Autor: Tatiane Bueno
Dezembro para as crianças é sinônimo de férias e festas. Com o Natal chegando o que menos se quer – seja criança ou adulto – é ficar doente e ter que ir para o hospital.
Para tentar deixar o ambiente hospitalar mais agradável, o Hospital Municipal Doutor Mário Gatti (HMMG) recebe semanalmente grupos voluntários de contadores de histórias, cães terapeutas e palhaços. Na tarde da última quarta-feira, dia 19 de dezembro, a pediatria do HMMG recebeu a Associação Griots – Os Contadores de Histórias - para uma tarde com direito a visita de Papai Noel e entrega presentes.
Henrique de Araújo Abreu está em Campinas passando férias na casa da avó e não esperava ter que ficar alguns dias internado para tratar uma infecção de urina. Muito menos que receberia a visita do “Papai Noel” e ganharia presentes no hospital. Elida Ferreira da Silva, tia-avó do menino e que também realiza trabalhos voluntários, estava radiante. “É um trabalho excelente que renova a esperança para as crianças e para as mães também. E ajuda a levantar o ânimo e até na recuperação delas”, conta.
A reação de Juliana Campos Marinho, de 11 anos, confirma a opinião de Elida. Internada há oito dias para uma cirurgia de apêndice, os presentes que ela mais gostou foram os dois pares de brincos. “Eu não esperava! Achei demais a visita deles, mudou o dia, deixou mais alegre. Foi diferente dos outros”, conta a menina, encantada com os presentes que ganhou.
Presentes
Cada criança recebeu um pacote de presente com seu próprio nome e tinha não só um, mas vários presentes dentro. Desde jogos de cartas, carrinhos e bonecas a chinelos exatamente do seu número. E não foram só as que estão no quarto que foram agraciadas. Os pequenos da UTI também receberam seus pacotinhos direto das mãos do “Papai Noel”.
Enquanto as crianças ganhavam presentes, era com lágrimas nos olhos e gratidão nos lábios que as mães recebiam uma cartinha “de alguém que não a conhece, mas está torcendo pela recuperação de vocês”, como os próprios voluntários afirmavam ao fazer a entrega.
Trabalho voluntário
Valéria Gomide é voluntária há 20 anos, mas acompanha a Associação Griots há dois. “O trabalho voluntário faz bem para a alma, me dá alegria”, conta. Acostumada a visitar outros hospitais, foi a primeira vez de Valéria no HMMG. “Há um ano passei por uma cirurgia aqui e fui muito bem tratada. É como se eu estivesse retribuindo. O meu Natal é dar amor e carinho para pessoas que estão nessa situação”, afirma a voluntária, que disse ainda que cada dia desta semana visitou um hospital diferente para levar um pouco de alegria aos pacientes.
Elisa Toledo Baldi, chefe da enfermagem da pediatria, afirma que todo tipo de trabalho voluntário é importante, principalmente ali com as crianças – seja contando histórias, sejam os palhaços brincando ou a visita dos cães terapeutas. Tudo influencia no tratamento, pois ajuda a criança a entender que hospital não é lugar só de receber remédio e injeção. “Os colaboradores proporcionam um ambiente mais humano e receptivo, tanto para as crianças quanto para as mães, que se sentem mais acolhidas”, afirma a enfermeira. Ela ainda conta a história de um menino que ficou internado há um tempo e era muito resistente ao tratamento. “Depois que a colaboradora conversou com ele, percebemos que ficou mais animado, flexível e receptível ao tratamento.”
A visita durou cerca de duas horas e ao final o clima era notoriamente mais leve entre os pacientes. Já para os voluntários, não foi tão simples assim. Em dois momentos eles precisaram fazer uma pausa para se recompor. “Com cada um deles fica um pedacinho de mim. Haja coração”, dizia J.B. Bellini, o “Papai Noel”.
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