Vigilância em Saúde

BALANÇO EPIDEMIOLÓGICO DAS DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA, 2001

 ...Alguns dados e comentários rápidos, para qualquer roda...

DENGUE

A transmissão de dengue nesse ano ocorreu praticamente em todos os meses, inclusive em julho, agosto, setembro, quando o clima está mais frio, e então, não se espera ocorrência de casos. A epidemia iniciada em janeiro, evoluiu de forma lenta e progressiva, com o pico no mês de abril (195 casos). O coeficiente de incidência verificado em Campinas (445 casos, coef. incid. de 45,99 casos por 100.000 hab.) foi bem menor comparado com outros municípios do Estado de São Paulo que também tiveram transmissão autóctone.

Alguns exemplos:

 Santos: 11.282 casos, coeficiente de incidência de 2700,52 casos por 100.000 hab.

 Barretos: 3045 casos, coeficiente de incidência de 2933,78 por 100.000 hab.

             Sumaré: 154 casos, coeficiente de incidência de 78,80 por 100.000 hab

             Limeira: 704 casos, coeficiente de incidência de 283,63 por 100.000 hab

A suspeição de casos foi maior nesse ano que nos anteriores, em todos os meses inclusive, o que pode ter possibilitado a descoberta dos casos nos meses mais frios. No entanto, essa transmissão contínua pode indicar endemização da doença.

 

MENINGITES

            Doença meningocócica – Esse ano foram notificados 25 casos, sendo 10 do sorogrupo B, 5 do sorogrupo C, 1 do sorogrupo Y, e 9 casos estão como sorogrupo ignorado no SINAN. Observamos uma redução de casos a cada ano, desde 1997. Em 2000, verifica-se uma tendência de aumento do sorogrupo C, quando foram notificados 15 casos por esse sorogrupo e 16 pelo sorogrupo B. Em 1999 foram 20 casos do B, e somente 2 pelo C. Essa tendência não se confirmou em 2001. Coloca-se uma questão: os casos de doença meningocócica estão sub-notificados? Já era esperado um aumento de casos pelo sorogrupo C, uma vez que a imunidade pela vacina (que foi aplicada em 1996) tem duração em torno de 4 anos.

A letalidade em 2001 está em 16%.

            Meningites de outras Etiologias

Etiologia

No de Casos

Letalidade (%)

Tuberculosa

2

0

Bacteriana não especificada

97

3

Não especificada

6

17

Viral

259

1

Outra Etiologia

30

27

Por Hemófilos

3

33

Por Pneumococo

14

21

FEBRE MACULOSA

            Foram confirmados 4 casos (um óbito) esse ano, sendo um deles com local provável de infecção na área urbana (no Parque Hermógenes Leitão Filho ou arredores, localizado ao lado do Campus da Unicamp). Essa ocorrência é diferente do padrão observado habitualmente, quando a origem de infecção é na área rural.

Nesse segundo semestre ocorreram 4 óbitos com suspeita clínica, entre outros agravos, de febre maculosa, no entanto, os resultados dos exames feitos até o momento estão negativos, apontando talvez para uma confirmação de leptospirose, para pelo menos para dois dos óbitos, pelo critério  clínico/epidemiológico. 

 

LEPTOSPIROSE

            O número de casos confirmados notificados desse ano foi igual ao do ano passado (28 casos em 2001 e 27 casos em 2000). Em 2001 observou-se o padrão sazonal esperado, com o maior número de casos notificados de janeiro até março (18 casos). A letalidade foi de 14%. (não estão incluídos aqui os óbitos relatados no parágrafo da febre maculosa).

 

RAIVA

            Desde 2000 iniciou-se em Campinas, em Joaquim Egídio, uma epizootia de raiva em herbívoros, seguindo a tendência observada de expansão geográfica da transmissão, iniciada na região de Campinas, nos municípios que fazem divisa com Minas Gerais e São Sebastião dos Campos. Esse ano o número de casos manteve-se semelhante em nosso município, no entanto, outras áreas foram atingidas; a epizootia deslocou-se para Souzas e área rural do Taquaral. Esse fato evidencia a circulação do vírus rábico aumentando a possibilidade de raiva humana. A cobertura vacinal em cães e gatos, na campanha desse ano, atingiu a meta esperada, estipulada pelo Instituto Pasteur, ou seja, a meta era de 83,3% e nossa cobertura foi de 83,4% (cálculos e dados fornecidos pela DIR XII-Campinas).

