Saúde amplia rede de cuidados aos usuários de crack, álcool e outras drogas

07/12/2011

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas vai ampliar o acesso e qualificar a rede de cuidados aos usuários de álcool, crack e outras drogas com a inauguração de mais quatro dispositivos da rede de saúde mental.

Até o final do ano, serão inaugurados um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Álcool e Drogas (AD), na região Noroeste da cidade e um Caps Infantil (Caps I), na região Sudoeste. No início de 2012, a Secretaria inaugura um Consultório de Rua e uma Casa de Passagem, ligada ao Caps AD Independência, na região sul.

Além disso, ainda em 2011 vão ser abertos oito leitos no Caps AD Reviver, na região Leste, o que vai habilitá-lo a ser um CAPS AD III, que funciona 24 horas durante todos os dias da semana.

A iniciativa é uma resposta à convocação do Governo Federal para que estados e municípios se articulem com o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde aos usuários de drogas, enfrentar o tráfico e as organizações criminosas, além de ampliar as ações de prevenção.

O chamamento oficial do Governo Federal ocorreu nesta quarta-feirta, dia 7 de dezembro. A presidenta da República, Dilma Rousseff, e os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, lançaram um conjunto de ações integradas do governo federal para enfrentar o crack e outras drogas.

Referência

O reforço na rede de cuidados em Campinas, além de atender as diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde e da Política Nacional sobre Drogas, reafirma a condição de Campinas como pioneira no cumprimento da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001) e como referência nacional na área de Saúde Mental. Além disso, aponta que o município entende as questões de álcool e outras drogas também como problema de saúde pública e como prioridade no atual governo.

Segundo a Secretaria de Saúde, a rede de prevenção, promoção e tratamento dos riscos e danos associados ao consumo de álcool, crack e outras drogas é prioridade na agenda da Administração Municipal e da Saúde, que segue as diretrizes da Política Nacional de Álcool e Drogas do Ministério da Saúde e o que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde.

“Nossas ações contam com a parceria importante do Serviço de Saúde Cândido Ferreira e incluem ampliação do acesso, qualificação dos profissionais, articulação intra e intersetorial e promoção da saúde, dos direitos e enfrentamento do estigma”, diz o secretário municipal de Saúde, Adílson Rocha Campos.

Segundo a Secretaria de Saúde, atualmente são investidos R$ 40 milhões por ano na Política de Saúde Mental em Campinas.

De acordo com o secretário, o enfrentamento dessa questão exige a união de esforços dos diferentes setores envolvidos e a destinação de investimentos para projetos integrados. As áreas envolvidas são as da Saúde, Assistência Social, Educação, Comunicação, Segurança Pública, Poder Judiciário, Trabalho, Cultura, Esportes e Planejamento. “É neste sentido que a Prefeitura e a Secretaria de Saúde têm trabalhado”, afirma.

A estimativa do Ministério da Saúde é que transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas (exceto tabaco) atingem pelo menos 10% da população acima de 12 anos, sendo o impacto do álcool dez vezes maior que o do conjunto das drogas ilícitas.

A família da dona de casa Zair Lugato, de 68 anos, compõe a estatística da população que enfrenta a questão das drogas. Ela conta que sua filha Luciana, de 43 anos, começou a usar drogas por volta dos 20 anos e viveu durante mais de duas décadas com dependência de várias substâncias, inclusive o crack. Chegou até a morar na rua durante um ano e meio, na cidade de São Paulo.

Em abril de 2010, Luciana foi resgatada da rua entre a vida e a morte e trazida para Campinas. Depois de um tempo internada no Hospital Ouro Verde, por conta de estar com a saúde muito debilitada, a filha de dona Zair voltou a morar com a mãe e passou a fazer acompanhamento no Caps AD Independência, na região sul de Campinas.

“O trabalho do Caps, com toda sua equipe com assistente social, médico, psicólogos, enfermeiros é muito bom. São profissionais generosos. Eles realizam um atendimento importante não só para o paciente, mas para toda a família que também precisa de apoio. Com eles aprendi a lidar com a situação que sei que é para sempre. Hoje minha filha está bem, não está usando drogas e é uma excelente companheira”, afirma.

Dona Zair foi informada pela reportagem da inauguração do Caps Noroeste e ficou feliz ao saber que mais uma porta vai se abrir, ainda mais sendo perto da sua casa. Ela mora no Jardim Garcia. “Com a abertura de mais este Caps AD, o acesso fica mais fácil. Não só para minha família, que já está em tratamento, mas para tantos outros que necessitam desta ajuda”, diz.

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