saúde Leste, do Centro de Controle de Zoonoses e do Centro de Saúde de Joaquim Egídio - em conjunto com a Secretaria de Estado da Saúde – por meio da Superintendência do Controle de Endemias (Sucen), Instituto Adolfo Lutz e Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE).

Nos trabalhos desta sexta-feira, as equipes contaram com apoio da Secretaria de Serviços Públicos e da Sub-Prefeitura de Joaquim Egídio. Um caminhão do Departamento de Limpeza Urbana (DLU) retirou os materiais descartados pelas famílias e levou para o Aterro Sanitário Delta. As ações prosseguem na segunda-feira, dia 21 de dezembro.

Na terça-feira e quarta-feira, dias 22 e 23, equipes da Superintendência do Controle de Endemias (Sucen) prosseguem com a investigação entomológica no condomínio – investigação do vetor, da infestação do mosquito. Nas primeiras investigações, já foi detectada presença do mosquito. Agora a Sucen analisa se os exemplares encontrados estão infectados com o protozoário – Leishmania chagasi - que causa a doença.

Entre as ações já desencadeadas, foi realizada coleta de sangue de 190 cães para inquérito sorológico que vai apontar se outros cães podem estar doentes. O cão é um importante elo na transmissão da doença porque é reservatório da doença.

As ações na comunidade também incluem atividades de informação, educação em saúde e mobilização social. Na quinta-feira, dia 17, foi realizada a segunda reunião com a comunidade para informar sobre o primeiros resultados das investigações, próximas ações a serem desencadeadas e o que cada família deve fazer nos seus domicílios e em relação aos cães e outros animais.

Mais sobre a doença. A Leishmaniose Visceral é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil. É de notificação compulsória, o que significa que as ocorrências têm que ser informadas às autoridades sanitárias rapidamente.

A doença está presente em 21 estados brasileiros e nos últimos anos foi registrada uma média anual de 3.357 casos humanos e 236 óbitos. No Estado de São Paulo, está presente em vários municípios.

Segundo o médico infectologista Rodrigo Angerami, da Vigilância em Saúde de Campinas, no Brasil, na grande maioria dos municípios nos quais a doença se tornou endêmica, a ocorrência de cães infectados geralmente precedeu a ocorrência de casos humanos. “Os cães infectados, sem a menor dúvida, se constituem um elemento fundamental na cadeia de transmissão. Por esse motivo, este primeiro caso autóctone em Campinas merece atenção especial”, diz. Entretanto, a identificação do cão infectado não implica, necessariamente, na ocorrência futura de novos casos entre a população de cães e nem no início da transmissão entre humanos.

Rodrigo Angerami informa que, até a notificação do cão infectado, Campinas era considerado um município epidemiologicamente silencioso em relação a esta doença, muito embora a proximidade com algumas regiões do Estado, onde já havia a transmissão da doença, tornava o município potencialmente vulnerável. Com esta ocorrência, passou a ser considerado município sob investigação.

A leishmaniose visceral tem tratamento em humanos. No entanto, no cão, o tratamento não está indicado porque representa risco para a saúde pública.

Volta ao índice de notícias