 

            Atendimento anti-rábico humano: nesse ano estão registrados (digitados no SINAN) 2828 atendimentos, no ano passado foram 4192 e em 1999, 4520. Essa diminuição verificada em 2001 pode indicar problemas na digitação ou no envio das fichas para os Distritos de Saúde.

 

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS

            SURTOS:

            Esse ano houve muito empenho em treinamentos e, consequentemente,  um avanço na investigação e notificação desses surtos, que até o ano passado eram pontuais e com registros insuficientes.

            Investigamos 17 surtos, envolvendo 430 pessoas.

            - confirmados por critério laboratorial: 06 surtos (35%) – 3 deles por Salmonella enteritidis, 2 por B. cereus e  por Salmonella Sandiego

            - confirmados por critério clínico epidemiológico – 07 surtos (41%)

- em investigação: 04 surtos (23,5%)

Os locais de ocorrência foram: cozinha industrial, restaurante, lanchonete, domicílio, presídio

           

CASOS:

            A confirmação de dois casos de diarréia pela E. colli 0:157:H7 foi inusitada. Sua circulação é endêmica na Argentina e nos Estados Unidos, pelo consumo de carne, principalmente nos “fast foods”. No Brasil, essa bactéria só havia sido isolada em água de poço de um bairro periférico em São Paulo.

            Os casos identificados em Campinas, ocorreram em uma criança e em um adulto jovem. Evoluíram bem, sem seqüelas. Não foi possível estabelecer vínculo entre os casos e nem a fonte provável de infecção. Uma equipe do CVE nos auxiliou na investigação e nas entrevistas retrospectivas.

            Depois desses casos, nenhum outro foi confirmado.

 

HANSENÍASE e TUBERCULOSE

            Estaremos divulgando boletins específicos desses agravos no primeiro trimestre de 2002. Aguardem...

            Por enquanto, o “Dados na Roda” de tuberculose demonstrou uma pequena tendência de queda na incidência de casos novos nos últimos três anos, o que não significa necessariamente uma melhoria na incidência da doença, pois alguns dados sugerem que há uma diminuição de diagnóstico (é necessário uma melhor avaliação) e a “captação” de casos pelas Unidades Básicas não está satisfatória. Observamos também  uma melhoria nas taxas de cura e diminuição das taxas de abandono. O percentual de pacientes em tratamento supervisionado aumentou significativamente, de 9,32% em 1999 para 21,16% em 2000.

            Para hanseníase temos para um coeficiente de incidência de 0.76/10.000 habitantes e um coeficiente de prevalência de 1.68/10.000 (dados preliminares até 21/12). Durante este ano foi realizado capacitação teórica e prática para  técnicos da rede básica, objetivando o diagnóstico precoce e o atendimento/acompanhamento do paciente em todos os centros de saúde.

 

ESQUISTOSSOMOSE

            A ocorrência mais importante de casos autóctones está sendo na área de abrangência do CS São Domingos, nos últimos três anos. Em 2001, estão notificados no SINAN, 72 casos de esquistossomose na área do São Domingos; o segundo local com maior número de casos é a área de abrangência do CS Florence (14 casos). A equipe do CS São Domingos e do Distrito Sul estão desenvolvendo ações de controle na região, porém, será necessário um acompanhamento mais próximo pela CoViSA e maior  articulação com a SUCEN.

 

MORTE MATERNA

            Foi criado o Comitê Municipal de Vigilância Epidemiológica da Morte Materna e Infantil, em Decreto Municipal n° 13.768 de 09 de novembro de 2001, embora o comitê já viesse desenvolvendo seus trabalhos anteriormente. Foram 19 casos notificados de ocorrência em Campinas:

-         04 investigados (1 morte inevitável, 1 inconclusiva, 2 evitáveis)

-         01 não encontrado

-         14 em investigação

 

Obs:  os dados são provisórios, sujeitos à correção e revisão.           

CoViSA, 26 de dezembro de 2001

Agravos Notificados - 2000 Agravos Notificados - 2001

Página atualizada em Janeiro / 2002