Serviço de Atendimento Domiciliar de Campinas é tema de livro

27/12/2012

Autor: Amanda Romero

O SAD (Serviço de Atendimento Domiciliar) de Campinas é o tema do livro "Eles não quiseram o Hospital" da jornalista Gláucia Franchini. Responsável por cerca de 400 atendimentos sistemáticos em domicilio, o programa defende a desospitalização e alta assistida, procurando oferecer qualidade de vida e humanizar pacientes críticos, crônicos e terminais, que precisam de cuidados paliativos.

O livro foi feito para o trabalho de conclusão de curso da jornalista através da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Ela conheceu o SAD por indicação de seu professor orientador, Carlos Alberto Zanotti, que teve uma pessoa da família assistida por profissionais desse serviço e se identificou com a proposta.

"Eu e minha mãe fomos cuidadoras da minha vó, e vimos que toda a atenção, da maioria dos serviços, era voltada para o doente terminal. Nesse processo o cuidador se anula, mas ele também precisa de cuidados. o SAD também olha para o cuidador", afirma Gláucia.

O Serviço procura qualificar a assistência em casa para diminuir as internações. "A gente trabalha na lógica de capacitar a família ao próprio doente em relação aos cuidados. Para que os familiares saibam como cuidar. É essencial esse tripé entre o SAD, o paciente e o cuidador, sem qualquer deles o banquinho não fica em pé e não temos êxito em relação aos cuidados.", conta a coordenadora geral do SAD, Monica Macedo Nunes.

Durante três meses, Gláucia acompanhou uma equipe do Serviço de Assistência Domiciliar em campo para conhecer o trabalho realizado e encontrar histórias de cuidadores e pacientes. Ela saía de Kombi junto com os profissionais para as visitas, com seu diário de campo e gravador em mãos.

"A equipe do SAD também me chamou muito a atenção. Teve uma conversa com um dos enfermeiros, que já havia trabalhado no Hospital Mário Gatti, que me marcou. Ele comparou que antes tratava doentes, mas que agora cuida de pessoas", relembra a jornalista Gláucia.

O livro dá ênfase à figura dos cuidadores, mas em seu desenrolar vai caminhar por outras partes essenciais no processo de desospitalização, como os profissionais e pacientes envolvidos. A jornalista dá espaço, ainda, a discussões éticas em sua narração, falando da lei que obriga assistências particulares de saúde a terem plano domiciliar e da decisão do Conselho Regional de Medicina, que permite o doente optar por ser cuidado em casa ou em hospitais. Ela lembra ao leitor que a desospitalização desonera custos para o SUS, liberando leitos ao disponibilizar cuidados domiciliares.

SAD

O serviço atende a cerca de 300 pacientes dependentes de oxigeno terapia domiciliar e é responsável por 400 atendimentos sistemáticos a domicílio. "Isso quer dizer que sem o SAD, tinham que existir mais 400 leitos de atendimentos em hospitais. Esse número teve um aumento porque, agora, estamos conseguindo estabelecer um diálogo também com os pacientes que tem entrada nos Pontos Atendimentos", conta a coordenadora Monica.

Sendo composto por quatro equipes de mínima atenção domiciliar e três equipes multiprofissionais, que atuam nas regiões Sul, Sudeste, Noroeste e Leste/Norte. Formadas por diversos profissionais, entre eles, médico, enfermeiro, auxiliar e técnico de enfermagem, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo, assistente social, terapeuta ocupacional e dentista.

A Coordenadora do SAD, Monica, foi um dos personagens essenciais que possibilitou a criação do serviço. Envolvida desde 1994, época em que o projeto piloto foi implementado, ela participava dos atendimentos que abrangiam apenas áreas próximas ao Centro de Saúde Ipaussurama.

Em 2004, dez anos após o surgimento do projeto, o SAD (na época o nome era SAID - Serviço de Assistência e Internação Domiciliar) conseguiu ampliar sua área de atendimento, abrangendo todo o município. Em outubro do ano passado foi, finalmente, criada uma portaria de atendimento do SUS, que permite o repasse de verbas do Ministério da Saúde exclusivamente para essa área.

Um dos desafios que o serviço enfrenta diariamente é o reconhecimento do domicilio como lugar de atendimento. Nesse caso, não é o paciente que tem que se adaptar as normas do consultório e, sim a equipe pedir licença para entrar nas casas e conciliar o atendimento ao ambiente familiar. "O atendimento é feito de forma compartilhada, de fato. Respeitamos a dinâmica, condição e rotina da família", afirma Monica.

O livro da jornalista Glaucia está disponível gratuitamente no link abaixo.

http://www.slideshare.net/Glauciafranchini/les-no-quiseram-o-hospital

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