4.5.2.
Coleta de dados clínicos e epidemiológicos: por
se tratar de doença erradicada,
com pouca probabilidade de ocorrência, a história epidemiológica é
importantíssima, para
fundamentar a suspeita diagnóstica de varíola. Assim, torna-se da
maior importância entrevistar o médico que atendeu o paciente; se
existe alguma evidência
nacional ou internacional de transmissão intencional, ou se for o caso
se o paciente é
procedente de alguma região do mundo de reativação de "foco da
doença".
Como, em
geral, quando se suspeita de varíola os doentes são hospitalizados,
deve-se consultar o
prontuário, além da entrevista ao médico assistente, visando
completar as
informações clínicas e epidemiológicas sobre o paciente. Essas
informações servirão
para definir se o quadro apresentado é compatível com a doença.
Cuidar para que a
identificação e o endereço do paciente sejam preservados.
Sugere-se
que se faça uma cópia da anamnese, exame físico e da evolução do
doente, com vistas ao
enriquecimento das análises, e também para que possam servir
como instrumento de aprendizagem dos profissionais do nível local.
Acompanhar
a evolução dos pacientes e os resultados dos exames laboratoriais
específicos.
•
Para identificação da área de transmissão
Investigar
minuciosamente
-
Procedência e deslocamentos do caso, de familiares e/ou de amigos
(considerar todos aqueles
que antecederam aos dias do início dos sintomas,
inclusive os de curta duração), para caracterizar se houve permanência
em local de provável circulação viral.
-
Notícias de casos de varicela naquele período, para se estabelecer o
diagnóstico diferencial,
bem como averiguar esta ocorrência em anos anteriores.
Estes
procedimentos devem ser feitos, mediante entrevista com o paciente,
familiares ou
responsáveis, bem como com pessoas chaves da comunidade. Tais
dados, que serão anotados na ficha de investigação e folhas anexas,
permitirão identificar o
provável local de transmissão do vírus. Por
se tratar de doença com alto poder de disseminação, caso tenha
fundamento a
suspeita diagnóstica, cabe verificar rápida e imediatamente a
história dos deslocamentos,
de todos os casos suspeitos. Deste modo, definir-se-á com maior grau
de certeza o(s) local(is) provável (eis) de infecção, como também a
abrangência da
circulação do vírus. Importante observar que, mesmo permanências
de poucas horas com
pacientes com suspeita de varíola, ou mesmo locais com fômites
de doentes, podem resultar em infecção.
• Para
determinação da extensão da área de transmissão
Busca
ativa de casos humanos
- Após a
identificação do possível local de transmissão, iniciar
imediatamente busca
ativa de outros casos humanos, casa a casa, e em unidades de
saúde. Além daqueles com sinais e sintomas evidentes de
varíola/varicela, deve-se considerar os óbitos com quadro sugestivo da
doença, ocorridos
nos dias anteriores na comunidade, e os oligosintomáticos, inclusive
todos os indivíduos da área que apresentarem febre (vigilância
de casos exantemáticos),
com ou sem outras manifestações clínicas, pois
os resultados dos exames laboratoriais irão esclarecer o diagnóstico.
- Tanto em
área urbana como rural, o procedimento é o mesmo e a delimitação
da busca baseia-se nos resultados da busca ativa e história epidemiológica
dos primeiros casos.