Centenas de pessoas participaram das ações pelo Dia Mundial contra a Aids em Campinas

03/12/2010

Autor: Denize Assis

Centenas de pessoas participaram nesta quarta-feira, 1º de dezembro, na Praça Rui Barbosa, Centro de Campinas, das atividades pelo Dia Mundial de Luta contra a Aids. Este ano, a data teve como tema central o combate ao preconceito.

As ações começaram às 10h, após abertura feita pelo secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, e pela coordenadora do Programa Municipal de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids), Cláudia Barros. O evento contou com a presença de parceiros do Programa, gestores e profissionais de saúde, além do presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Pedro Humberto Scavariello.

A cerimônia emocionou o público com a abertura de uma colcha de retalhos costurada com pedaços de tecidos decorados por pessoas que vivem com HIV/Aids, seus familiares, amigos e equipes de saúde.

“O preconceito é danoso. Viver com Aids é possível, mas com o preconceito não”, disse o secretário de saúde. Ele destacou a importância do trabalho desenvolvido no Brasil por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), na luta contra a Aids. “Nossos avanços contra a doença foram possíveis graças à existência de um sistema público de saúde, através do qual é possível garantir o tratamento universal e igualitário a todos os portadores de HIV/Aids”, disse.

Cláudia Barros também ressaltou a importância da atenção à vida sem preconceito com as pessoas que vivem com HIV/Aids. “Essa é a principal mensagem deste 1º de dezembro”, afirmou.

Segundo ela, a epidemia de Aids está estável no Brasil e em Campinas e este resultado se deve, entre outras ações, ao grande volume de informações propagadas ao longo dos anos e também ao acesso gratuito aos preservativos, garantidos pelo Ministério da Saúde que teve a coragem de assumir o tratamento gratuito para todas as pessoas com HIV/Aids.

Apesar de reconhecer o avanço, ela destacou que a transmissão do HIV continua em todas as faixas etárias (exceto nas crianças, onde se mantém a redução), em todas as etnias, cores, classes, níveis de escolaridade, e tem apresentado aumento entre as mulheres, terceira idade e jovens homens que fazem sexo com homens (HSH).

“No entanto, esta é uma doença de todas as pessoas que se relacionam. É importante destacar que basta uma relação sexual desprotegida com alguém com HIV para se infectar. Nosso grande desafio em relação à Aids é justamente entender os contextos de vulnerabilidade e fazer com que o conhecimento se transforme em mudança de atitude e prevenção. Informação existe e é bastante propagada, preservativo é gratuito e, mesmo assim, as pessoas não incorporaram a prática de usá-lo no seu dia-a-dia”, disse.

A coordenadora também lembrou a importância de todos fazerem sua sorologia e ressaltou que todas as pessoas que tiveram relação sexual sem preservativo, mesmo que uma única vez na vida, devem fazer o teste.

Cláudia informou que o teste rápido foi oferecido a todas as pessoas abordadas na praça neste dia 1º de dezembro. “A inclusão deste exame no SUS facilitou muito o acesso das pessoas aos serviços que fazem testagem do HIV e aumentou o diagnóstico precoce que é fundamental para garantir a qualidade de vida no tratamento das pessoas que têm HIV”, disse.

Segundo Cláudia, qualquer pessoa acima de 12 anos pode fazer o teste nos dois Centros de Testagem e Acolhimento (CTAs) de Campinas, localizados no Centro e no Complexo Hospitalar Ouro Verde, durante o ano todo.

Assim como no restante do Brasil, a epidemia de Aids está estável em Campinas, o que não significa que esteja parada. Em algumas faixas de idade, há tendência de crescimento do HIV.

Um levantamento feito pelo Ministério da Saúde entre jovens, realizado com mais de 35 mil meninos de 17 a 20 anos de idade, indica que, em cinco anos, a prevalência do HIV nessa população passou de 0,09% para 0,12%. O estudo também revela que quanto menor a escolaridade, maior o percentual de infectados pelo vírus da Aids (prevalência de 0,17% entre os meninos com ensino fundamental incompleto e 0,10% entre os que têm ensino fundamental completo).

Atenta a este fato, a Secretaria de Saúde de Campinas, por meio do Programa de DST/Aids, tem investido e fortalecido diversos projetos para jovens, sejam eles gays, heterossexuais, estejam dentro ou fora da escola, entre outros segmentos. São vários trabalhos, cada qual voltado para uma população específica.

Campinas contabiliza, desde 1982 e até 2009, 5.859 casos de Aids (doença já manifesta). Cento e cinquenta são em menores de 13 anos. Entre as crianças, a tendência de queda na incidência de casos continua. O resultado confirma a eficácia da política de redução da transmissão vertical do HIV (da mãe para o bebê).

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