Plenária Municipal de Saúde

4.2. O trabalho na saúde

Obstáculos e Desafios

4.2.1. Desde a implantação do SUS e principalmente nos últimos oito anos, estabeleceram-se relações precárias de trabalho, que burlam o valor social do servidor público como agente do Estado Democrático para a proteção social da população, assim como os direitos conquistados pelos trabalhadores na Constituição de 88.  

4.2.2. Cabem ao MS – quanto à gestão e à regulação do trabalho em saúde, nas três esferas, – a proposição e a formulação de incentivos, acompanhamento e execução de políticas de gestão, planejamento e regulação; a negociação do trabalho em saúde junto aos segmentos do governo e dos trabalhadores; envolvendo não só o setor público, mas também o privado que compões o SUS.  

4.2.3. Existe uma inadequação entre a formação dos trabalhadores na área da saúde - tanto técnica, como de graduação e pós-graduação – e as necessidades de saúde da população e de organização do SUS. Além do enfoque do ensino ser biologicista, centrado em procedimentos e hospitalocêntrico, não existe um processo de educação permanente dos trabalhadores, e nem mesmo o entendimento de que todo serviço de saúde é e deve ser local de ensino.

4.2.4. Os novos enfoques teóricos e de produção tecnológica no campo da saúde passaram a exigir novos perfis profissionais, por isso, tornou-se imprescindível e obrigatório o comprometimento das instituições de ensino em todos os níveis, desde o ensino fundamental, com o SUS.

4.2.5. As diretrizes curriculares devem contemplar as prioridades expressas pelo perfil epidemiológico e demográfico do País e das microrregiões e a implementação de política de capacitação de docentes orientada para o SUS.

4.2.6. A formação de gestores deve estar voltada para a capacidade de superar os atuais paradigmas de gestão.

4.2.7. Cabe ao MS a proposição e formulação das políticas relativas à Educação Permanente em Saúde, para todos os níveis de escolaridade, inclusive a participação na educação de profissionais de outras áreas e a educação para a mudança na realidade dos serviços de saúde.  

4.2.8. Tal política deve levar em conta a relação entre educação e trabalho, a mudança na formação e a produção de conhecimento. A estratégia da Educação Permanente visa a recomposição das práticas de atenção, de gestão, de ensino e de controle social na saúde.  

4.2.9. A Educação Permanente deve incluir, além da clínica e da gestão, também o trabalho em equipes transdisciplinares e o trabalho intersetorial, para garantir os princípios e diretrizes do SUS.  

4.2.10. O dispositivo principal para a implementação dessa política é a constituição dos Pólos de Educação Permanente em Saúde, como os espaços de articulação entre gestores das três esferas, universidades, escolas técnicas, centros formadores, núcleos de saúde coletiva, hospitais universitários, entidades profissionais, Conselhos de Saúde, movimento estudantil e movimento social que trabalha com saúde. Seu desafio é implementar a educação permanente a partir das necessidades de saúde da população.

 

Anterior Índice Próximo